quarta-feira, 22 de abril de 2009

Existencialismo e Educação

PUCMG - UNIDADE SÃO GABRIEL
Psicologia - 7º período - manhã
1º Semestre/2009

Giane Alves de Melo e Assis Cunha
Luciana Maria Cezário Coelho
Maria da Piedade Cortes Rodrigues









Existencialismo e Educação





Trabalho elaborado para preparação de Seminário, solicitado na disciplina Psicologia e Educação, ministrada pela professora Mariana Sobreira Maciel, no 7º período do curso de Psicologia, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.






Belo Horizonte
Março 2009
































Nossos sinceros agradecimentos à professora Maria Madalena Magnabosco que se dispôs de muito boa vontade em nos auxiliar no Seminário sobre o Existencialismo e a Educação.

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
(Cora Coralina)

























"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
(João Guimarães Rosa)
1. Introdução

Na concepção existencialista, o ser humano é consciência ativa e, portanto, construtor da realidade. Conseqüentemente, o ser humano é definido como um ser histórico e social, e o que o define enquanto tal é a reflexão do histórico-social como memória pessoal. Cada animal é sempre um primeiro animal, mas cada ser humano é seu meio histórico e social, e é, ademais, a reflexão e a contribuição à transformação ou inércia desse meio. Portanto, o ser humano é acima de tudo, um construtor; e é a intencionalidade humana o que move o mundo, que o transforma.
Já não se pode sustentar uma educação cuja concepção do ser humano seja a de um ser passivo, mero receptor ou reflexo de uma suposta “ordem natural” ou “condições objetivas” que o determinam mecanicamente. Mas hoje é claro que a educação vê o aluno ou “educando” como um sujeito passivo, receptor de conteúdos que lhe vão entregando. Menos evidente é que o educador também é visto como um sujeito passivo, que simplesmente deve resumir-se a aplicar planos e programas que têm sido desenvolvidos por funcionários da ordem e poder estabelecidos. Há uma concepção de paradigmas antigos, onde os conhecimentos passados são objetos externos ao sujeito. Os conhecimentos e a informação deveriam ser algo que se adquire porque outra pessoa o transmite, ou porque se busca e se adquire tal qual se entregue pela fonte que os origina. Nessa idéia, o conhecimento estaria fora do sujeito e este deveria ir buscá-lo. O conhecimento mais que um objeto externo, se constrói internamente.
Um dos objetivos deste trabalho é abordar os principais representantes do Existencialismo, enfatizando a contribuição de cada um para a educação e críticas que ajudam na construção de novas estratégias de aprendizagem e em sua aplicação prática na área educacional.
Os representantes do Existencialismo, Hegel, Sartre, Carl Rogers, Heidegger, Victor Frankl, Paulo Freire, Rubem Alves, dentre outros, afirmam que a educação verdadeira é aquela que possibilita o homem a construção de sua essência a partir da liberdade.
A educação deve transformar o homem em ser autêntico, e não em apenas mais um no “rebanho”. Portanto a educação como impositora de normas para a reprodução do sistema, não serve para o Existencialismo, pois transforma o homem em inautêntico já que o ensina a respeitar a moral da aceitação e da submissão.

