sexta-feira, 19 de março de 2010

Resumo para Avaliação I de Terapia Comportamental

Capítulo 2

Behaviorismo Radical e Prática Clínica

Behaviorismo Radical é ≠ Behaviorismo Metodológico. Quase um século separa um do outro.
BEHAVIORISMO METODOLÓGICO
Watsoniano ou estímulo-resposta;
Natureza dualista (considera a mente como objeto de pesquisa);
Determinista causal;
Positivista;
Mentalista (sem considerar a mente, pois o foco é a cognição);
A maior falha foi querer generalizar todo comportamento em comportamento reflexo;
não considerava os fenômenos encobertos publicamente (emoção, percepção, pensamento);
Foi considerado artificial e simplista;
Sua importância é histórica, pois foi um marco na transição da ciência moderna (final do Séc. XIX) para a contemporânea (início do Séc. XX);
A Psicologia era um conhecimento novo nos Séc. XVIII-XIX, considerada filha da Filosofia, que era introspectiva;
Para ser considerado ciência, tinha que ser experimental nos parâmetros científicos (objeto, método...);
O Behaviorismo Metodológico não existe mais.

BEHAVIORISMO RADICAL

Skinneriano;
Natureza monista (só o fora);
Materialista, no sentido de tudo que existe, só existe em um tempo e em um espaço;
Funcionalista;
Não considera o subjetivismo;
Determinismo probabilístico;
Investiga como o organismo funciona e não as causas. É multicausal.
As técnicas podem até se misturarem entre Humanistas e Behavioristas, mas as epistemologias não;
Não existe livre arbítrio;
Para os Humanistas, a escolha é a causa da ação. Para os Behavioristas, a escolha já é a ação;
O comportamento é determinado por uma rede de variáveis ambientais e acontece em função das contingências filogenéticas, ontogenéticas e culturais.

Terapia Comportamental ≠ Psicologia Cognitiva ≠ Psicoterapia Cognitivo-Comportamental.
TERAPIA COMPORTAMENTAL
Behaviorismo Radical;
Análise Experimental do Comportamento;
Foco na interação entre o organismo e o meio (se o comportamento mudar, muda internamente);
Natureza monista
Antimentalista;
Cognição é comportamento e não mediador.

PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Psicologia Cognitiva;
Dualista;
Mentalista;
Foco no mundo privado;
Mente é uma coisa e corpo é outro.

O primeiro texto que Skinner apresentou ao Behaviorismo Radical foi: “A Análise Operacional de Termos Psicológicos” (1930).
O Behaviorismo Radical só é formalizado em 1950.
Contingências = relações de dependência entre comportamentos e eventos.
Metacontingência = uma contingência incidindo sobre outra.
Variáveis independentes = contingências ambientais.
Variáveis dependentes = comportamentos.
Pensamento = comportamento cognitivo.
Comportamento = interação do organismo com o ambiente.
Ambiente = o que é externo ao comportamento a ser analisado.
O desenvolvimento da psicologia cognitiva deu um empurrãozinho nos modificadores do comportamento para observarem a cognição também, e não apenas os comportamentos publicamente observáveis.
Na análise funcional é importante investigar autoestima, autoconfiança, assertividade etc.
A análise molar considera o contexto (é mais eficiente).
Análise molecular desconhece o contexto (mais propensa a falhar).
Molar = considera o indivíduo como um todo. É a unidade.
Molecular = comportamentos descontextualizados.
Não há restrição de casos para a Análise do Comportamento.
Não dispensa técnicas de outras abordagens e intervenções medicamentosas.
Considera cada cliente como único no mundo.
Os fatores que determinam o comportamento dos indivíduos são:
1.FILOGENIA = espécie – organismo.
2.ONTOGENIA = história de vida – pessoa.
3.CULTURA = aqui e agora – eu.
Capítulo 4
Relação Terapêutica Sob a Perspectiva Analítico-Comportamental

