segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

DICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO (adaptado)

• Vc. deve evitar abrev., etc.
• Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.
• Anule aliterações altamente abusivas.
• “não esqueça das maiúsculas”, como já dizia dona luzia, minha professora lá no colégio antônia ferreira, no são joão batista.
• Evite chavões assim como o diabo foge da cruz.
• O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
• Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
• Chute o balde no emprego de gíria, mesmo que sejam maneiras... tá ligado?
• Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa merda.
• Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.
• Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
• Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
• Frases incompletas podem causar
• Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.
• Seja mais ou menos específico.
• Frases com apenas uma palavra? Jamais!
• A voz passiva deve ser evitada.
• Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe mais usar o sinal de interrogação
• Quem precisa de perguntas retóricas?
• Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
• Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.
• Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”
• Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
• Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível! Sério!!!
• Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
• Cuidado com a hortographia, para não deturpar a língüa portuguêza.
• Seja incisivo e coerente, ou não.”
JORNAL CARREIRA & SUCESSO - 12 de junho de 2000 - 34ª. EDIÇÃO

sábado, 5 de dezembro de 2009

TEORIAS E PRÁTICAS PSICOTERÁPICAS

TEORIAS E PRÁTICAS PSICOTERÁPICAS
RESUMO GERAL

10/08/2009
Perguntas da Fenomenologia:
Como?
Quando?
Para quê?
Obs.: a pergunta “por que” é da Psicanálise ou da Psicodinâmica (Freud, Lacan e Jung).

Alguns comentários na aula:

Os psicólogos fenomenológicos descrevem. Os psicodinâmicos interpretam.
Os objetivos básicos da clínica são: menos sofrimento e mais crescimento (capacidade individual).
Movimento estereotipado = aquele que gasta mais energia do que precisa.

Teoria Analítica Junguiana

Tipos de ego em Jung:

1. Rígido: não escuta o ics
2. Frágil: escuta demais o ics
3. Saudável (fortalecido): ouve o ics, mas faz a escolha

Conceitos Importantes:

Numem = quantum de energia em Jung.
Holístico = sistêmico. Muda-se para um, muda para todos.
Personalidade: ego + ics coletivo + ics individual (persona + anima/animus + sombra – estes são do inconsciente coletivo).
Ego: Cs.
Self: personalidade plenamente desenvolvida e unificada. O principal símbolo do self é a mandala ou círculo mágico. A maior descoberta de Jung é o conceito de self.
Ics coletivo: é universal. É muito voltado para o primitivo
Ics individual: é formado pelo depósito das experiências de tudo o que aconteceu com a pessoa.
Todo mito é um arquétipo. Só se faz presente quando uma situação chama por ele.
Arquétipo ou ics coletivo = é uma imagem carregada de energia que tem início, meio e fim. É mais primitivo que complexo. Ele aparece na vida da pessoa quando uma situação ambiental chama por ele. É formado pelo depósito de todas as experiências de todos os seres humanos.
Complexo = idéia carregada de energia boa ou ruim que não foi metabolizada. Este conceito é compartilhado para Freud e Jung.
Solução Homeostática = melhor solução que busque o equilíbrio. Homeostase através da compensação.

Alguns comentários na aula:

O ics junguiano manda recados.
Para Jung saúde é sinal de equilíbrio.
Todo conhecimento é parte do sujeito e parte do objeto.
Jung teve como base para a sua teoria, pacientes psiquiátricos.
Para Carl Gustav Jung a religião é essencial para a vida.
Para Jung a personalidade é construída ao longo da existência.
Para Jung toda energia é orgânica.
Para Jung todos os arquétipos são homeostáticos e compensatórios.
Trauma é algo muito forte que não se consegue elaborar. Seja coisa boa ou ruim. A energia fica fixada.
Sonho para a Teoria Analítica Junguiana é recado do ics.
O ics busca equilíbrio orgânico “mandando recados”.


Psicanálise

O ics freudiano realiza desejo.
Psicanálise do ego, Neo Psicanálise e Psicanálise dinâmica ou Psicodinâmica é a mesma coisa. A Psicanálise clássica é diferente das citadas.
Freud teve como base para a sua teoria, adultos neuróticos.
Para Freud, saúde é a capacidade de amar e trabalhar.
Para Freud a religião é uma alucinação coletiva. E toda alucinação é patológica.
Para Freud a personalidade forma na infância.
Para Freud toda energia é sexual.
Pulsão não é mental, é biológica. (na verdade parte do biológico para o psíquico)
Quando o desejo é oposto à vontade, apresenta-se através de ato falho, chiste e sonho.
Sonho para a Psicanálise é realização de desejo.
O ics é amoral, não tem julgamento de valor.
Não existe esquecimento. É ato falho.
Todo desejo tem uma representação (imagem) e um afeto (emoção ou sentimento). No deslocamento, a pulsão sexual é direcionada para um ou o outro.
A Psicanálise parte da premissa que o ics de todas as pessoas funciona da mesma forma, o que muda é o conteúdo. Por isso que o psicanalista pode interpretar.
Função paterna = remete à castração.
Função materna = remete a acolhimento.
Tudo o que não se consegue metabolizar, cria complexo, seja a falta ou o excesso.
A ética na Psicanálise é a ética do desejo. Não me submeto no desejo do psicanalista e ele não se submete ao meu desejo. Qualquer postura de dominação não é ética em Psicanálise.

