segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

DICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO (adaptado)

• Vc. deve evitar abrev., etc.
• Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.
• Anule aliterações altamente abusivas.
• “não esqueça das maiúsculas”, como já dizia dona luzia, minha professora lá no colégio antônia ferreira, no são joão batista.
• Evite chavões assim como o diabo foge da cruz.
• O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
• Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
• Chute o balde no emprego de gíria, mesmo que sejam maneiras... tá ligado?
• Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa merda.
• Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.
• Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
• Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
• Frases incompletas podem causar
• Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.
• Seja mais ou menos específico.
• Frases com apenas uma palavra? Jamais!
• A voz passiva deve ser evitada.
• Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe mais usar o sinal de interrogação
• Quem precisa de perguntas retóricas?
• Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
• Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.
• Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”
• Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
• Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível! Sério!!!
• Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
• Cuidado com a hortographia, para não deturpar a língüa portuguêza.
• Seja incisivo e coerente, ou não.”
JORNAL CARREIRA & SUCESSO - 12 de junho de 2000 - 34ª. EDIÇÃO

sábado, 5 de dezembro de 2009

TEORIAS E PRÁTICAS PSICOTERÁPICAS

TEORIAS E PRÁTICAS PSICOTERÁPICAS
RESUMO GERAL

10/08/2009
Perguntas da Fenomenologia:
Como?
Quando?
Para quê?
Obs.: a pergunta “por que” é da Psicanálise ou da Psicodinâmica (Freud, Lacan e Jung).

Alguns comentários na aula:

Os psicólogos fenomenológicos descrevem. Os psicodinâmicos interpretam.
Os objetivos básicos da clínica são: menos sofrimento e mais crescimento (capacidade individual).
Movimento estereotipado = aquele que gasta mais energia do que precisa.

Teoria Analítica Junguiana

Tipos de ego em Jung:

1. Rígido: não escuta o ics
2. Frágil: escuta demais o ics
3. Saudável (fortalecido): ouve o ics, mas faz a escolha

Conceitos Importantes:

Numem = quantum de energia em Jung.
Holístico = sistêmico. Muda-se para um, muda para todos.
Personalidade: ego + ics coletivo + ics individual (persona + anima/animus + sombra – estes são do inconsciente coletivo).
Ego: Cs.
Self: personalidade plenamente desenvolvida e unificada. O principal símbolo do self é a mandala ou círculo mágico. A maior descoberta de Jung é o conceito de self.
Ics coletivo: é universal. É muito voltado para o primitivo
Ics individual: é formado pelo depósito das experiências de tudo o que aconteceu com a pessoa.
Todo mito é um arquétipo. Só se faz presente quando uma situação chama por ele.
Arquétipo ou ics coletivo = é uma imagem carregada de energia que tem início, meio e fim. É mais primitivo que complexo. Ele aparece na vida da pessoa quando uma situação ambiental chama por ele. É formado pelo depósito de todas as experiências de todos os seres humanos.
Complexo = idéia carregada de energia boa ou ruim que não foi metabolizada. Este conceito é compartilhado para Freud e Jung.
Solução Homeostática = melhor solução que busque o equilíbrio. Homeostase através da compensação.

Alguns comentários na aula:

O ics junguiano manda recados.
Para Jung saúde é sinal de equilíbrio.
Todo conhecimento é parte do sujeito e parte do objeto.
Jung teve como base para a sua teoria, pacientes psiquiátricos.
Para Carl Gustav Jung a religião é essencial para a vida.
Para Jung a personalidade é construída ao longo da existência.
Para Jung toda energia é orgânica.
Para Jung todos os arquétipos são homeostáticos e compensatórios.
Trauma é algo muito forte que não se consegue elaborar. Seja coisa boa ou ruim. A energia fica fixada.
Sonho para a Teoria Analítica Junguiana é recado do ics.
O ics busca equilíbrio orgânico “mandando recados”.


Psicanálise

O ics freudiano realiza desejo.
Psicanálise do ego, Neo Psicanálise e Psicanálise dinâmica ou Psicodinâmica é a mesma coisa. A Psicanálise clássica é diferente das citadas.
Freud teve como base para a sua teoria, adultos neuróticos.
Para Freud, saúde é a capacidade de amar e trabalhar.
Para Freud a religião é uma alucinação coletiva. E toda alucinação é patológica.
Para Freud a personalidade forma na infância.
Para Freud toda energia é sexual.
Pulsão não é mental, é biológica. (na verdade parte do biológico para o psíquico)
Quando o desejo é oposto à vontade, apresenta-se através de ato falho, chiste e sonho.
Sonho para a Psicanálise é realização de desejo.
O ics é amoral, não tem julgamento de valor.
Não existe esquecimento. É ato falho.
Todo desejo tem uma representação (imagem) e um afeto (emoção ou sentimento). No deslocamento, a pulsão sexual é direcionada para um ou o outro.
A Psicanálise parte da premissa que o ics de todas as pessoas funciona da mesma forma, o que muda é o conteúdo. Por isso que o psicanalista pode interpretar.
Função paterna = remete à castração.
Função materna = remete a acolhimento.
Tudo o que não se consegue metabolizar, cria complexo, seja a falta ou o excesso.
A ética na Psicanálise é a ética do desejo. Não me submeto no desejo do psicanalista e ele não se submete ao meu desejo. Qualquer postura de dominação não é ética em Psicanálise.

Fases Psicossexuais::

1. Oral (passiva e agressiva): morder, por na boca, conhecer o mundo com a boca.
2. Anal: controle de soltar ou reter. Ex. guardar ou não dinheiro, segredo, informação.
3. Fálica: a criança descobre se tem ou não tem pinto. O prazer é autoerótico e só nos genitais
... Édipo/Electra...:
4. Latência:
5. Genital: não é mais autoerótica. As principais diferenças desta fase para a fálica são: Capacidade reprodutiva/O prazer é no corpo todo e não só nos genitais/Vê o outro como pessoa e não como objeto.

Temos um pouco de libido fixada em cada fase.
O primeiro amor da mulher é homossexual pela mãe, depois que troca de objeto.
A amizade é uma pseudo sublimação pq tem um interesse sexual.

Estruturas:

Psicose: não reconhece a lei porque não passou pela castração (forclusão).
Freud nunca atendeu o pequeno Hans, o pai dele que era atendido.
Neurose: a culpa é o que marca a neurose. Se sentir culpado está fora das estruturas psicótica e perversa. O neurótico sente culpa até do que não fez. Para Freud a culpa é saudável.
Perversão: conhece a lei, mas burla-a. O perverso tem medo da punição e esta é uma forma de tratá-lo, incutindo medo. O psicopata “fere” as pessoas. O sociopata “fere” as regras sociais.
Mecanismos de Defesa:
1. Atuação = colocar o desejo para funcionar, sem avaliar. Ex. tá com raiva de si mesmo e corta os pulsos. Outro ex. mandar o analista tomar naquele lugar.
2. Formação Reativa = fugir do próprio desejo fazendo o oposto. Ex. o cara gosta de gays e diz: _ odeio gays”
3. Introjeção
4. Negação (ab-negação) = não perceber algo de si. Falta de disconfiômetro. Não perceber algo nos outros com relação a si.
5. Projeção
6. Racionalização = é diferente de mentira. A pessoa cria uma desculpa para tamponar a falha ou o desejo que não realizou. Ex. ele me deixou pq não me merecia.
7. Recalque = o ego nunca viu o conteúdo.
8. Regressão = quando nasce um irmãozinho, a criança volta a fazer xixi na cama.
9. Repressão = o ego já viu o conteúdo, mas esqueceu. Ex. abuso sexual na infância. Já houve uma experiência.
10. Sublimação = usar a libido em qualquer atividade que não seja sexual. Ex. arte.
Técnicas Psicanalíticas:
1. Devolução da Pergunta = não se responde nenhuma pergunta pessoal em Psicanálise. Ex. se o cliente perguntar se vc é casado, devolva assim: que importância tem pra vc se eu sou casado?
2. Escuta flutuante = não presta atenção querendo escutar, mas nas pistas (imagens e afetos que surgem) e intervém na hora certa, qdo algo de significativo surge.
3. Associação Livre = não linear, não precisa ter nexo. Um símbolo remete a outro símbolo.
4. Interpretação: interpretação e pontuação têm um sentido amplo e um sentido restrito. Qdo usados como téc. estão no sentido restrito. Deve-se conciliar pelo menos duas partes para interpretar:

Vida Atual




Vida Pregressa (infância) Relação Transferencial
Sonho: O sonho não é aleatório. É preciso “conhecer” os desejos não realizados do cliente para poder interpretar o sonho. Não dá para interpretar pela universalidade, como em Jung.
5. Manejo do Silêncio
6. Manejo do Tempo (Freud e Lacan) = em Freud é começar e terminar a sessão no horário combinado. Quem não obedece à regra é perverso. Em Lacan não é cronológico. É o tempo ics, ou seja, enquanto não surgir algo do ics, não encerra a sessão. É o tempo lógico.
7. Pontuação = o significado está escondido no significante. Parte do pressuposto de Lacan que na linguagem o ics se estrutura. (O analista se atem a pontos-chaves da fala e busca implicar o cliente neles. Isto é pontuação no sentido amplo) Ex. a analisanda diz: depois (pois dê) que me separei (se/parei) de fulano, danei a comer biscoito (coito bis – o próprio biscoito é um símbolo fálico). O analista interpreta e pontua a resistência também. Ex. se o cliente disser: “vc só me atendeu 5 min”, o analista diz: “vc está me cobrando como se cobrasse de sua mãe, tchau e volte na semana que vem”.