2. A Educação pela Ótica de Alguns Representantes do Existencialismo

Na filosofia de Hegel, a educação é um tema fundamental. O conceito de educação em Hegel compreende em buscar reconciliar os extremos o tempo todo. Por isso, o absoluto passa necessariamente pela história e esta se encontra fundada em sua transcendência, isto é, no vir a ser. O divino obtém consistência por ser a essência do homem e da natureza. Ser como essência do outro é o que garante a realidade do eu.
Com respeito à educação, Heidegger a entende, não como um depósito de conhecimentos, mas como o aprender a apreender. Entendendo o aprender como o de um matemata (algo que pode ser aprendido), a educação, em vista do processo de ensino/aprendizagem, é aquilo que desenvolve meios para que, a partir de sucessivas aproximações à matéria, o discente aprenda a se conduzir no ato de conhecimento. Uma vez sabendo o modo de sua abordagem, é possível fazer conhecido o que era desconhecido e desafiador, compreendendo-o e, até mesmo, conduzindo outros autenticamente à mesma compreensão. O ensinar/aprender é, então, pensado como a descoberta e a consecutiva construção do conhecimento e não mais uma instrução. Empenhado em aprender, o discente é aquele que vê, remontada na tarefa do estudar, a própria existência. Pois, o aprender, bem como o existir, é a situação instável na qual ele sempre e a cada vez conquista seu mundo. Daí, o aprender estar associado ao risco existencial de ser ou não ser; e ao empenho de continuar sendo; da busca, nesse modo de existir, de algo que lhe seria próprio; de todos seus riscos, ao contrário do solo capaz de ser apontado seguro. Nesses termos, também na relação de aprendizagem, seria necessário o destemor para constatarmos que: “Nada somos; tudo é o que procuramos”.
A filosofia de Jean Paul Sartre é conhecida pela ênfase no indivíduo e na intransigente defesa da liberdade individual. O filosofo existencialista via a resistência como a qualidade que torna a liberdade possível. Segundo este filósofo, é o Outro que me torna um ser humano, sendo que este não é apenas um ser-para-si, mas, um ser-para-o-outro. Sartre defendia uma educação mais individualista, dialógica, libertária, com maior percepção social e mais zelosa com relação às necessidades e afirmação do individuo. Estas concepções nos fazem refletir sobre a autenticidade provocada pela forma de abordar a educação. Considerando que a autenticidade requer que estejamos plenamente conscientes de nosso ser-para-o-outro e que o aceitemos, mas não o podemos fazer sem o auxílio do Outro.
O autor Viktor E. Frankl produziu uma teoria chamada logoterapia. Inicialmente, a logoterapia esteve voltada à psicoterapia através do sentido da vida, porém seus postulados tomaram proporções maiores sendo utilizados em outros campos de conhecimento, como por exemplo, a Educação. Frankl escreveu mais de trinta e dois livros, sendo possível extrair de suas obras fundamentos educacionais que têm como suportes filosóficos a fenomenologia, o existencialismo e o humanismo existencial. Segundo o autor, a existência humana vacila, desmorona se não for vivida no cotidiano com sentido e com qualidade de auto-transcendência.
Na concepção de Carl Rogers, a aprendizagem deve ser significativa, o que acontece mais facilmente quando as situações são percebidas como problemáticas, portanto pode-se dizer que só se aprende aquilo que é necessário, não se pode ensinar diretamente a nenhuma pessoa.
Para Paulo Freire, o conhecimento não é algo passado de alguém que sabe tudo para alguém que está para aprender, mas algo que acontece do relacionamento do homem com o ambiente em que vive e mudando a própria história. Uma relação de troca cultural, pois aquele que aprende, transforma o mundo e a si mesmo.
O educar permite ao homem a construir sua trajetória, libertando-o do determinismo. Tendo em vista, a importância de considerar a história, o lugar individual e o coletivo, tais considerações facilitam ao educando dar significados reais às palavras. Não são apenas meras palavras, já que proporcionarão uma comunicação de aprendizagem entre os seres que constituem alma, desejo e sentimento.
Paulo Freire percebe o homem como um ser autônomo por ter a capacidade de transformar o mundo e sua história nesse mundo.
A educação caracterizada por este autor, é algo correspondente ao que ele chama de intencionalidade, ou seja, a capacidade do homem em extrair do mundo coisas que podem contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento.
Na perspectiva de Rubem Alves, o estudo é focado mais nas reflexões acerca da verdadeira função da escola (problemática apontada pelo Existencialismo) do que na forma como se dá a aprendizagem em si.

3. Existencialismo e Educação

Em Hegel a educação é o meio pelo qual o homem supera o estado de natureza o qual não pode perder de vista porque é a referência para a superação. O homem existe entre a determinação do natural e a indeterminação do espírito. A natureza está marcada pelo dever ser enquanto o homem situa-se no poder ser. A educação potencializa a dinamicidade do espírito frente à natureza que deve ser objeto de ruptura para o homem. Este deve impor limites à natureza para assim contribuir também para a transcendência da mesma.
No contexto educacional, “uma boa base na filosofia sartreana poderia possibilitar que o educador dê às crianças a assistência de que precisam para tratar de maneira positiva os dilemas existenciais com os quais necessariamente se defrontarão” (BURSTOW, 2000).
Carl Rogers utiliza um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade, Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se auto-dirija, ou seja, “caminhe com suas próprias pernas”. Rogers propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento. Uma das idéias mais importantes na obra de Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela.
A educação caracterizada por Paulo Freire é algo correspondente ao que ele chama de intencionalidade, ou seja, a capacidade do homem em extrair do mundo coisas que podem contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento.

3.1. Críticas à Educação e a Algumas Teorias Existencialistas Aplicadas à Educação

A concepção Hegel no ponto de vista da educação precisa ser tomada em seu contexto de origem, ou seja, é preciso reconhecer as limitações presentes nas posturas assumidas pelo próprio Hegel. Os desafios postos pela metodologia dialética em Hegel, pelas suas características de atualidade estão diretamente ligados a relação com o mundo através do trabalho; a relação entre o indivíduo e a sociedade como elemento formador; a formação humanista e a modernidade e a valorização do rigor e do conteúdo podem constituir aspectos que apresentem pertinência para o presente.
Benhamida afirma que no universo sartreano não há crianças, mas Sartre via a infância como a fase do impulso inicial e os primeiros anos como o período em que se faz a escolha fundamental.
A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica, sua teoria é idealista, da corrente também denominada de romântica, irrealizável para seus críticos. Porém, na obra rogeriana são notáveis os seguintes aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto e a preparação da opinião pública para as mudanças possíveis.
De acordo com Rubem Alves, em muitos casos, a tarefa de educar é vista como uma imposição, instigando a formação de seres passivos, que apenas repetem fórmulas e conceitos, ao passo que deveria estimular a formação de pensadores, de pessoas autônomas, que sentem prazer em estudar, objetivando um futuro promissor.

