segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Dr. Thomas Szasz e a Psiquiatria

Sobre o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade)

Dr. Thomas Szasz, professor de Psiquiatria na State University of New York, Syracuse.

Quando alguém da escola diz à mãe que seu filho está doente e precisa de medicamentos, como ela vai saber que isto é uma mentira? Como ela vai reconhecer que o que os especialistas chamam “Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade” simplesmente não é uma doença? Esta mãe não é uma especialista em história da Psiquiatria. Ela não sabe que os psiquiatras têm, por centenas de anos, usado termos diagnósticos, tão chamados termos diagnósticos, para estigmatizar e controlar pessoas.

Só darei alguns exemplos dramáticos. Quando escravos negros do Sul fugiam pela sua liberdade, não era porque eles queriam ser livres, eles sofriam de uma doença chamada Drapetomania: de drapetes, escravo que foge, e mania. Eu não estou inventando isso. Este era um diagnóstico legítimo, assim como o TDAH. Mulheres, metade da população mundial, se fossem tolas o suficiente para se rebelarem à dominação do homem, então tinham uma séria doença chamada histeria, que acontecia por causa de uma movimentação do útero. Nenhum destes comportamentos foi uma doença, e, claro, não é uma doença. E nem é o Transtorno do Déficit de Atenção.

Nenhum comportamento ou desvio de comportamento é uma doença ou pode ser uma doença. Não é o que as doenças são. Então, não importa como uma criança se comporta. Não há nada para examinar. Se ele está doente, então deve haver uma ciência objetiva para isso, para que possa ser diagnosticada por médicos e testes objetivos. É por isso que assim que você vai a um médico, eles tiram muito sangue e fazem Raio-X. Eles não querem ouvir como você se comporta.

Quando eu fui à faculdade de medicina, sessenta anos atrás, tínhamos apenas um pouco de doenças mentais. Acho que não havia mais de seis ou sete. Agora existem mais de trezentas. E outras novas são “descobertas” todos os dias. Rotular uma criança como doente mental é uma estigmatização, e não diagnóstico. Dar uma droga psiquiátrica a uma criança é envenenamento, não tratamento. Doenças são o mau funcionamento do corpo humano. Do coração, do fígado, do rim, do cérebro, dentre outros. Febre Tifóide é uma doença. Vocês sabem disso, vocês não questionam isso. “Febre da Primavera” (Spring Fever = sensação de ânimo ou cansaço surgindo no início da Primavera). Você só precisa conhecer a língua. “Febre da Primavera” não é uma doença.

A tarefa que temos, para combater a coerção psiquiátrica, é importante. Eu acho que é importante e vocês também. Nem todo mundo acha importante. É uma tarefa nobre, uma tarefa em busca de algo que devemos, independente dos obstáculos, perseverar. Nossa consciência exige que não façamos menos que isso.

Disponível em: http://br.youtube.com/watch?v=uE0mysIHvvg, 15/11/08.