O que está em evidência na relação direta do analisando com o analista é o que está evidente em sua vida nas outras relações.
O psicanalista clássico não é dialógico, só abre a boca para interpretar e pontuar.
Depois que se estabelece a transferência e pára de “fazer fofoca”, ou seja, passa a falar apenas de si mesmo e começa a associar livremente, já pode deitar no divã.
A ansiedade faz a análise ser produtiva.

Melanie Klein

Melanie Klein dizia que há uma escolha objetal primitiva antes da escolha edípica. A criança desiste da escolha edípica não só por medo da castração, mas por amor ao pai (menino) ou à mãe (menina).
Para M. Klein apenas a culpa não garante a saúde mental. A pessoa tem que sentir-se mal com a culpa e realizar um ato concreto de reparação para ter saúde.
Na Psicanálise kleiniana há a possibilidade do sujeito deixar de ser psicótico na análise porque se ele foi castrado no Édipo primitivo e não no freudiano, pode retomar a 1ª castração.
M. Klein não usa o conceito freudiano de estruturas e acredita numa maneira nova de funcionar.
Possibilidade é diferente de probabilidade.


DEFESAS BEM MAL
Histeria Fora Dentro
Paranóica Dentro Fora
Obsessiva Dentro Dentro
Fóbica Fora Fora

M. KLEIN FREUD
Crianças Adulto
Amor Medo
Reparação Culpa
Posição Estrutura

Fenomenologia
Gestalt-terapia e Terapia Centrada na Pessoa (TCP) ou Humanismo rogeriano

Ics em Gestalt é falta de ciência, alienação.
A intencionalidade está na ação e não na cabeça.
Sempre quando falar de mim ou de minha opinião, devo perguntar ao cliente o que ele sente sobre o que falei.
Uma escolha saudável não gera culpa, ansiedade e intui as possíveis conseqüências.
Em Fenomenologia não existe essência da coisa, só do fenômeno.
A essência do fenômeno é relacional. Não misturar com Sartre. “ A existência precede a essência”.
Individualismo é diferente de egoísmo, no sentido filosófico.
Existem 4 sentimentos básicos para a Gestalt e para ser normal tem que explodir das 4 maneiras: felicidade (riso), tristeza (choro), raiva (agressão=usar a energia para mostrar seu lugar no mundo) e prazer (gozo. Não precisa ser sexual).
O ser humano possui 4 bases: biológica, cultural, espiritual (valores e sentido da vida) e mental (desejos e racionalidade).
O ser humano é um processo, tanto na direção da saúde, quanto na direção da doença. Não existem estruturas. Não há determinismos.
Para Victor Frankl só traz sentido o que é autotranscendente, ou seja, a pessoa deve abandonar-se em detrimento de algo ou alguém.
Existem 4 maneiras possíveis de encontrar sentido para FRANKL: religiosidade (é diferente de religião, pode estar junto ou não), trabalho, amor e sofrimento autotranscendentes.
O ser humano é livre e responsável, holista, autopoiético e buscar por sentido.
Em Fenomenologia a pessoa não reage a mim, mas à relação comigo. Na relação eu-tu o hífen é o mais importante porque simboliza a relação.
Quanto mais forte estiver o cliente, mais eu posso confrontá-lo e quanto mais frágil, mais eu devo acolhê-lo.
O cliente precisa conhecer, aceitar e expressar os próprios sentimentos.
Homossexualismo egodistônico é problema porque a pessoa é e não se aceita. Pode aceitar (mais comum) ou mudar o objeto.
Em Fenomenologia neurose é sinônimo de patologia, doença.
Utiliza-se os conceitos de saudável e neurótico, como padrões de funcionamento. A pessoa pode ser ora um, ora outro.
Alguns teóricos usam três categorias:
1. Neurótico = dá mta atenção pra sociedade e pouca pra si.
2. Antissocial = se dá mta atenção e pouca para a sociedade.
3. Saudável = trata igualmente os campos fenomênicos interno e externo.
Escolha Saudável = não causa ansiedade, nem culpa e a pessoa é capaz de considerar as possíveis conseqüências. Se escolher para o outro, já é uma escolha neurótica a priori. Ex. a mulher trai o marido e não usa preservativo. A escolha saudável, considera a si e o outro.
A pessoa saudável mantém um padrão aprox. de 80% de saúde, o terapeuta deve ter um padrão de 90% para dar conta de auxiliar o outro.
Ansiedade em Fenomenologia = medo projetado no futuro.




14/10/2009
Método Fenomenológico:

1. Epoché: Suspender o juízo de valor.
2. Redução Eidética: descrever o que vê.
3. Redução Transcendental: procurar algo humano no fenômeno.
4. Hermenêutica Compreensiva: dar sentido a algo. Pedir ao cliente o significado.

Patologias:

1. Neurose (antissocial)
2. Alienação
3. Juízo de Valor

Técnicas Fenomenológicas:

1. Ampliação (só para quem está forte e agüenta confronto): além de ampliar, deve-se estereotipar. Exagerar no que o cliente traz. Ex. da porca gorda.
2. Constelação = parte-se do princípio da comunicação energética ou da comunicação ics/ics. Os participantes sabem reagir conforme os participantes reais. É como o psicodrama, mas o sujeito não dirige os outros participantes.
3. Derreflexão = O objetivo é eliminar a ansiedade secundária e trazer algo transcendente. A pessoa tem que abandonar a postura egocêntrica e assumir uma atitude autotranscendente. Concentrar no que existe de autotranscendente na conduta do cliente. Ex. se a pessoa tem vergonha de apresentar trabalho, basta pensar que vai ser útil para ensinar algo pra turma. Outro ex. é a disfunção sexual neurótica, ou seja, brochar por medo de brochar. É só concentrar no prazer do outro que resolve.
4. Espelhamento corporal = repetir o movimento ou postura corporal do cliente para desalienar.
5. Espelhamento Rogeriano ou verbal = o terapeuta aponta o que é central na fala da pessoa. Convém mais à TCP (Terapia Centrada na Pessoa), que nas outras abordagens fenomenológicas.
6. Feedback corporal = descrever, sem fantasiar, o que vc percebe no cliente.
7. Focalização = faz a pessoa entrar em contato consigo mesma de forma genuína e autêntica e naturalmente ela começa a metabolizar o autoconhecimento. Aceitar o que vc é hj. A pessoa deve focalizar no que é para metabolizar o sentimento.
8. Hermenêutica
9. Imaginação de vivências = leva a pessoa a imaginar como seria a experiência real para perceber se gosta ou não.
10. Intenção Paradoxal = o terapeuta propõe eliminar o medo secundário e exteriorizar o medo primário, rindo de vc mesmo. Ex. só qdo aparecer a barata ou o obj. do medo.
11. Monodrama
12. Polaridade ou Cadeira Vazia = é um monodrama. Lembrar do exemplo do médico que tinha que escolher entre casar, cuidar do pai doente ou aceitar uma proposta de trabalho para o Pará. O terapeuta coloca 3 cadeiras e cada hora o cliente senta em uma para tentar convencer as outras duas.
13. Presentificação = trazer situações do passado ou do futuro para o aqui-agora e perguntar como a pessoa sente-se.
14. Psicodrama = o sujeito central é o diretor. Ele que escolhe os papéis. É em grupo. Funciona como a cadeira vazia e o cliente escolhe quais pessoas do grupo vão ocupar as cadeiras.
15. Relação dialógica direta = o terapeuta fala o que sente ou como o corpo reage ou uma memória (fala de si e não do outro) e pergunta como o cliente se sente ao saber do que ele disse.

Relação terapauta-terapeutizando:

1. Aceitação incondicional = vale para o terapeuta e seu cliente. Aceitar os próprios sentimentos e os do terapeutizando (tudo, não só o sentimento)
2. Contatos regulados por ética (individual) e não moral (societária) = não trabalha a moral, mas a ética.
3. Empatia (Até existe transferência em Fenomenologia, mas o cliente não projeta o sentimento como se fosse um outro. É o terapeuta mesmo ou Entropia (usar o meu tesão para entender o tesão do cliente. É diferente de empatia (sentir com), que só considera o tesão do cliente.)
4. Eu-tu (prioritariamente)
5. Genuinidade = falar de si, demonstrar os seus sentimentos.
6. Horizontalidade = significa que deve haver a mínima diferença hierárquica possível entre o cliente e o terapeuta. É parecida com a relação eu-tu.
7. Relação Dialógica = o foco é na relação com o cliente e não o cliente.
8. Simpatia (posturas acolhedoras) e Antipatia (posturas confrontadoras)

Em Fenomenologia a relação terapêutica é mais importante que qualquer técnica.
O terapeuta para Rogers tem que ter genuinidade, aceitação incondicional e empatia ( entropia em gestalt).
Concordar é o mesmo que “eu faria igual”.
Aceitar é respeitar a escolha do outro.

26/10/2009
Contatos:

Todo contato acontece na fronteira, mas é percebido subjetivamente e a percepção pode ser na fronteira, dentro ou fora dela.
Fronteira = espaço de contato entre vc e o outro, entre o mundo interno e o externo, entre o indivíduo e o ambiente.
Contato dentro da fronteira
Os contatos são saudáveis, rotineiros, não geram aprendizagem de novos padrões comportamentais, não causa culpa, ansiedade e banca as possíveis conseqüências.
Contatos na fronteira:
Gera aumento da energia interna, o que os americanos chamam de exciment, ou ansiedade boa.
Contatos fora da fronteira:
Não significa sofrimento. Sofrimento é vida.
É tão agressivo que a pessoa não dá conta de assimilá-lo, gerando regressão, desaprendizagem.
É um contato neurótico porque a pessoa não banca as possíveis conseqüências.
A regressão é o que marca o contato fora da fronteira.