3.2. Aplicação da Teoria Existencialista à Educação em Conformidade com Alguns Representantes Existencialistas

O conceito de educação tradicional está sendo rapidamente superado pela História. A educação, em tal caso, torna-se cada vez mais vazia de sentido. Se entendemos a educação com uma finalidade de instrução e transmissão de conhecimento, sua obsolescência é evidente ao existir meios muito mais eficazes e amplos de se ter acesso à informação como, por exemplo, as bibliotecas audiovisuais, as bases de dados, as redes informáticas, etc.
Para Hegel a escola é uma particularidade do absoluto que aparece na totalidade da história humana, porém toda parte constrói a totalidade ainda que não o queira. A missão da escola é a de ser mediação entre a família e o mundo e isto implica na preparação para a vida pública. A família já é o convívio entre diferentes, mas, na sociedade, os laços que unem as diferenças superam as determinações particulares pelos elos da razão e do espírito.
Segundo a perspectiva sartreana, a facticidade existe. Entretanto, Sartre vê tudo isso como interagindo e condicionando-se com essa liberdade original que é o individuo. Vê o educador obrigado a respeitar e até estimular essa liberdade. Defende uma educação intrinsecamente ligada às necessidades do indivíduo.
Carl Rogers enfatiza que na educação a função do professor é desenvolver uma relação pessoal com seus alunos e estabelecer nas aulas a realização de clima natural dessas tendências. Portanto o professor é um facilitador da aprendizagem significativa, fazendo parte do grupo e não estando colocado acima dele, este também é um dos pressupostos básicos da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto interacional da situação de aprendizagem, visando às relações interpessoais e intergrupais.
O professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem, não havendo avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; implica em uma filosofia democrática, organização pedagógica flexível é por meio de atos que se adquirem aprendizagens mais significativas, sendo uma contínua abertura à experiência e à incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.
Em seus textos “Gaiola e asas” e “As tarefas da educação”, utilizando uma linguagem poética, Rubem Alves busca compreender e alertar a respeito da forma como a escola aborda a educação. Ele aponta os paradigmas encontrados na relação professor/aluno.

4. Considerações Finais

Para o Existencialismo a essência humana se constrói na existência concreta. O homem nasce sem essência, e somente depois, a partir de sua existência, irá construir sua essência como homem. Contudo, a educação não deve levar o homem, pois ele deverá conduzir-se. A educação então deverá lhe abrir a possibilidade, talvez lhe mostrar o caminho. E isto só é possível através de uma educação libertadora em todos os sentidos.
Muito se tem escrito sobre a perspectiva existencial em educação. Os principais autores são: Becker, Brown, Drews, Eble, Leeper, Leornard, Neill e Raths. Para esses autores o conceito de psicologia existencial em educação significa: "... educação que enfatiza a pessoa, suas potencialidades e individuação, sua auto-realização, sua descoberta de significado de vida”.(GREENING, 149). Rollo May expõe haver a necessidade de adaptar o sistema educacional ao contexto mundial. Hoje o que temos como contexto mundial é: uma crescente densidade populacional, um elevado nível de tecnologia e industrialização e a constante destruição da natureza. Com isso, temos que a adaptação que se necessita fazer na educação, no atual momento, é criar no indivíduo uma consciência, para que ele seja capaz de realizar suas próprias escolhas e que ele tem liberdade para fazê-las e se responsabilizar por tais escolhas.
A atual educação concebe o ser humano como ser racional, atribuindo à função intelectual maior preponderância sobre as funções emotivas e motrizes. Devido a essa concepção, o que se transmite é somente instrução, informação e/ou dados.
Para finalizar, pode-se constatar que um problema exposto por essa corrente é que a educação como criadora de consciência possui uma difícil tarefa que é reexaminar como fomos conduzidos até o atual momento e como podemos mudá-lo.


5. Referências

AGUILAR, Mario A. e BIZE, Rebeca B.“Geração De Educadores Pela Mudança E Pela Diversidade”. Santiago De Chile, março/98.

ALVES, Rubem. Gaiolas e asas. Folha de S. Paulo, Tendências e debates, 05/12/2001 Disponível em: http://www.rubemalves.com.br/gaiolaseasas.htm

BURSTOW, Bonnie: A filosofia sartreana como fundamento da educação. Educação e Sociedade vol.21, n.70: Campinas Apr.2000 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73302000000100007&script=sci_arttext

CENTRO DE REFERÊNCIA EDUCACIONAL. Artigo sobre Carl Rogers e Educação. Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/carl.html

MADEIRA, Allen W. Allen W. Wood. Hegel sobre a educação, Amélie O. Rorty (ed.) como filosofia da educação. London:Routledge, 1998.
MATURANA, Humberto. Artigo «Educar para colaborar ou para competir « Revista de Pedagogia, pág, 133; 1997)
Disponível em: http://www.geocities.com/eduriedades/rollomay.html, pesquisado em 10/03/09.
Disponível em: http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/32042562.html, pesquisado em 10/03/09.
Convidada especial: Maria Madalena Magnabosco, professora do FEAD – Centro de Gestão Empreendedora, onde ministra as disciplinas de Metodologia Científica, Metodologia Científica II, Metodologia de pesquisa em psicologia do trânsito, Estágio Supervisionado Básico II, Psicologia do Desenvolvimento-Adolescência e Psicologia Social II. (e-mail: maria.magnabosco@terra.com.br)

