quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Em vez do consultório, a tela do computador

TENDÊNCIA

Psicologia se rende à Internet e adeptos começam a lotar os "divãs" virtuais


Ajuda ao alcance de um clique. Uma alternativa que resgatou a arquiteta Carolina (nome fictício), de 39 anos, de um momento de angústia e medo enquanto fazia o mestrado na França.
Adepta da terapia convencional, a mineira encontrou em um site de psicologia o auxílio para encarar um momento de solidão e dificuldades longe do marido e dos filhos.

"Resolvi fazer um teste e experimentar. Descobri por acaso na Internet. Poder desabafar, na minha língua, com um profissional do meu país foi muito bom. Foi uma experiência ótima naquele momento", contou a arquiteta, ainda fã da prática online.

A correria do trabalho para casa, compromissos e criação dos filhos tornaram a alternativa também bem-vinda no próprio país. "Acho que a comodidade e o fato de trabalhar direto com o computador acabou juntando o útil ao agradável. Você não tem que se deslocar e acaba achando até melhor", revela a adepta, que se consulta a cada 15 dias.

A nova tendência da psicologia online ainda está engatinhando no país. A prática é reconhecida e aprovada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) há pouco mais de quatro anos e exige selo de aprovação do órgão disponibilizado no site para o público.

De acordo com a vice-presidente do CFP, Ana Lopes, a rede mundial de computadores não pode ser descartada já que é uma ferramenta importante de comunicação da atualidade. "As pessoas usam a rede o tempo todo. No entanto, como é um recurso novo na prática psicológica, temos buscado organizá-lo para que sejam mantidos os princípios éticos da psicologia", explicou Ana Lopes.
Entre as poucas páginas disponíveis na Internet, Belo Horizonte está representada com um site de uma equipe de sete psicólogos gabaritados, com comprovação disponibilizada para quem quiser conferir o serviço.

Idealizado pela psicoterapeuta Laura Ciruffo, o site batizado de Pseu oferece atendimento para casos de ansiedade, fobias, estresse, dificuldades nas relações interpessoais e outros problemas por meio do messenger.

"Não temos a pretensão e não é a ideia de substituir a terapia presencial, que é fundamental em muitos casos. Alguns, por exemplo, são encaminhados para tratamento convencional, com terapia, e até para psiquiatras, dependendo do caso", explica Laura.

O perfil dos usuários do serviço, como a própria Internet, está longe de ser homogêneo.

Pessoas do Japão e de outros Estados já experimentaram o atendimento da equipe e pelos mais diversos motivos. "Acho que ainda é cedo para fazer um diagnóstico. Esse trabalho também será usado como pesquisa para o avanço da modalidade", adianta a psicóloga.



Alex de Jesus

Serviço ajudou arquiteta a aliviar distância da família
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Serviço ajudou arquiteta a aliviar distância da família

Cuidado com a escolha

O alerta dos profissionais é para que os interessados no serviço de atendimento psicológico via Internet sejam criteriosos na hora da escolha.

Como explica a psicóloga Ana Maria Lé Sénéchal, que atende pelo site, a seriedade é fundamental para o sucesso da prática. "Tem que ter o selo do CFP aprovando o site. A desconfiança já é grande em relação à Internet. Por isso, é necessário esse controle."
Desde que foi criado, o site www.pseuonline.com tem registrado uma média mensal de procura de 300 atendimentos.


Atualmente, 14 sites têm o selo e estão autorizados pelo conselho de psicologia a prestar o serviço.

Preços

Os preços de atendimento online variam, mas a média de custo, muitas vezes, é até um terço mais barato que nos consultórios e gira em torno de R$ 40. Entre as comodidades do serviço estãoficar livre de empecilhos como tempo, trânsito ou localidade.

Publicado em: 01/02/2009