Alguns comentários na aula:

Drive = impulso, instinto, em Fenomenologia.
A pessoa controla o drive, não controla é o ato.
Sempre que o cliente estiver no mundo das idéias, temos que trazê-lo para uma experiência concreta. Ex. - Sou ciumenta!
- Como é sentir ciúme para vc?
Na relação terapêutica todos crescem.
É possível ser um bom terapeuta sem usar técnicas.
Segundo Rogers, um bom terapeuta tem genuinidade, aceitação incondicional e empatia.
É necessário assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos e não transferir a culpa. Ex.: quando vc disse isso eu fiquei puta e não pq vc disse isso eu fiquei puta.
Em Fenomenologia o terapeutizando pode saber sobre o terapeuta. Não tem problema se não houver mistura.
Sempre que falar de si, tem que perguntar como a pessoa se sente ao ouvir.

28/10/2009

A Fenomenologia considera 4 sentimentos básicos: alegria, tristeza, raiva e prazer sexual. Alguns teóricos consideram a dor também. Isso para qualquer ser humano em qualquer cultura.
Em Fenomenologia as perguntas diretas respondemos, as manipulativas, cortamos.

09/11/2009
Mecanismos Neuróticos:

1. Confluência = evita o conflito igualando-se ao outro ou o igualando a si. É por identificação.
2. Deflexão = ou joga no objeto errado (deflexão objetal), ou joga no objeto certo de modo errado (deflexão modal). A deflexão serve para diminuir a energia do sistema. Ex. chorar de raiva.
3. Introjeção = pega-se do ambiente ou de pessoas significativas, idéias e/ou valores, sem avaliar se serve ou não para si. Tem a ver com idéia de juízos de valores. É automático.
4. Projeção = a pessoa é alienada ou percebe e não aceita certa característica sua e a atribui a outro. Ex. Jogar em outro o medo que é seu. É sempre por diferença, já a confluência é por identificação
5. Retroflexão = a pessoa deveria direcionar a energia dela para o campo fenomênico externo, mas não consegue e direciona para o interno.
Obs.: sempre que der exemplo de retroflexão, deve-se explicitar o objeto certo da energia.

Alguns comentários na aula:

Assimilação = aprendizagem saudável, escolha de vida.
Oligofrênicos (déficit intelectual) e autistas não adianta fazer terapia Gestalt.

Referência:

KAITEL, Alexandre Frank. Aulas expositivas de Teorias e Práticas Psicoterápicas, BH, Ago a Nov/2009.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"NORMOSE" (a doença de ser normal)

Todo mundo quer se encaixar num padrão.

Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar.

O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se "normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.

A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento que "exercem" tanto poder sobre nossas vidas?
Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Então, como aliviar os sintomas desta doença?
Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.

Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais,
porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgue o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
Michel Schimidt
Psicoterapeuta

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Orientador, Orientando e Outros Bichos

SANTOS, Clóvis Roberto dos;
NORONHA, Rogéria Toler da Silva de.
Monografias científicas: TCC, dissertação, tese. São Paulo: Avercamp, 2005.


Monografia: Orientador, Orientando e Outros Bichos

Adaptação de CLÓVIS ROBERTO DOS SANTOS

Num belo dia de sol, de uma enorme toca sai o Coelho com seu notebook e, embaixo de uma frondosa árvore, põe-se a trabalhar, com afinco, em sua monografia cientifica (TCC de graduação ou de especialização, dissertação de mestrado ou tese de doutorado, pouco Importa).
Tão distraído estava, que não percebeu o aproximar-se de uma Raposa, que não havia nem concluído o Ensino Fundamental.
Ao ver aquele coelhinho tão gordinho, a Raposa logo pensou: "Que belo e suculento almoço vou ter hoje, ficando, ao mesmo tempo, intrigada com a concentração e a Intensa atividade do Coelho.
Aproximando-se mais e, curiosa por natureza, ela pergunta:
- Coelhinho, o que você está fazendo aí com tanta atenção?
- Estou redigindo o final de minha monografia científica, que tem um tema bem intrigante e Inédito, "Os predadores naturais do reino animal, um estudo baseado no pragmatismo de Dewey e na gastronomia pantagruélica de RabeJais, com enfoque no materialismo lógico de Aristóteles". Minha apresentação (ou qualificação, ou defesa) será no final deste mês, e meu orientador é muito exigente.
Como você deve saber, os orientadores são realmente umas feras.
- E o que você está querendo provar com essa tal mono..., o que mesmo?
- Monografia, sua ignorante, que significa, conforme a etimologia grega da palavra, mono (um) e grafia (escrita), isto é, trabalho acadêmico escrito sobre um único tema. Tenho um problema: quem é realmente predador no reino dos animais?
Minha hipótese, agora, é a de que os coelhos é que são os predadores naturais das raposas.
- Oral Que ridícula essa sua hipo... não sei o quê I Nós, as raposas, é que somos predadores naturais de coelhos - observou a Raposa, superindignada.
- De jeito nenhum Queira, por favor, acompanhar-me até a toca ai em frente, que vou lhe mostrar minha prova experimental. É preciso demonstrar a cientificidade do trabalho para que minhas conclusões tenham validade perante os meios acadêmicos.
Em seguida, ambos entram na enorme toca. Imediatamente. Surgem de lá de dentro alguns ruídos estranhos e, depois, silêncio absoluto. Minutos depois, o Coelho volta sozinho, e continua a elaborar seu trabalho.
Tão compenetrado ficou, que não percebeu aproximar-se um enorme e faminto Lobo também, como a Raposa, analfabeto funcional: conseguiu terminar o II ciclo do Ensino Fundamental graças a tal de progressão continuada das escolas públicas estaduais de São Paulo), muito feliz por se deparar com tão fácil e belo jantar.
Porém, diante de tamanha concentração do Coelho, o Lobo resolve antes saber a razão de tudo aquilo e lhe pergunta:
- Olá, jovem coelhinho, o que faz você trabalhar com tanto entusiasmo?
- Minha monografia científica, Senhor Lobo. Neste momento, estou querendo provar minha hipótese de que os coelhos são os predadores naturais dos lobos.
- Coelhinho apetitoso e inocente, isto é um despropósito, embora nem saiba o que quer dizer monografia científica e muito menos hipótese, tema etc. Nós, lobos, é que somos os genuínos predadores de coelhos.
- Desculpe-me, mas, se você quiser, posso apresentar minha prova experimental. Acompanhe-me até a toca aí em frente.
O Lobo não conseguia acreditar na sua sorte. Uma bela refeição sem grandes esforços. Ambos entram e, alguns minutos depois, ouvem-se estranhos ruídos de mastigação e... o silêncio. O Coelho, de novo, sai da toca e continua seu trabalho.
Lá dentro da toca, vêem-se uma enorme pilha de ossos, sangue e restos de pêlos de raposa e de lobo. Ao lado da pilha, um enorme Leão, orientador, satisfeito, bem alimentado e feliz com o excelente desempenho do Coelho: um inteligente e competente orientando.

MORAL DA HISTÓRIA
Não importa quão absurdo seja o tema de sua monografia cientifica.
Não importa se seu trabalho tem ou não fundamento cientifico.
Não importa se sua pesquisa é científica e se foi bem feita.
Não importa se seus experimentos chegarão ou não a provar sua hipótese.
Não importa se suas idéias vão contra o mais Óbvio bom senso e os fundamentos lógicos ou científicos.
Não importa se suas conclusões vão agradar ou não a academia.
Não importa se você fez ou não todo o trabalho seguindo rigorosamente as regras da ABNT.
O que importa, mesmo, é quem é o seu orientador, que, quanto mais fera, melhor.

MORAL DA MORAL

ORIENTANDOS, não acreditem muito no que foi escrito acima, especialmente quanto à MORAL. Tudo, evidentemente, não passa de uma simples história. Vale a pena seguir sempre seu ORIENTADOR, mas ele não precisa ser tão fera quanto um leão.

sábado, 16 de maio de 2009

Estamira por Contardo Calligaris


ESTAMIRA

por Contardo Calligaris
publicado em 8/7/2006.

Odiamos o outro não por ele ser diferente, mas para ignorar que ele é parecido conosco

DURANTE QUATRO anos, Marcos Prado escutou Estamira, uma senhora de mais de 60 anos que vivia entre seu barraco (habitado e cuidado com a dignidade devida a uma casa) e seu lugar de trabalho (um aterro de lixo, onde ela passava dias e noites a fio).

Dessa experiência, Prado fez um filme, "Estamira", que é um extraordinário documento sobre a humanidade da loucura. Ele nos apresenta o território de Estamira (o mundo físico pelo qual ela anda), suas relações (de família e de amizade) e seu mundo íntimo, ou seja, o sentido que ela atribui ao seu ser.

Alguns psicólogos reconhecerão nessa tríade (mundo físico, relações e intimidade) as três categorias da psicologia existencial de Ludwig Binswanger. Pensei em Binswanger e na generosidade de sua clínica e de seu pensamento quando, comentando o filme, uma amiga e colega me disse: "Estamira é delirante, mas suas palavras, poéticas, fantásticas ou brutais, são coisas que ela diz não porque é psicótica, mas porque é ela, Estamira".