Humanismo e Educação

ABORDAGEM HUMANISTA E SUA PRESENÇA NO CAMPO EDUCACIONAL
I. HUMANISMO
Na década de 1950, o campo da Psicologia, particularmente na América do Norte, foi dominado pela psicanálise e pelo behaviorismo. Os profissionais dedicados à clinica preferiram a psicanálise, enquanto os pesquisadores experimentais tendiam a seguir os preceitos do behaviorismo. Mas, nem todos os psicólogos se sentiam a vontade com as abordagem existentes. Alguns achavam o behaviorismo muito limitado, porque se concentrava em respostas especificas, ignorando a pessoa como um todo. Outros achavam a psicanálise excessivamente rígida e muito pessimista.
Destas preocupações surgiu a abordagem humanista, lembrando que alguns pioneiros desta abordagem eram de início, psicanalistas. A abordagem humanista abarca vários teóricos, que aplicaram outros rótulos ás suas perspectivas teóricas, tais como psicologia “existencial” ou “fenomenológica” . É considerada a 3ª força na psicologia.
A. Duas suposições que são básicas na abordagem humanista:
1. A crença de que o comportamento deve ser entendido em termos da experiência subjetiva do individuo. Se você deseja entender o comportamento, declaram os humanistas, precisa entender a pessoa que está produzindo o comportamento – incluindo a maneira como a pessoa enxerga o mundo – ponto de vista fenomenológico.
2. O comportamento não é restrito à sua experiência passada ou ás circunstâncias atuais. Ou seja, o modo como agimos não é simplesmente uma resposta a um estimulo imediato (behaviorismo) , nem apenas determinado pelos eventos anteriores (psicanálise).

B. CARL ROGERS – o mais importante teórico humanista: nasceu em Chicago em 1902. Formado em História e Psicologia, aplicou à Educação princípios da Psicologia Clínica, foi psicoterapeuta por mais de 30 anos.
No Brasil suas idéias tiveram difusão na década de 70, em confronto direto com as idéias Comportamentalistas (behaviorismo).
Rogers é considerado um representante da corrente humanista, não diretiva, em educação. Ele concebe o ser humano como fundamentalmente bom e curioso, que, porém, precisa de ajuda para poder evoluir. Eis a razão da necessidade de técnicas de intervenção facilitadoras.
O rogerianismo na educação aparece como um movimento complexo que implica uma filosofia da educação, uma teoria da aprendizagem, uma prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação política - no sentido de que, para desenvolver-se uma educação centrada na pessoa, é preciso que as estruturas da instituição - escola- mudem.

II. Implicações do Humanismo no domínio da Educação
 Necessidade de a aprendizagem ser significativa, o que acontece mais facilmente quando as situações são percebidas como problemáticas, portanto pode-se dizer que só se aprende aquilo que é necessário, não se pode ensinar diretamente a nenhuma pessoa;
 Autenticidade do professor, isto é, a aprendizagem pode ser facilitada se ele for congruente. Isso implica que o professor tenha uma consciência plena das atitudes que assume, sentindo-se receptivo perante seus sentimentos reais, tornando-se uma pessoa real na relação com seus alunos;
 Aceitação e compreensão: a aprendizagem significativa é possível se o professor for capaz de aceitar o aluno tal como ele é, compreendendo os sentimentos que este manifesta, pois a aprendizagem autêntica é baseada na aceitação incondicional do outro;
 Tendência dos alunos para se afirmarem, isto é , os estudantes que estão em contato real com os problemas da vida, procuram aprender, desejam crescer e descobrir, querem criar, o que, pressupõe uma confiança básica na pessoa, no seu próprio crescimento;
 A função do professor consistiria no desenvolvimento de uma relação pessoal com seus alunos e de o estabelecimento de um clima nas aulas que possibilitasse a realização natural dessas tendências; portanto o professor é um facilitador da aprendizagem significativa, fazendo parte do grupo e não estando colocado acima dele; este também é um dos pressupostos básicos da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto interacional da situação de aprendizagem, visando às relações interpessoais e intergrupais;
 O professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem, não havendo avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; implica em uma filosofia democrática;
 Organização pedagógica flexível;
 É por meio de atos que se adquire aprendizagens mais significativas;
 A aprendizagem mais socialmente útil, no mundo moderno, é a do próprio processo de aprendizagem, uma contínua abertura à experiência e à incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.


III. METODOLOGIA: como metodologia o humanismo sugere para a educação o método não-diretivo. É um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade, Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija. Rogers propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento.
Uma das idéias mais importantes na obra de Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela.