REFORÇO ARBITRÁRIO

Estímulo acoplado à contingência.
Vem de fora.
É um arranjo.
Tem vida curta, pouco durável para sustentar o comportamento.
O comportamento que depende do reforço arbitrário tende a enfraquecer na ausência de reforço.
É dirigido a um comportamento específico.
Usado principalmente no início do tratamento quando o comportamento precisa acontecer e continuar acontecendo ainda que com dificuldade.
Às vezes torna-se mais interessante para quem libera o reforço do que para quem se comporta, por isso o terapeuta deve se atentar muito ao próprio comportamento.
REFORÇO NATURAL

Reforço intrínseco à relação com o ambiente.
É espontâneo.
Fortalece uma classe mais ampla de comportamentos, além daquele especificamente desejado.

A relação terapêutica é um instrumento de mudança.
Freud observou e descreveu uma contingência muito importante para o comportamento = a tríade: pai/mãe/filha ou filho (a relação)
O terapeuta é fonte de reforço.
O reforçamento é um importante instrumento de intervenção usado para modelar novos repertórios comportamentais.
As reações do terapeuta devem ser espontâneas e gerar reforçamento natural.
Ambos os reforçamentos são importantes na intervenção, a diferença é que o reforço arbitrário é artificial e o reforço natural é intrínseco à interação com o ambiente.
A terapia em si é uma relação artificial. Não acontece espontaneamente na vida. É uma relação entre 2 ou mais pessoas humanas, por via de contrato de prestação de serviço.
O terapeuta vai selecionar comportamentos a serem reforçados, elogiados...
Ser assertivo não é só saber dizer não, mas expressar as opiniões devidamente também, por exemplo.
Mudanças geralmente causam incômodos nos outros. O comportamento modelado por reforçamento arbitrário é fácil de ser enfraquecido porque a pessoa é muito punida em seu ambiente natural.
O “pulo do gato” do terapeuta é trabalhar com o cliente de forma que este consiga substituir os reforços arbitrários pelos naturais.
Dessensibilização sistemática = perder o medo de avião em pouco tempo, por exemplo.
Pânico = medo de sentir medo. É uma variação do transtorno de ansiedade. Uma intervenção necessária é que o cliente aprende a lidar com a ansiedade.
Intervenção paradoxal = tarefas que o terapeuta dá para não ser cumprida mesmo. Ex.: a cliente se cutuca muito e vc manda ela cutucar-se mais ainda. (em casos assim, a cliente sentia-se ansiosa porque não conseguia parar de cutucar-se, mas quando mandada cutucar-se ainda mais, ela fica menos ansiosa porque esta regra ela consegue cumprir).
CRB = comportamentos clinicamente relevantes:
1.CRB1 = deve reduzir a frequência (reforço arbitrário).
2.CRB2 = deve aumentar a frequência (reforço natural).
3.CRB3 = autoconhecimento.

As 5 regras da FAP (Psicoterapia Analítica Funcional):
Observar e identificar os CRBs do cliente;
1.Evocar CRBs;
2.Reforçar CRBs2;
3.Observar os resultados obtidos com o reforçamentos;
4.Fornecer interpretações das variáveis que afetam o comportamento do cliente.
Os sete comportamentos que o terapeuta pode utilizar na clínica para reforçar os CRBs2 de seus cliente:
1.Reforçar uma classe ampla de comportamentos do cliente;
2.Compatibilizar as expectativas do terapeuta com os repertórios atuais do cliente;
3.Ampliar os sentimentos do terapeuta para torná-los mais salientes;
4.Ter ciência que a relação terapeuta-cliente é para benefício do cliente;
5.Usar reforçadores arbitrários só até os reforçadores naturais assumirem o controle;
6.Evitar a punição; e
7.Ser vc mesmo.

Comportamento multideterminado (Skinner ampliou o modelo selecionista para a ontogenia e o aqui e agora.):

* FILOGENÉTICA: características genéticas, anatômicas, fisiológicas e reflexos incondicionados (inatos);

* ONTOGENÉTICA: história de vida do indivíduo, vivências adaptativas no ambiente;

* CULTURA: novos padrões comportamentais, através da linguagem.