Que falemos lugares-comuns (como a maioria dos neuróticos) ou expressemos curiosas visões do mundo (como quem parece delirar), de qualquer forma, não há quadro clínico que possa (e deva) anular a unicidade de nossa presença no mundo, a dignidade do que se chamava, tempo atrás, nossa "pessoa". Marcos Prado permitiu que Estamira lhe (e nos) falasse porque quis e soube escutá-la como se escuta, em princípio, um semelhante. Com isso, o filme é absolutamente imperdível para quem, "psi" ou não, esteja disposto a se aproximar da loucura, ou melhor, a descobrir que o "louco" é estranhamente próximo da gente.

A cosmologia de Estamira (o além, o além do além, o mundo abarrotado que transborda) e sua religião (uma briga constante com Deus e com o Trocadilho, face diabólica e maldita do mesmo) não são menos verossímeis do que muitas de nossas crenças. A diferença é que nossas crenças são delírios que tiveram sucesso e ganharam credibilidade por serem compartilhados pela maioria.

Estamira (esse talvez seja o drama fundamental da loucura) deve inventar sozinha os meios de dar sentido à sua presença no mundo. Ela consegue essa façanha atribuindo-se o destino de ter de transmitir o que ela vê.

O Trocadilho, ao persegui-la, lhe deu uma missão, que é (como esperar outra coisa de um deus com esse nome?) um jogo de palavras: Estamira é esta mira, o olhar que tudo vê e tudo deve revelar. Missão cumprida, graças a Marcos Prado.

Corolário: quem não acredita na reforma psiquiátrica veja o filme e se pergunte: será que nossa sociedade pode tolerar a loucura só na margem extrema (o além do além) do lixão ou na clausura dos hospícios?

Quero mencionar um outro filme, antes que saia de cartaz. "Transamérica", de Duncan Tucker, é uma ficção e, à primeira vista, pouco tem a ver com "Estamira". Salvo que ambos os filmes nos forçam a descobrir destinos e jeitos de estar no mundo que são, no melhor dos casos, objetos de nossos olhares compassivos ou, mais freqüentemente, de exclusão, zombaria e ódio. O ódio, nesses casos, é o índice de uma cegueira proposital: odiamos o outro não por ele ser diferente de nós, mas para poder ignorar que ele é parecido conosco.

O herói (ou a heroína) de "Transamérica" é um transexual que, na hora em que obtém, enfim, o direito de ser operado e mudar de gênero, descobre que é pai de um filho adolescente. Difícil assistir ao filme sem entender de vez o seguinte: o drama de quem vive num corpo que lhe parece estrangeiro (por ser de um gênero no qual ele não se reconhece) tem pouco a ver com os avatares do desejo sexual. É um drama de identidade.

Algumas leituras para a fila do cinema. A Martins Fontes publica os seminários de Michel Foucault: no ano passado, "Os Anormais" e, neste ano, "O Poder Psiquiátrico". O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos acaba de publicar "Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, Pesquisa na Nona Parada do Orgulho GLBT São Paulo 2005", de Carrara, Ramos, Simões e Facchini. A pesquisa confirma que, em matéria de discriminação, o transexual, que discorda de seu próprio gênero, é a vítima preferida.

É difícil abandonar o conforto da crença de que nós somos os "normais". Mais difícil ainda é admitir que a anatomia de nosso corpo possa não bastar para nos dar a certeza de que somos homem ou mulher.

sábado, 9 de maio de 2009

Esquizofrenia na novela

http://www.youtube.com/watch?v=AswEClIcX4g
http://www.youtube.com/watch?v=xHMqXFQ0YsI
http://www.youtube.com/watch?v=AswEClIcX4g&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=IV8y3yQaleI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=vOmeBbNoyL4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=WVfJPCaFVks&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zNbovPbjFHk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=mD-IfNjNWGw&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=fRAcV6ptl3I&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7oFWIuhbUI0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=YriE_vd4YZc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=PNMfw88w4BU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=5wF7QSmHSJ4&feature=related

site para baixar estes vídeos:
http://www.baixaki.com.br/busca.asp?q=atube&go.x=0&go.y=0
http://www.ziggi.com.br/downloads/atube-catcher.asp

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Psicanálise e Educação

PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

Alexandre Carlos
Carolina Luciana Ferreira
Elissandra de Oliveira
Marcela Darley Mariano
Paulla Dyelli
Phillipe César
Telma Nara da Silva


Belo Horizonte
Abril 2009
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma relação entre a psicanálise e a educação, dois temas tão complexos e alguns diriam impossíveis de serem vinculados.
Sabemos que não é possível estudar os indivíduos, seus processos de desenvolvimento e aprendizagem somente a partir da construção da inteligência e da racionalidade. O comportamento humano é determinado, também e principalmente por forças inconscientes, construídas ao longo das relações do indivíduo com outros indivíduos. E também pode-se inferir que os subprodutos da relação da criança com sua sexualidade que são subprodutos que constituirão o alicerce afetivo da sua personalidade.
Há uma passagem da natureza (comportamento biologicamente determinado) para um estado da cultura (constituição da autoridade, da lei ou dos limites) no aspecto sócio-afetivo. Facetas como transformação da energia instintiva em motivações, organização estrutural da personalidade e desenvolvimento psicossexual estão presentes no desenvolvimento humano como um todo e são forte influência no processo educativo e de aprendizagem.
Psicanálise
A expressão psicanálise designa uma ciência, área de conhecimento, escola psicológica que busca penetrar na dimensão do psiquismo humano para conhecê-lo. Possui um método, um conjunto de procedimentos para o estudo profundo dos fenômenos humanos. Através da associação livre (método interpretativo) ocorre um tratamento psicológico (psicoterapia, terapia analítica ou psicanalítica). A psicanálise divide o aparelho psíquico em três regiões: o Id, o Ego e o Superego que compõem a personalidade. O comportamento, por sua vez, resultará da interação entre eles. Os três atuam conjuntamente apesar de seus diferentes mecanismos.