Interacionismo e Educação

1) Introdução:
1.1) Compreendendo o conceito de interacionismo a partir de uma história:
SOBRE ROCAS E FUSOS
“Estou escrevendo este livro por causa da Bela Adormecida”.
Para mim, essa é uma história em que toda a tragédia acontece porque os pais da princesinha teimavam em acreditar que deveria afastar todo o mal para longe da menina. Mas ainda, estavam convencidos de ter poderes suficientes para isso. O pior é que eles viviam repetindo a mesma bobagem, como se não fossem capazes de aprender com a própria experiência.
Pois veja: para o batizado da menina, deixaram de convidar a velha bruxa, porque ela era feia e malvada, e eles achavam que a feiúra e a maldade não podiam fazer parte da festa. Mas, como essas coisas fazem parte da vida a bruxa invadiu o palácio mesmo sem convite. E, para vingar a afronta recebida, lançou uma maldição sobre a criança.
Não seria melhor ter convidado logo a malvada e dado a ela uma porção de coisas boas de comer e de beber, para aplacar seu mau gênio? Não seria mil vezes preferível tê-la como hóspede a tê-la como inimiga?
Mas a bem-intencionada bobeira dos pais foi ainda mais longe. Ao ouvir da bruxa que a princesinha, aos quinze anos, iria ferir-se gravemente com uma roca de fiar, o que fez o pai? Mandou banir do reino inteiro todas as rocas de fiar. Como se algum pai, por mais rei e poderoso que fosse, tivesse o poder de afastar dos filhos as coisas que são capazes de feri-los, de lhes fazer mal. Ainda mais aos quinze anos.
O que aconteceu, então? Tinha sobrado uma roca com seu fuso, no alto de uma velha torre onde vivia uma fiandeira, solitária e isolada. A princesa, chegando casualmente à torre, ao se deparar pela primeira vez com aquele estranho objeto, ficou muito curiosa, pegou nele de mau jeito e furou o dedo. Conforme, aliás, todo mundo já sabia, há muito tempo que iria acontecer.
Não teria sido mais sábio o rei se tivesse alertado a menina para o perigo que aqueles objetos representavam para ela, e ensinado sua filha a se defender, em vez de tentar negar a própria existência de rocas e fusos? Talvez, se pudesse saber do risco que corria, a princesa teria sido mais cuidadosa e até evitaria o acidente.
Então.
Eu acho que muitos pais e mães de hoje continuam a se comportar como os pais da Bela Adormecida, como se não tivessem entendido a história. Daí achei melhor escrever este livro.
(Flídia Rosenberg Aratangy, 1995).


“Cada educador deve analisar, refletir, ampliar ou dispensar o que expomos, acrescentando, inclusive novas observações, a partir de sua própria experiência nas comunidades. O importante é buscar conhecer o grupo no tocante à sua CULTURA, seus VALORES, sua HISTÓRIA e REFERENCIAIS, para que suas necessidades sejam compreendidas e a comunicação se estabeleça de forma clara e objetiva...”. “É fundamental que o educador compreenda que os grupos sociais têm características próprias, diferem entre si, mas não podem ser valorados – não há grupos melhores ou piores. HÁ FORMAS DIVERSAS DE VER O MUNDO E ESTAR NELE”.
(Baleeiro e Serrão, 1999).


E essa é a proposta do Interacionismo: Cultura, Valores, Histórias e Referenciais!

Entendemos que a melhor forma de lançarmos mão do conceito deste importante paradigma da educação que é o Interacionismo era por meio de um intertexto. Aratangy (1995) nos traz apontamentos significativos da importância de contextualizarmos o processo educativo nos diferentes espaços que ele ocorre: em casa, na família, com os amigos, na interação com os grupos em geral que tem um grande elo com as teorias interacionistas.
De acordo com Moreira e Coutinho (2002) as teorias interacionistas compreendem o conhecimento mediante a participação tanto do sujeito quanto do objeto do conhecimento. Ao analisarmos o texto “Sobre rocas e fios”, percebemos que na história da Bela Adormecida os pais quiseram proteger a filha de todos os problemas, e para isso acharam melhor que a Bela não ficasse sabendo das rocas e fios. Podemos dizer então, de um processo de aprendizagem unidirecional, em que um detém o saber (os pais da Bela) e o outro fica a mercê deste saber (A Bela Adormecida).
O interacionismo ao contrário da relação descrita no texto, propõe uma relação bilateral e dialética entre sujeito e objeto, ou seja, os pais da Bela Adormecida precisavam considerá-la como uma pessoa ativa, que constrói e é construída pelo seu contexto. No Interacionismo, sujeito e objeto constroem e são construídos na relação do conhecimento e da aprendizagem. Desta interação dual entre sujeito e objeto temos não só a organização do real como também a construção das estruturas do sujeito.
2) Principais autores: Piaget (1896-1980); Vygotsky (1896-1934); Wallon (1879-1962).
3)A relação do interacionismo com a aprendizagem:

Como trataremos do interacionismo enfatizando os três principais autores deste paradigma da educação, apresentaremos inicialmente um quadro que nos possibilitará a fazer uma distinção entre as teorias interacionistas e verificar também suas contribuições para com a Psicologia da educação.