Educação
Educação por definição seria um processo de desenvolvimento de aptidões, de atitudes e de outras formas de conduta exigidas pela sociedade, um processo globalizado que visa à formação integral de uma pessoa, para o atendimento às necessidades e às aspirações de natureza pessoal e social. Seria, além disso, um conjunto de atividades destinadas a transmitir conhecimentos, a fomentar valores morais e a compreender princípios fundamentais aplicáveis ao longo da vida. É um processo de conscientização crítica do conhecimento. A educação, quando ocorre de maneira informal, confunde-se com o fenômeno do crescimento; ao processar-se em um ambiente determinado e controlado, pode ser formal e informal. A Educação não ocorre apenas na escola; ela é um processo permanente que se efetua na família, na comunidade, no trabalho, na comunicação social, enfim, na interação do homem com o meio.
O conceito de educação ao longo da vida deve ser encarado como uma construção contínua que envolva a capacidade de raciocínio e discernimento, os saberes e aptidões. O papel dos professores, enquanto agentes de mudança, é fundamental no processo de ensino-aprendizagem, na formação de atitudes e na criação das condições necessárias para o sucesso da educação. Não basta transmitir conhecimentos aos alunos, é preciso adquirir uma visão crítica e reflexiva, despertando a curiosidade, a autonomia, o pesquisar, o desejo pelo conhecimento. Isto é dar condições para que os alunos “aprendam a aprender” para possibilitar uma educação ao longo da vida.
CONCEITOS IMPORTANTES EM PSICANÁLISE
Estruturas da Personalidade
Id: Reservatório de instintos e de toda energia do indivíduo. Representa o extrato biológico do homem e funciona segundo o princípio do prazer. Busca descarga imediata e total e não tolera frustrações ou inibições. Não possui lógica, razão, moral ou ética. Os desejos são onipotentes, não questionam adaptação física ou social. É quase em sua totalidade inconsciente. Freud tenta compreendê-lo através da análise dos sonhos, lapsos da via cotidiana, delírios, alucinações, da arte e dos rituais. O que interditará o Id serão o Ego e o Superego.
Ego: estruturas psíquicas de defesa e controle que surgem como conseqüência de embates do Id com a realidade. Governado pelo principio da realidade. Está a serviço do Id e da realidade procurando harmonizar suas demandas potencialmente conflitivas. O ego a partir deste desejo, procura na realidade formas de satisfação. Controla impulsos, retarda-os, os contem, reconcilia impulsos incompatíveis a fim de conseguir seus objetivos. Evita a descarga imediata dos instintos, fazendo o indivíduo suportar a frustração de um impulso não satisfeito. Seu desenvolvimento permite a pessoa pensar com lógica, dominando a capacidade de síntese, organizando a linguagem, desenvolvendo a memória e agindo diante da realidade, realizando trocas com o ambiente. O ego é a parte consciente e inconsciente.
Superego: exerce a ação controladora sobre o ego. Responsável pela internalização das normas, valores, costumes e padrões sociais. E a soma das restrições sociais com o que é valorizado socialmente. A criança ao nascer é simplesmente Id. Gradativamente, da necessidade de estabelecer trocas com o meio ambiente para satisfação dos impulsos instintivos, o Ego vai se formando. O Superego vai sendo introjetado mais tarde, não sendo, necessariamente uma representação exata das normais sociais, mas uma interpretação delas. O Superego é também chamado de Eu Ideal correspondendo a internalização dos ideais valorizados culturalmente. É a internalização das proibições sociais, e corresponde aos ideais sócias. É uma introjeção de parte do mundo externo que passa a fazer parte do interno. Efetua funções desempenhadas por outras pessoas: controla o Ego, dá ordens, julga-o, ameaça-o com punições, exatamente como os pais cujo lugar ocupou. Atua também sobre as intenções.
O Id e o Superego têm em comum a influencia do passado. O Id congrega a influência hereditária e o passado orgânico; O Superego a influencia das outras pessoas, ou do passado cultural. O Ego representa a experiência da própria pessoa.
Processos Mentais
Inconsciente: lugar teórico dos impulsos instintivos ou pulsões e das representações reprimidas ou daquelas que nunca chegaram a consciência. A nele energia instintiva livre, forças impulsionando a vida mental. São necessidades do organismo humano e do psiquismo como fome, sexo, curiosidade, etc. Há necessidades ou impulsos contrários às normas sociais como certos desejos sexuais e agressivos, onde a consciência censura não permitindo que sejam apresentados (recalque). O Id é propriamente inconsciente.
Consciente: é tudo que conhecemos. Percepção do mundo objetivo, lembranças, sentimentos, pensamentos, percepção do mundo objetivo. Um conteúdo mental para ter acesso a consciência precisa ser um acontecimento perceptível.
Pré - consciente: Sistema psíquico que serve de intermediário entre o inconsciente e a consciência. Nele estão às representações que podem se tornar conscientes. O pré-consciente tem função de selecionar os atos motores e as vias de pensamento para a consciência. As representações verbais ou sensoriais, do pré – consciente são facilmente acessíveis a consciência. O pré-consciente separa-se da consciência pela censura que não permite a passagem desses conteúdos para o pré-consciente sem sofrerem transformações.
Dinâmica da Personalidade e Fases do Desenvolvimento Sexual
Instinto: representação psicológica inata de uma fonte de excitação corpórea. A representação psicológica é o desejo e a excitação corpórea é a necessidade (como fome, sede, sexo, etc). É a quantidade de energia psíquica para movimentar as diferentes operações da personalidade. Tem sua sede no Id e origina-se no processo metabólico.
Instintos de Morte (pulsão de morte): São pulsões que tendem a reconduzir o ser vivo ao estado inorgânico. Quando voltadas para o interior tendem à autodestruição e quando dirigidas para o exterior manifestam-se sob a forma de agressividade e hostilidade.
Instintos de Vida (pulsão de vida): são os instintos que servem para a auto-conservação e perpetuação da espécie e que se contrapõem às pulsões de morte.
Castração: Complexo centrado na fantasia de castração, que vem trazer uma resposta à criança ao enigma decorrente da diferença anatômica entre os sexos (presença ou ausência de pênis). A diferença é atribuída ao corte do pênis das meninas. O complexo de castração está em íntima relação com o complexo de Édipo, especialmente na função de interdição.
O complexo de castração tem um lugar fundamental na evolução da sexualidade infantil. Sua estruturação e seus efeitos são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como a realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais (cujo objeto original é a mãe), do que advém a intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é vivenciada como um dano sofrido e que ela procura negar, compensar ou reparar.
Em relação ao complexo de Édipo, o complexo de castração também situa-se de maneira diferente em cada sexo: para a menina, a busca do pênis paterno (e seus equivalentes simbólicos, como ter um filho do pai) equivale ao momento de entrada no Édipo, enquanto que, no menino, o surgimento da angústia de castração sinaliza a crise final do Édipo, interditando à criança o objeto materno. A fantasia de castração é encontrada sob diferentes variações: o objeto ameaçado pode ser deslocado (cegueira de Édipo, arrancar os dentes, amputação de uma perna etc), o ato pode ser substituído por outros danos à integridade corporal (acidente, cirurgia, etc.) ou psíquica (loucura como conseqüência da masturbação) e o agente (pai) pode ser substituído (animais).
Seus efeitos clínicos vão desde a inveja do pênis, sentimento de inferioridade, tabu da virgindade, algumas fenômenos psicopatológicos presentes no homossexualismo e no fetichismo até à impotência e frigidez.
Projeção: Mecanismo de defesa que consiste em atribuir inconscientemente características e sentimentos a outros e perceber no mundo exterior suas próprias pulsões e seus conflitos interiores.
Recalque: é o mecanismo pelo qual o indivíduo procura reter no inconsciente representações ligadas a um instinto ou pulsão.
Transferência: processo psicológico que consiste em transferir para pessoas ou objetos neutros emoções e atitudes que existem no indivíduo desde a infância. Trata-se de uma relação afetiva particular da terapia analítica em que o paciente estabelece com o terapeuta ou professor (no caso) para reviver suas experiências passadas.
Libido: designação de energia sexual, ou seja, é a energia que constitui o substrato das transformações dos impulsos sexuais.
Fase Oral: primeira fase da organização da libido, na qual a zona oral (boca, lábios, língua) desempenha papel principal.
Fase Anal: segunda fase da organização da libido, na qual a primazia do prazer se encontra no ânus.
Fase Fálica: terceira fase da organização da libido, na qual o pênis é o objeto de interesse das crianças de ambos os sexos. “Fálico” origina-se do falo, que é a representação psíquica do poder, do pênis.
Fase Genital: quarta fase do desenvolvimento psicossexual, ou da organização da libido. As zonas erógenas das fases anteriores ficam subordinadas à pulsão sexual voltada para a reprodução.Há então uma consolidação da identidade e estabelecimento de uma moralidade autônoma e um compartilhamento do prazer com um outro indivíduo.
Contribuições da Psicanálise à Educação
Freud nutria a esperança de que a psicanálise, uma teoria explicativa da natureza, do funcionamento e da forma do desenvolvimento do psiquismo, pudesse contribuir para reformar os métodos e objetivos educacionais, exercendo assim uma ação profilática.
A educação é comentada na obra de Freud de forma dispersa. Entretanto, Freud parece refletir sobre a educação e sua importância vendo sua complexidade, chegando a afirmar que educar, ao lado de governar e ser psicanalista, é uma profissão impossível. A psicanálise se preocupa com a educação na medida em que percebe a importância dela para a organização psíquica do sujeito. Termos como recalque, castração, transferência são fundamentais também para um processo de aprendizagem.
Hoje há atos violentos cometidos pelos alunos em oposição à escola e ao professor. Existe uma violência simbólica e muitas vezes literal pela falta e desrespeito à Lei, antes “propriedade” do pai, hoje de outras instituições fora a família. Há também um autoritarismo na ilusão de substituir a autoridade e o respeito da parte dos educadores. Notamos hoje que o lugar do detentor do saber, que era o lugar e o privilégio do Outro, está “desinvestido”, e inclusive a dimensão da transferência hoje na relação professor-aluno.
Para que a criança tenha o desejo de aprender fica-se na dependência da posição em que o Outro (professor) se coloca em relação ao saber. Depende, além disso, de que aquilo que ela venha a receber do Outro, como modelos de identificação, significações que ordenem o real, esteja em posição significante, que façam a diferença na vida da criança, na sua realidade.
Hoje é preciso ter na interseção entre a Psicanálise e a Educação um olhar atento para a relação que se estabelece entre o educando e o educador e também a respeito das características sócio culturais da realidade.
Educação e transferência
Freud elaborou o conceito de transferência que é um fenômeno presente em toda situação em que duas pessoas se relacionam frente a frente. Esse fenômeno foi observado no tratamento analítico, entre o paciente e o médico como relação emocional especial porque vaia além dos limites racionais, variando de devoção e admiração até inimizade e hostilidade, sendo considerada, portanto, tanto positiva como negativa, um poderoso instrumento terapêutico desempenhando papel relevante no processo de cura.
Ela também ocorre na relação professor-aluno e nos permite refletir sobre o que possibilita ao aluno acreditar no professor e chegar a aprender. É um poderoso instrumento no processo de aprendizagem e é uma contribuição essencial da Psicanálise à educação.
A aprendizagem, que é um processo que vem junto à cultura, das práticas sociais no meio, passada a princípio pelos pais, é também passada pelas instituições, como exemplo as creches e escolas. E é a partir disso que se constrói um lugar de interação entre aquele que ensina e aquele que aprende.
O mestre (professor) deve então ser um mediador que faz todo um exercício profissional que se estende sob uma rede imaginária e simbólica que liga, articula, organiza, valoriza, prestigia e, portanto, atribui significação à prática individual de seus participantes (alunos). Nessa relação dos professores com sua função, com o saber e com o ensinar, ocorre um processo de transferência com o aluno, uma relação marcada pelo desejo tanto de um lado quanto de outro. E é através disso que há a possibilidade da transmissão dos conhecimentos, desse desejo de passar o saber aos seus alunos.
Educação, impulsos sexuais e sublimação
Observam-se aspectos flexíveis na sexualidade humana. Um impulso sexual não possui fixação e o objeto de satisfação é indiferente podendo ser uma mulher, ou uma parte de seu corpo, no caso da mãe que o seio que satisfaz o filho, ou mesmo para os fetichistas, os pés por exemplo. O objeto é desviante, intercambiável e pode ser direcionado para fins não sexuais, como ocorre na sublimação.
A sublimação implica no desvio de uma pulsão do desejo diretamente sexual para um fim socialmente útil. Por intermédio do mecanismo de sublimação os indivíduos podem dedicar-se a atividades relacionadas à arte, a ciência, a promoção de valores humanos e de melhores condições de vida. Há um investimento de libido, mas esta energia sexual não é utilizada para a finalidade sexo. O prazer na realização de uma tarefa traz a marca sutil da origem sexual no empenho e na paixão com que alguns indivíduos se dedicam.
Com relação à sexualidade, inicialmente Freud associou a doença nervosa a uma educação moral repressora. As noções de pecado, pudor, vergonha inibiram os impulsos sexuais limitando seu desenvolvimento. A psicanálise pode contribuir com a educação delimitando uma de suas tarefas: conseguir o equilíbrio usando sua autoridade na correção educativa necessária, mas não de forma excessiva, o que traria maior sensação de desprazer. O limite dos impulsos sexuais seria o recalque, visando a preservação do indivíduo e de sue grupo.
É importante que o educador saiba utilizar a energia dos impulsos. No caso do voyeur é preciso fazê-lo contemplar o mundo e os objetos a sua volta, compreendê-los e estabelecer um novo saber que transforme curiosidade em desejo de conhecimento, em curiosidade intelectual. É fundamental que o professor não recrimine a criança (com pulsão de sucção) por levar à boca qualquer tipo de objeto, mas lhe forneça conhecimento, atividades lúdicas e artísticas, a fim de nutri-la intelectualmente. Esta é a proposta da psicanálise: utilizar as características e os instintos do indivíduo para fins úteis à sociedade mediante sublimação, fazendo com que o educador possa buscar com o educando o justo equilíbrio entre o prazer individual e as necessidades coletivas.
A educação deveria ser considerada um estímulo para a submissão do princípio do prazer ao princípio da realidade. Uma educação para a realidade teria como objetivo impedir o homem de permanecer na infância levando-o a enfrentar a vida.