PIAGET VYGOTSKY WALLON
Fundamento
filosófico Estruturalismo Materialismo
dialético Materialismo
dialético
Principais
conceitos Equilibração
Adaptação
Assimilação Zona Desenv.Proximal
Mediação simbólica
internalização Afetividade
Dialética emoção-razão
Campo funcional
Desenvolvimento
cognitivo Desenvolvimento cognitivo é Individual e espontâneo
Privilegia maturação biológica Mediatizado através do social.
Processo de apropriação dinâmica e dialética Alternância das fases afetivas e cognitivas. Pontuado por conflitos. Privilegia o social
Relação desenvolvimento-
aprendizagem Aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento Desenvolvimento e aprendizagem são recíprocos Desenvolvimento e aprendizagem são recíprocos
Relação linguagem-
pensamento Pensamento organiza a
linguagem Linguagem organiza o
pensamento Linguagem organiza o
Pensamento

Inteligência
Psicogênese da inteligência
tem base biológica. Explicada em termos de re-equilibração Inteligência como habilidade
para aprender e resolver problemas. A partir do social Atividade intelectual é antagônica às emoções. Depende do coletivo.

Escolarização
Escolarização tem impacto reduzido no desenvolvimento intelectual Escolarização tem forte impacto no desenvolvimento intelectual Desenvolvimento intelectual não é meta máxima e exclusiva da educação