CONCLUSÃO
A aplicação da psicanálise à educação
A Psicanálise pode ser útil aos educadores à medida que serve como fonte de compreensão do desenvolvimento psíquico e afetivo do ser humano. É uma abordagem que trata das questões do desenvolvimento psicossexual infantil, das relações da criança com a família, do educando com o educador, quando trata-se da transferência, bem como da economia psíquica do educador. A Psicanálise pode oferecer condições para o professor lidar com o aluno em sala de aula, na situação de aprendizagem, podendo levar a melhorias do desempenho das próprias funções.
Uma discussão interessante é a respeito da relação de autoridade em sala de aula, dos vínculos criados a partir dessa relação, na qual o educador deve renunciar ao controle aversivo sobre os educandos. Outra questão é até que ponto a relação transferencial entre professor e aluno está interferindo na aprendizagem, ou seja, no trabalho pedagógico como um todo.
O inconsciente exerce uma função no aprendizado do indivíduo, já que é para lá que alguns conteúdos irão, não ficando disponíveis ao consciente do aluno, de modo que ele não consegue expor certas idéias, embora estas tenham um simbolismo muito importante. Além de deixar o professor em um lugar de não saber se o aluno realmente aprendeu determinado conteúdo.
A noção de sujeito de desejo em psicanálise, segundo Maciel (2005), refere-se ao fato deste se relacionar não só com objetos de necessidade, mas também com objetos de desejo que passam pelos significados construídos nas interações que os sujeitos estabelecem entre si. É importante que se tome cuidado para não moldar a criança ao ideal do eu do educador, ou seja, os professores quererem modificar o aluno à sua imagem, tomando para si a função de modelo.
Outra contribuição da psicanálise à educação refere-se ao papel da educação como auxiliar da sublimação sexual, já que, para Freud, a curiosidade intelectual é derivada da curiosidade sexual. Mas, deve-se tomar certo cuidado para que o desvio pulsional não seja excessivo, inibindo o sujeito de desejo.
Um alerta é dado: o professor não tem controle total dos efeitos de suas palavras sobre os alunos, portanto, não saberá o que o aluno fará com aquelas idéias e com o que as associará. Dessa forma, se faz importante que o professor tenha conhecimento do poder de influência que exerce e das formas mais adequadas para lidar com isso.
REFERÊNCIA:
- Ministério da Educação e Cultura. Serviço de estatística educacional. Cuiabá: SEC/MT; Rio de Janeiro: FENAME, 1981. Disponível em http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/thesaurus.asp?te1=122175&te2=105836&te3=122199&te4=36676. 02/04/2009.
- CARRARA, Kester (org.). Introdução a Psicologia da Educação: Seis Abordagens. Editora: AVERCAMP. São Paulo, 2004.
- CUNHA, Marcus Vinícius da. A Psicologia na Educação: dos paradigmas científicos às finalidades educacionais. Revista da faculdade de Educação. V.24 n.2 .São Paulo. Jul/dez. 1998.

- MACIEL, Maria Regina. Sobre a relação entre Educação e Psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação. Interface- comunicação, saúde e educação. v.9 n.17 mar/ago 2005.
- COUTINHO, Maria Tereza da Cunha & MOREIRA, Mércia. Psicologia da Educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos voltado para a educação. 10 ed. Ver. E ampl. – Belo Horizonte: Formato Editorial, 2004.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Behaviorismo e Educação

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
7º PERÍODO – MANHÃ






BEHAVIORISMO E EDUCAÇÃO


ALESSANDRA BELMONTE
DANILE BASTOS
IGOR TEIXEIRA
ISABELLA S. SANTOS
KERLLEN DE OLIVEIRA
LAÍS CURY
SAULO COSTA












BELO HORIZONTE
MARÇO/2009
BEHAVIORISMO E EDUCAÇÃO

Apresentar as contribuições do behaviorismo dentro dos processos educacionais, fazendo um paralelo entre psicologia e educação é o que propõe este trabalho. Para o desenvolvimento deste utilizaremos os preceitos skinnerianos dando enfoque ao instrumento fundamental de modelagem que é o reforço, mostrando como este se aplica dentro da educação, assim como os demais conceitos trabalhados por este teórico.

Na década de 30, Skinner propõe estudos de animais, (ratos e pombos), a fim de descrever as leis que controlam o comportamento de qualquer ser vivo, inclusive o homem. Segundo Carmo (2003) que interessava para Skinner era a observação e o registro de uma resposta, produzindo assim uma mudança no ambiente. Era importante verificar a freqüência com o que aquele comportamento aconteceria de acordo com a mudança ambiental produzida.

Para Silva (2005) “Skinner considera aquilo pode ser observável, portanto se refere a uma psicologia em que as condições do meio (estímulos) se associam e afetam as respostas do organismo”. Podemos pensar, portanto que a aprendizagem é uma associação entre estímulos e respostas.

Baseando-se na abordagem behaviorista o comportamento operante é um comportamento apreendido através de associações dentro de um contexto complexo que se estabelecem em todas as relações sociais. É a psicologia viu no sistema educacional um amplo terreno para o seu crescimento.

O reforço é uma das formas de se instituir um comportamento. Logo após a resposta dá-se o reforço para um aumento da probabilidade da incidência do comportamento em questão. Há dois tipos de reforços: o positivo e negativo.

O reforçamento positivo ocorre quando a presença de um estímulo aumenta a possibilidade de determinada resposta, por exemplo, na sala de aula, quando um aluno dá uma resposta correta a professora o elogia. O reforço negativo é quando há ausência de um estímulo e este fato faz com que aumente a probabilidade do aparecimento da resposta, isso se exemplifica quando um aluno, na ausência de notas boas, ele passa a emitir um comportamento de estudar.
Na educação, o behaviorismo é um fator a ser considerado, uma vez que o comportamento dos alunos é uma resposta ao ambiente e nessa visão todo comportamento pode ser aprendido. Portanto, o professor deve construir um ambiente em que o comportamento correto do estudante seja reforçado.

Segundo Azevedo (2008) Skinner apontou alguns princípios importantes para um ensino de qualidade: 1- clareza sobre que comportamento se deseja ensinar e quais habilidades e conceitos que os alunos devem dominar; 2- a necessidade de ser apresentado reforçadores imediatamente após a emissão de um comportamento que se queira fortalecer; 3- o uso do princípio de subdividir o conhecimento em pequenos passos, o professor dá inicialmente o máximo de ajuda ao aluno e diminui gradualmente; 4- para aprendizagens mais complexas, deve-se ao mesmo tempo descrever cada passo necessário para a execução.

Existe também segundo Skinner o controle aversivo. Para Azevedo (2008) o ato de expor o aluno a constrangimento moral, crítica, retirada de privilégios, pode ser chamado de controle aversivo. Esses acontecimentos podem causar prejuízos no aprendizado, pois o aluno irá trabalhar, no inicio, para fugir da estimulação aversiva, no entanto com o tempo ele poderá descobrir outros meios de esquivar, como por exemplo, chegando atrasado, ou não prestando atenção, tornar-se agressivo e recusar a obedecer e ate mesmo abandonar os estudos quando adquirir o direito legal de fazê-lo. No campo da aprendizagem escolar Skinner tentou demonstrar que, mediante ameaças e castigos se conseguem resultados positivos menores do que com o reforçamento positivo.

Com o intuito de suprir as dificuldades encontradas para na educação, Skinner propôs as chamas maquinas de aprender, que segundo Azevedo (2008) é “Baseadas em estímulos que provocam respostas, seguidas, caso a resposta esteja correta, de uma compensação (passagem ao estágio seguinte, por exemplo) permite a interação aluno/professor mediada pelo equipamento”.