Outros pontos
Desenvolvimento tem seqüência fixa e universal dos estágios. Construção a partir da interação sujeito-objeto.
Criança é pré-social até a fala Não aceita visão universal do desenvolvimento.
Interacionismo sócio-histórico.
Construção cooperativa.
Interação sujeito-meio/sujeito Desenvolvimento intelectual é meio para o desenvolvimento da pessoa. Psicogênese da pessoa. Criança é "geneticamente social".
Fonte:www.cce.udesc.br/titosena/Arquivos/Tematicas/TeoriasInteriacionistas.doc
Faremos ao longo deste trabalho breves apontamentos sobre as contribuições destes autores para com a Psicologia e Educação. Neste sentido abordaremos os principais conceitos, as visões homem e as concepções de ensino-aprendizagem para os mesmos.
4)Pensares e reflexões sobre o interacionismo e Piajet:
Segundo Coutinho (1992), Piaget formula sua teoria, conhecida também como construtivismo, na tentativa de responder algumas questões que havia postulado. Questões sobre o conhecimento (como se forma?, como se amplia? E como passamos de estado de menor conhecimento ao de maior conhecimento?), sendo o primeiro a explicar o conhecimento baseando-se nas trocas entre o sujeito e o meio.
Vale a pena ressaltar que Piaget estava interessado em pesquisar a gênese do conhecimento. Era considerado um epistemologo genético porque buscava investigar a gênese do conhecimento nos seus processos e estágios de desenvolvimento.
Piaget procurou explicar a construção das estruturas cognitivas. Para ele, não existe um conhecimento pré-formado ou inato (oposição ao inatismo) e nem pensa o conhecimento como resultado só de experiências (oposição ao empirismo). Piaget coloca o conhecimento como algo resultante da interação entre sujeito e objeto, na qual ocorrem trocas dialéticas. Com base no Construtivismo Piagetiano discorre-se brevemente sobre algumas idéias e conceitos básicos os quais são:
•Equilibração majorante – a ação do indivíduo tende a restabelecer o equilíbrio, readaptando o organismo ao meio do conhecimento;
•Assimilação e acomodação – na assimilação o sujeito incorpora os elementos do meio às estruturas do conhecimento já existentes. Já a acomodação diz da ação dos objetos do meio sobre os esquemas de conhecimento do sujeito (resultam desta adaptação);
•Inteligência – para Piaget a inteligência é resultado da equilibração majorante, sendo uma das formas de adaptação do sujeito ao meio;
•Estágios do desenvolvimento cognitivo – Piaget coloca a noção de estágios do desenvolvimento cognitivo caracterizando-os como “conjunto de estruturas caracterizadas por leis de totalidade, de tal maneira que cada estrutura se relaciona com um todo e só é significativa, em relação a esse todo” (Coutinho, 1992, p. 89). Estes estágios se integram uns aos outros. São eles: inteligência sensório-motora (constituída a partir dos reflexos, sendo que não existi para o bebê uma diferenciação do eu com o mundo exterior); inteligência operatória concreta (aparecimento da função simbólica, ou seja, capacidade de representação de objetos ausentes através de signos e símbolos); pensamento lógico concreto (aparecimento da capacidade de realização de operações concretas e lógico-matemáticas); pensamento lógico-formal (aparece o raciocínio lógico-dedutivo, ou seja, uma lógica formal que se aplica a qualquer conteúdo).
4.1) Os estágios do desenvolvimento e suas relações com o processo de aprendizagem:
Segundo Tafner (1996), Piaget coloca que o processo cognitivo deve ser entendido em dois termos: aprendizagem (referindo-se a uma resposta particular obtida através da experiência) e desenvolvimento (referindo-se a uma aprendizagem propriamente dita, responsável pela formação do conhecimento). E ao falar do desenvolvimento, descreve-o a partir dos quatro estágios:
Sensório-motor (0 – 2 anos) – neste estágio a criança não representa mentalmente os objetos e sua ação sobre estes se dá de forma direta;
Pré-operatório (2 – 7, 8 anos) – há o surgimento da função simbólica (representação mental de um objeto). O lúdico torna-se um importante instrumento no processo de aprendizagem;
Operatório-concreto (8 – 11 anos) – aparecem às operações de pensamento, bem como as noções de tempo, espaço, ordem, etc. A flexibilidade do pensamento favorece uma maior aprendizagem;
Operatório-formal (8 – 14 anos) – desenvolve-se o raciocínio abstrato e o pensamento hipotético-dedutivo. A aprendizagem já não está mais tão atrelada ao objeto.
Para que a aprendizagem aconteça, ou seja, para que haja a transição de um estágio para outro, é necessário que o ambiente ofereça os estímulos adequados a cada fase.
A partir destas reflexões pode-se pensar na abordagem construtivista proposta por Piaget no contexto escolar. Conforme Coutinho (1992) a escola altera o meio com o qual a criança se relaciona, tirando-a do estado de equilíbrio cognitivo, propiciando a formação de novos esquemas. As atividades inerentes ao processo de ensino-aprendizagem devem possibilitar o aparecimento de novas capacidades especiais que caracterizam o desenvolvimento cognitivo. Para a autora, a escola deve se preocupar com o desenvolvimento cognitivo como um todo, ou seja, desenvolver o pensamento do aluno, além da sua capacidade de raciocinar e analisar os fenômenos da realidade. O desenvolvimento do pensamento lógico deve ser a principal tarefa da escola.
5) O interacionismo em Vygotsky: A concepção de aprendizagem e o contexto histórico:
Segundo Capello, Rego e Villard (2007) a abordagem interacionista concebe a aprendizagem como um fenômeno que se realiza na interação com o outro. Isto porque a teoria de Vygotsky nasce com o fim da revolução socialista em 1917, na Rússia. Nesta fase, o país viu-se em meio a uma série de problemas a serem enfrentados, dentre eles, na educação. Altos índices de analfabetismo levaram o governo do pós-guerra a investir na reconstrução da sociedade russa, e, para tal, era necessário construir uma nova ciência que estaria pautada nos ideais marxistas.
Esta era uma tarefa bastante complexa, pois os limites impostos pelos dirigentes do país eram enormes. Na educação, fazia-se necessárias grandes reformulações, no entanto, era obrigatório manter um currículo fechado, sem a implantação de projetos. Outro fator de suma importância foi o decreto “Sobre as Perversões Pedológicas no Sistema de Comissariado do Povo para a Educação”, em que eram banidos todos os testes psicológicos e a Psicologia da educação e da indústria. Assim, o ensino o ensino de psicologia limitou-se ao plano de treinamento de professores nas faculdades, e muitos pesquisadores da área, inclusive Vygotsky, que já havia falecido, passaram a não ser visto com bons olhos pelo Estado.
A entrada de Vygotsky na Psicologia durante este período foi bastante significativa para a nação russa, pois, com o fim da guerra surgiu a necessidade de uma nova constituição de homem.
5.1) Contribuições de Vygotsky para uma nova visão de homem:
Vygotsky procurou formular teorias que estivessem ligadas com o desenvolvimento cultural do ser humano por meio do uso de instrumentos, em especial a linguagem, tida como instrumento do pensamento. Assim, a teoria proposta por ele surge para superar o que havia da Psicologia até o momento no que diz respeito à diversidade de objetos de estudos que se ocupava a psicologia – o inconsciente (psicanálise); o comportamento (behaviorismo) e o psiquismo e suas propriedades (gestalt) e seria uma forma de explicitar de outra maneira as funções psicológicas tipicamente humanas. Baseava-se no materialismo dialético, objetivando entender o ser humano como:
•Um ser histórico cultural moldado pela cultura criada por ele;
•Um sujeito determinado pelas interações sociais, pela relação com o outro;
•A atividade mental resulta na aprendizagem social;
•A linguagem é o principal mediador na formação e no desenvolvimento das funções psicológicas superiores;
•A linguagem pode ser oral, gestual, escrita, artística, musical e matemática;
•A interiorização das funções psicológica superiores pode se dar de diferentes formas, de acordo com o contexto histórico da cultura.
5.2) Vygotsky e a Educação:
No que diz respeito à educação segundo a abordagem interacionista, o processo de aprendizagem acontece a partir da interação com o outro. O sujeito aprende a partir da internacionalização com objetos e outros sujeitos e este deve ser compreendido em sua totalidade.
Propiciar ambientes que tenham por função estimular a capacidade de interação, de troca faz com que aumente as possibilidades de sucesso no processo de aprendizagem do sujeito.
No que diz respeito à avaliação, para o interacionismo deve se levar em consideração:
• A interação que tenha ocorrido entre aluno e professor;
• As funções cognitivas do aluno e suas limitações;
•Aspectos afetivos que influenciaram o processo de aprendizagem;
•Os objetivos do professor, o que ele deseja ensinar e suas expectativas;
•A aprendizagem como um todo em processo, abarcando os vários aspectos descritos anteriormente.
6) O interacionismo contribuições de Wallon:
Henri Wallon viveu em Paris e produziu os seus trabalhos sobre o desenvolvimento do psiquismo humano. As duas guerras mundiais e outros acontecimentos no país marcaram a sua vida. Formado em medicina atendeu crianças com deficiências neurológicas e distúrbios psiquiátricos. Foi médico do exército francês e pôde rever certas concepções neurológicas desenvolvidas a partir do trabalho com crianças portadoras de deficiência.
Segundo Coutinho (1992) o interesse de Wallon pela psicologia da criança permitiu que ele projetasse seus conhecimentos de neurologia, psicopatologia e clínica. O interacionismo para Wallon se expressa na concepção de natureza humana que permeia toda a sua obra. Para ele, não é possível separar o biológico do social no homem, porque ambos são complementares desde o nascimento e para encarar a vida psíquica é necessário considerar suas relações recíprocas.
Suas raízes se baseiam no materialismo histórico e dialético, em que o processo de desenvolvimento ocorre nas relações com o meio se modifica reciprocamente.
A emoção indica os primeiros sinais de vida psíquica observáveis na conduta infantil. Através dela, as primeiras trocas da criança com o mundo exterior (de quem a criança depende para a satisfação de suas necessidades vitais), se estabelecem.
De acordo com Coutinho (2002) Wallon, nos estudos sobre o desenvolvimento infantil, empenhou-se em encontrar explicações para o problema das origens da inteligência e do caráter, que está ligado aos estágios e ultrapassa este, uma vez que se apóia em dados da fisiologia, patologia, psicologia animal, etnologia e história da cultura.
6.1) As contribuições de Wallon para a educação:
Segundo Coutinho (1992) um ponto essencial para pensarmos as implicações pedagógicas do interacionismo em Wallon consiste a ênfase que este psicólogo dá a existência de crises e conflitos no processo de desenvolvimento infantil e sua importância para a formação da personalidade.
Assim, as crises de oposições e os conflitos entre professor-aluno precisam ser consideradas no processo de ensino-aprendizagem. Um outro fator que merece ser ressaltado no interacionismo walloniano é o caráter social que este autor confere a educação, segundo ele a aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem na relação do eu (sujeito) com o outro. E é nesta relação que ocorre a tomada de consciência da própria personalidade dos sujeitos. Concluímos que a vida afetiva, intelectual para Wallon é sinônima de vida social.