Há varias criticas a respeito do Behaviorismo entre elas a mais importante segundo Batista (2003) é a ineficiência do analista do comportamento em comunicar o que sabe, utilizando-se de palavras técnicas que muitas vezes são desconhecidas pelos professores atuantes. O autor cita também, a respeito do Behaviorismo possuir uma visão mecanicista de homem.
Bibliografia:

AZEVEDO, Quitéria Medeiros; LIMA, Lívia Ferreira; SILVA, Adalberto Tavarez. Teoria da aprendizagem e ensino das ciências. 2008

BATISTA, Marcelo Quintino Galvão; CARMO, João dos Santos. Comunicação dos conhecimentos produzidos em análise do comportamento: uma competência a ser aprendida? Estudo de Psicologia. Natal, Vol. 08, 03. Natal SEP./DEC. 2003

RODRIGUES, Maria Ester. Behaviorismo: mito, discordâncias, conceitos e preconceitos. Revista de Educação Educere at Educare. Vol.01 nº02 jul/dez. 2006

SILVA, José Emanuel. Um berço para o homem e o legado skinneriano na educação: do behaviorismo a um novo paradigma para a sociedade do conhecimento. Instituto Politécnico da Guarda. 2005

WEBER, L.N.D. (2002). Conceitos e pré-conceitos sobre behaviorismo. Psicologia Argumento, 20(31), 29-38.

Transpessoal e Educação

A Psicologia Transpessoal surge de um questionamento dentro do seio humanista que indagava a incompletude das teorias até então vigentes. Sobre o enfoque transpessoal a educação deveria possibilitar a formação do ser de forma integral, ocorrendo a comunicação entre a ciência e a espiritualidade contribuindo assim para o desenvolvimento do ser humano completo, o que caracteriza a educação holística. A educação integral deve possibilitar o autoconhecimento para a descoberta das dimensões transpessoais, deve também propiciar uma integração entre as diferentes áreas de conhecimento através da inter e transdicisplinaridade oportunizando a aproximação efetiva do aluno com questões próximas a suas vivencias e aos conhecimentos propostos. Educar é visto como conduzir o que esta dentro do educando para fora, para que este possa se auto reconhecer e conhecer. Sendo necessário que o educador possibilite ao educando uma maior descoberta da sua própria natureza humana. Ser educado não quer dizer ter bons modos sociais, mas sim ter em si os verdadeiros valores da natureza humana, a verdade, a justiça, amor e solidariedade. Postula que o professor deve ter um melhor auto conhecimento de suas dimensões pessoais e transpessoais, pois assim estimulara o individuo no seu desenvolvimento integral. Assim o educador deverá dar uma maior importância ao autoconhecimento e ao trabalho interno sobre si mesmo, o que possibilita uma melhor condução de sua prática. O verdadeiro educador seria uma pessoa verdadeira e honesta consigo mesma, empenhada em sua auto realização.
A educação transpessoal reconhece que embora o sujeito receba influências do meio não é moldado por ele, sendo que a educação só será possível efetivamente quando o aluno percebe o estímulo como significativo no seu processo evolutivo, ou seja, contextualizável com sua realidade. Admiti que o aprender não significa ser instruído por agentes externos e também que a aprendizagem não pode ser compreendida como internalização de representações, mas sim que as mudanças ocorridas no organismo são provenientes de um contato próximo da própria estrutura do sujeito com o meio. O que quer dizer que o desenvolvimento psicológico dos indivíduos é também um processo de autocondução e autoconstrução, uma vez que a intencionalidade destes contatos é diferente de acordo a percepção de cada um. Sendo assim, cada organismo se torna diferente do outro ao longo do tempo, caracterizado pelo caminho único e individual pelo qual passou durante seu processo desenvolvimentístico. O que demonstra a importância de conhecer a historicidade do individuo, suas crenças, aquilo que durante sua trajetória social incorporou – se na sua personalidade, para daí ativar seu potencial latente e estimular o seu processo evolutivo. Tal atitude contribui para uma melhor aprendizagem do conteúdo passado e à própria evolução do individuo. Pois cada vez que o aluno responde as influências do meio em contato com as suas questões internas, ocorrerão alterações no seu comportamento que influenciaram sua contínua evolução.
REFERÊNCIAS


BERGER, Maria Virgínia Bernardi. Educação Transpessoal: integrando o saber ao ser no processo educativo. 2001. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.

FURLAN, Vera Irma. Uma nova suavidade e profundidade... o despertar transpessoal e a (re) educação. 1998. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Existencialismo e Educação

PUCMG - UNIDADE SÃO GABRIEL
Psicologia - 7º período - manhã
1º Semestre/2009

Giane Alves de Melo e Assis Cunha
Luciana Maria Cezário Coelho
Maria da Piedade Cortes Rodrigues









Existencialismo e Educação





Trabalho elaborado para preparação de Seminário, solicitado na disciplina Psicologia e Educação, ministrada pela professora Mariana Sobreira Maciel, no 7º período do curso de Psicologia, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.






Belo Horizonte
Março 2009
































Nossos sinceros agradecimentos à professora Maria Madalena Magnabosco que se dispôs de muito boa vontade em nos auxiliar no Seminário sobre o Existencialismo e a Educação.

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
(Cora Coralina)

























"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
(João Guimarães Rosa)
1. Introdução

Na concepção existencialista, o ser humano é consciência ativa e, portanto, construtor da realidade. Conseqüentemente, o ser humano é definido como um ser histórico e social, e o que o define enquanto tal é a reflexão do histórico-social como memória pessoal. Cada animal é sempre um primeiro animal, mas cada ser humano é seu meio histórico e social, e é, ademais, a reflexão e a contribuição à transformação ou inércia desse meio. Portanto, o ser humano é acima de tudo, um construtor; e é a intencionalidade humana o que move o mundo, que o transforma.
Já não se pode sustentar uma educação cuja concepção do ser humano seja a de um ser passivo, mero receptor ou reflexo de uma suposta “ordem natural” ou “condições objetivas” que o determinam mecanicamente. Mas hoje é claro que a educação vê o aluno ou “educando” como um sujeito passivo, receptor de conteúdos que lhe vão entregando. Menos evidente é que o educador também é visto como um sujeito passivo, que simplesmente deve resumir-se a aplicar planos e programas que têm sido desenvolvidos por funcionários da ordem e poder estabelecidos. Há uma concepção de paradigmas antigos, onde os conhecimentos passados são objetos externos ao sujeito. Os conhecimentos e a informação deveriam ser algo que se adquire porque outra pessoa o transmite, ou porque se busca e se adquire tal qual se entregue pela fonte que os origina. Nessa idéia, o conhecimento estaria fora do sujeito e este deveria ir buscá-lo. O conhecimento mais que um objeto externo, se constrói internamente.
Um dos objetivos deste trabalho é abordar os principais representantes do Existencialismo, enfatizando a contribuição de cada um para a educação e críticas que ajudam na construção de novas estratégias de aprendizagem e em sua aplicação prática na área educacional.
Os representantes do Existencialismo, Hegel, Sartre, Carl Rogers, Heidegger, Victor Frankl, Paulo Freire, Rubem Alves, dentre outros, afirmam que a educação verdadeira é aquela que possibilita o homem a construção de sua essência a partir da liberdade.
A educação deve transformar o homem em ser autêntico, e não em apenas mais um no “rebanho”. Portanto a educação como impositora de normas para a reprodução do sistema, não serve para o Existencialismo, pois transforma o homem em inautêntico já que o ensina a respeitar a moral da aceitação e da submissão.

2. A Educação pela Ótica de Alguns Representantes do Existencialismo

Na filosofia de Hegel, a educação é um tema fundamental. O conceito de educação em Hegel compreende em buscar reconciliar os extremos o tempo todo. Por isso, o absoluto passa necessariamente pela história e esta se encontra fundada em sua transcendência, isto é, no vir a ser. O divino obtém consistência por ser a essência do homem e da natureza. Ser como essência do outro é o que garante a realidade do eu.
Com respeito à educação, Heidegger a entende, não como um depósito de conhecimentos, mas como o aprender a apreender. Entendendo o aprender como o de um matemata (algo que pode ser aprendido), a educação, em vista do processo de ensino/aprendizagem, é aquilo que desenvolve meios para que, a partir de sucessivas aproximações à matéria, o discente aprenda a se conduzir no ato de conhecimento. Uma vez sabendo o modo de sua abordagem, é possível fazer conhecido o que era desconhecido e desafiador, compreendendo-o e, até mesmo, conduzindo outros autenticamente à mesma compreensão. O ensinar/aprender é, então, pensado como a descoberta e a consecutiva construção do conhecimento e não mais uma instrução. Empenhado em aprender, o discente é aquele que vê, remontada na tarefa do estudar, a própria existência. Pois, o aprender, bem como o existir, é a situação instável na qual ele sempre e a cada vez conquista seu mundo. Daí, o aprender estar associado ao risco existencial de ser ou não ser; e ao empenho de continuar sendo; da busca, nesse modo de existir, de algo que lhe seria próprio; de todos seus riscos, ao contrário do solo capaz de ser apontado seguro. Nesses termos, também na relação de aprendizagem, seria necessário o destemor para constatarmos que: “Nada somos; tudo é o que procuramos”.
A filosofia de Jean Paul Sartre é conhecida pela ênfase no indivíduo e na intransigente defesa da liberdade individual. O filosofo existencialista via a resistência como a qualidade que torna a liberdade possível. Segundo este filósofo, é o Outro que me torna um ser humano, sendo que este não é apenas um ser-para-si, mas, um ser-para-o-outro. Sartre defendia uma educação mais individualista, dialógica, libertária, com maior percepção social e mais zelosa com relação às necessidades e afirmação do individuo. Estas concepções nos fazem refletir sobre a autenticidade provocada pela forma de abordar a educação. Considerando que a autenticidade requer que estejamos plenamente conscientes de nosso ser-para-o-outro e que o aceitemos, mas não o podemos fazer sem o auxílio do Outro.
O autor Viktor E. Frankl produziu uma teoria chamada logoterapia. Inicialmente, a logoterapia esteve voltada à psicoterapia através do sentido da vida, porém seus postulados tomaram proporções maiores sendo utilizados em outros campos de conhecimento, como por exemplo, a Educação. Frankl escreveu mais de trinta e dois livros, sendo possível extrair de suas obras fundamentos educacionais que têm como suportes filosóficos a fenomenologia, o existencialismo e o humanismo existencial. Segundo o autor, a existência humana vacila, desmorona se não for vivida no cotidiano com sentido e com qualidade de auto-transcendência.
Na concepção de Carl Rogers, a aprendizagem deve ser significativa, o que acontece mais facilmente quando as situações são percebidas como problemáticas, portanto pode-se dizer que só se aprende aquilo que é necessário, não se pode ensinar diretamente a nenhuma pessoa.
Para Paulo Freire, o conhecimento não é algo passado de alguém que sabe tudo para alguém que está para aprender, mas algo que acontece do relacionamento do homem com o ambiente em que vive e mudando a própria história. Uma relação de troca cultural, pois aquele que aprende, transforma o mundo e a si mesmo.
O educar permite ao homem a construir sua trajetória, libertando-o do determinismo. Tendo em vista, a importância de considerar a história, o lugar individual e o coletivo, tais considerações facilitam ao educando dar significados reais às palavras. Não são apenas meras palavras, já que proporcionarão uma comunicação de aprendizagem entre os seres que constituem alma, desejo e sentimento.
Paulo Freire percebe o homem como um ser autônomo por ter a capacidade de transformar o mundo e sua história nesse mundo.
A educação caracterizada por este autor, é algo correspondente ao que ele chama de intencionalidade, ou seja, a capacidade do homem em extrair do mundo coisas que podem contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento.
Na perspectiva de Rubem Alves, o estudo é focado mais nas reflexões acerca da verdadeira função da escola (problemática apontada pelo Existencialismo) do que na forma como se dá a aprendizagem em si.

3. Existencialismo e Educação

Em Hegel a educação é o meio pelo qual o homem supera o estado de natureza o qual não pode perder de vista porque é a referência para a superação. O homem existe entre a determinação do natural e a indeterminação do espírito. A natureza está marcada pelo dever ser enquanto o homem situa-se no poder ser. A educação potencializa a dinamicidade do espírito frente à natureza que deve ser objeto de ruptura para o homem. Este deve impor limites à natureza para assim contribuir também para a transcendência da mesma.
No contexto educacional, “uma boa base na filosofia sartreana poderia possibilitar que o educador dê às crianças a assistência de que precisam para tratar de maneira positiva os dilemas existenciais com os quais necessariamente se defrontarão” (BURSTOW, 2000).
Carl Rogers utiliza um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade, Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se auto-dirija, ou seja, “caminhe com suas próprias pernas”. Rogers propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento. Uma das idéias mais importantes na obra de Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela.
A educação caracterizada por Paulo Freire é algo correspondente ao que ele chama de intencionalidade, ou seja, a capacidade do homem em extrair do mundo coisas que podem contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento.

3.1. Críticas à Educação e a Algumas Teorias Existencialistas Aplicadas à Educação

A concepção Hegel no ponto de vista da educação precisa ser tomada em seu contexto de origem, ou seja, é preciso reconhecer as limitações presentes nas posturas assumidas pelo próprio Hegel. Os desafios postos pela metodologia dialética em Hegel, pelas suas características de atualidade estão diretamente ligados a relação com o mundo através do trabalho; a relação entre o indivíduo e a sociedade como elemento formador; a formação humanista e a modernidade e a valorização do rigor e do conteúdo podem constituir aspectos que apresentem pertinência para o presente.
Benhamida afirma que no universo sartreano não há crianças, mas Sartre via a infância como a fase do impulso inicial e os primeiros anos como o período em que se faz a escolha fundamental.
A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica, sua teoria é idealista, da corrente também denominada de romântica, irrealizável para seus críticos. Porém, na obra rogeriana são notáveis os seguintes aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto e a preparação da opinião pública para as mudanças possíveis.
De acordo com Rubem Alves, em muitos casos, a tarefa de educar é vista como uma imposição, instigando a formação de seres passivos, que apenas repetem fórmulas e conceitos, ao passo que deveria estimular a formação de pensadores, de pessoas autônomas, que sentem prazer em estudar, objetivando um futuro promissor.

3.2. Aplicação da Teoria Existencialista à Educação em Conformidade com Alguns Representantes Existencialistas

O conceito de educação tradicional está sendo rapidamente superado pela História. A educação, em tal caso, torna-se cada vez mais vazia de sentido. Se entendemos a educação com uma finalidade de instrução e transmissão de conhecimento, sua obsolescência é evidente ao existir meios muito mais eficazes e amplos de se ter acesso à informação como, por exemplo, as bibliotecas audiovisuais, as bases de dados, as redes informáticas, etc.
Para Hegel a escola é uma particularidade do absoluto que aparece na totalidade da história humana, porém toda parte constrói a totalidade ainda que não o queira. A missão da escola é a de ser mediação entre a família e o mundo e isto implica na preparação para a vida pública. A família já é o convívio entre diferentes, mas, na sociedade, os laços que unem as diferenças superam as determinações particulares pelos elos da razão e do espírito.
Segundo a perspectiva sartreana, a facticidade existe. Entretanto, Sartre vê tudo isso como interagindo e condicionando-se com essa liberdade original que é o individuo. Vê o educador obrigado a respeitar e até estimular essa liberdade. Defende uma educação intrinsecamente ligada às necessidades do indivíduo.
Carl Rogers enfatiza que na educação a função do professor é desenvolver uma relação pessoal com seus alunos e estabelecer nas aulas a realização de clima natural dessas tendências. Portanto o professor é um facilitador da aprendizagem significativa, fazendo parte do grupo e não estando colocado acima dele, este também é um dos pressupostos básicos da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto interacional da situação de aprendizagem, visando às relações interpessoais e intergrupais.
O professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem, não havendo avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; implica em uma filosofia democrática, organização pedagógica flexível é por meio de atos que se adquirem aprendizagens mais significativas, sendo uma contínua abertura à experiência e à incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.
Em seus textos “Gaiola e asas” e “As tarefas da educação”, utilizando uma linguagem poética, Rubem Alves busca compreender e alertar a respeito da forma como a escola aborda a educação. Ele aponta os paradigmas encontrados na relação professor/aluno.

4. Considerações Finais

Para o Existencialismo a essência humana se constrói na existência concreta. O homem nasce sem essência, e somente depois, a partir de sua existência, irá construir sua essência como homem. Contudo, a educação não deve levar o homem, pois ele deverá conduzir-se. A educação então deverá lhe abrir a possibilidade, talvez lhe mostrar o caminho. E isto só é possível através de uma educação libertadora em todos os sentidos.
Muito se tem escrito sobre a perspectiva existencial em educação. Os principais autores são: Becker, Brown, Drews, Eble, Leeper, Leornard, Neill e Raths. Para esses autores o conceito de psicologia existencial em educação significa: "... educação que enfatiza a pessoa, suas potencialidades e individuação, sua auto-realização, sua descoberta de significado de vida”.(GREENING, 149). Rollo May expõe haver a necessidade de adaptar o sistema educacional ao contexto mundial. Hoje o que temos como contexto mundial é: uma crescente densidade populacional, um elevado nível de tecnologia e industrialização e a constante destruição da natureza. Com isso, temos que a adaptação que se necessita fazer na educação, no atual momento, é criar no indivíduo uma consciência, para que ele seja capaz de realizar suas próprias escolhas e que ele tem liberdade para fazê-las e se responsabilizar por tais escolhas.
A atual educação concebe o ser humano como ser racional, atribuindo à função intelectual maior preponderância sobre as funções emotivas e motrizes. Devido a essa concepção, o que se transmite é somente instrução, informação e/ou dados.
Para finalizar, pode-se constatar que um problema exposto por essa corrente é que a educação como criadora de consciência possui uma difícil tarefa que é reexaminar como fomos conduzidos até o atual momento e como podemos mudá-lo.


5. Referências

AGUILAR, Mario A. e BIZE, Rebeca B.“Geração De Educadores Pela Mudança E Pela Diversidade”. Santiago De Chile, março/98.

ALVES, Rubem. Gaiolas e asas. Folha de S. Paulo, Tendências e debates, 05/12/2001 Disponível em: http://www.rubemalves.com.br/gaiolaseasas.htm

BURSTOW, Bonnie: A filosofia sartreana como fundamento da educação. Educação e Sociedade vol.21, n.70: Campinas Apr.2000 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73302000000100007&script=sci_arttext

CENTRO DE REFERÊNCIA EDUCACIONAL. Artigo sobre Carl Rogers e Educação. Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/carl.html

MADEIRA, Allen W. Allen W. Wood. Hegel sobre a educação, Amélie O. Rorty (ed.) como filosofia da educação. London:Routledge, 1998.
MATURANA, Humberto. Artigo «Educar para colaborar ou para competir « Revista de Pedagogia, pág, 133; 1997)
Disponível em: http://www.geocities.com/eduriedades/rollomay.html, pesquisado em 10/03/09.
Disponível em: http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/32042562.html, pesquisado em 10/03/09.
Convidada especial: Maria Madalena Magnabosco, professora do FEAD – Centro de Gestão Empreendedora, onde ministra as disciplinas de Metodologia Científica, Metodologia Científica II, Metodologia de pesquisa em psicologia do trânsito, Estágio Supervisionado Básico II, Psicologia do Desenvolvimento-Adolescência e Psicologia Social II. (e-mail: maria.magnabosco@terra.com.br)