7) A educação e o interacionismo... Conclusões:

“Portas se Abrem, Portas que permanecem fechadas. Mas a chave existe. É DENTRO de nós que as coisas SÃO – desejo e força. Educador/ Educando de si mesmo através do OUTRO. Viagem pelo espelho, imagens refletidas de SONHO e REALIDADE em que é possível descobrir-se, revelar-se, construir-se. Ser Sendo e Convivendo”. (Baleeiro e Serrão, 1999).
Falar do interacionismo na educação implica em uma nova postura profissional, em que envolve educador e educando como sujeitos histórico-sociais Sujeitos de potencialidades, capazes de intervir e construir a dinâmica social e autores de processo ensino-aprendizagem.
Entendemos que o educador tem grande influência no espaço escolar, nas interações, motivo pelo qual ele deve abandonar a atitude de conferencista, de divulgador de um conhecimento que só ele detém, e propor problemas e desafios aos seus educandos. Para que isso ocorra, ele precisa investigar o contexto social em que o aluno vive, permitir que esse seja autor do conhecimento e da sua história de vida.
Sendo assim entendemos que a escola precisa considerar o cotidiano, as experiências dos sujeitos, professor e alunos, de modo que o saber os ajude a decifrar e tecer construções cotidianas. Quando pensamos em interacionismo, dizemos de relações bilaterais, de sujeitos que constroem e são construídos pela realidade. É desafio constante!



8) Referências bibliográficas:

ARATANGY, Rosenberg. Doces Venenos – Conversas e desconversas sobre drogas. Editora: Olho d’água. São Paulo. 5. ª edição, 1995.

BALEEIRO Maria Clarice; SIQUIERA, Maria José; CAVALCANTI, Ricardo Cunha e SOUSA, Vilma. Sexualidade do adolescente: Fundamentos para uma ação Educativa. Salvador: Fundação Obedrecht, Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Educação e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, 1999.

COUTINHO, Maria Tereza da Cunha. Psicologia da Educação: um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltados para a educação: ênfase na abordagem construtivista. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Anche. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes, CAMPELO, Cláudia, VILLARD, Raquel. O Processo de aprendizagem numa perspectiva sócio-interacionista...ensinar é necessário, avaliar é possível. In: http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/171-TC-D4.htm. 2004. p. 1-12.

LUCCI, Marcos Antônio. A Proposta de Vygotsky: a psicologia sócio histórica. In: www.ugr.es/local/recfpro/Rev102COL2port.pdf . p. 1-11

TAFNER, Malcon. A construção do conhecimento segundo Piaget. Disponível em http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm Acesso em 20 de março de 2009.

Teorias Interacionistas. Diponível in www.cce.udesc.br/titosena/Arquivos/Tematicas/TeoriasInteriacionistas.doc

ZACHARIAS, Vera Lúcia Câmara F. Estágios do desenvolvimento. Disponível em http://www.centrorefeducacional.com.br/estagios.html acesso em 20 de março de 2009.

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