Fases Psicossexuais::

1. Oral (passiva e agressiva): morder, por na boca, conhecer o mundo com a boca.
2. Anal: controle de soltar ou reter. Ex. guardar ou não dinheiro, segredo, informação.
3. Fálica: a criança descobre se tem ou não tem pinto. O prazer é autoerótico e só nos genitais
... Édipo/Electra...:
4. Latência:
5. Genital: não é mais autoerótica. As principais diferenças desta fase para a fálica são: Capacidade reprodutiva/O prazer é no corpo todo e não só nos genitais/Vê o outro como pessoa e não como objeto.

Temos um pouco de libido fixada em cada fase.
O primeiro amor da mulher é homossexual pela mãe, depois que troca de objeto.
A amizade é uma pseudo sublimação pq tem um interesse sexual.

Estruturas:

Psicose: não reconhece a lei porque não passou pela castração (forclusão).
Freud nunca atendeu o pequeno Hans, o pai dele que era atendido.
Neurose: a culpa é o que marca a neurose. Se sentir culpado está fora das estruturas psicótica e perversa. O neurótico sente culpa até do que não fez. Para Freud a culpa é saudável.
Perversão: conhece a lei, mas burla-a. O perverso tem medo da punição e esta é uma forma de tratá-lo, incutindo medo. O psicopata “fere” as pessoas. O sociopata “fere” as regras sociais.
Mecanismos de Defesa:
1. Atuação = colocar o desejo para funcionar, sem avaliar. Ex. tá com raiva de si mesmo e corta os pulsos. Outro ex. mandar o analista tomar naquele lugar.
2. Formação Reativa = fugir do próprio desejo fazendo o oposto. Ex. o cara gosta de gays e diz: _ odeio gays”
3. Introjeção
4. Negação (ab-negação) = não perceber algo de si. Falta de disconfiômetro. Não perceber algo nos outros com relação a si.
5. Projeção
6. Racionalização = é diferente de mentira. A pessoa cria uma desculpa para tamponar a falha ou o desejo que não realizou. Ex. ele me deixou pq não me merecia.
7. Recalque = o ego nunca viu o conteúdo.
8. Regressão = quando nasce um irmãozinho, a criança volta a fazer xixi na cama.
9. Repressão = o ego já viu o conteúdo, mas esqueceu. Ex. abuso sexual na infância. Já houve uma experiência.
10. Sublimação = usar a libido em qualquer atividade que não seja sexual. Ex. arte.
Técnicas Psicanalíticas:
1. Devolução da Pergunta = não se responde nenhuma pergunta pessoal em Psicanálise. Ex. se o cliente perguntar se vc é casado, devolva assim: que importância tem pra vc se eu sou casado?
2. Escuta flutuante = não presta atenção querendo escutar, mas nas pistas (imagens e afetos que surgem) e intervém na hora certa, qdo algo de significativo surge.
3. Associação Livre = não linear, não precisa ter nexo. Um símbolo remete a outro símbolo.
4. Interpretação: interpretação e pontuação têm um sentido amplo e um sentido restrito. Qdo usados como téc. estão no sentido restrito. Deve-se conciliar pelo menos duas partes para interpretar:

Vida Atual




Vida Pregressa (infância) Relação Transferencial
Sonho: O sonho não é aleatório. É preciso “conhecer” os desejos não realizados do cliente para poder interpretar o sonho. Não dá para interpretar pela universalidade, como em Jung.
5. Manejo do Silêncio
6. Manejo do Tempo (Freud e Lacan) = em Freud é começar e terminar a sessão no horário combinado. Quem não obedece à regra é perverso. Em Lacan não é cronológico. É o tempo ics, ou seja, enquanto não surgir algo do ics, não encerra a sessão. É o tempo lógico.
7. Pontuação = o significado está escondido no significante. Parte do pressuposto de Lacan que na linguagem o ics se estrutura. (O analista se atem a pontos-chaves da fala e busca implicar o cliente neles. Isto é pontuação no sentido amplo) Ex. a analisanda diz: depois (pois dê) que me separei (se/parei) de fulano, danei a comer biscoito (coito bis – o próprio biscoito é um símbolo fálico). O analista interpreta e pontua a resistência também. Ex. se o cliente disser: “vc só me atendeu 5 min”, o analista diz: “vc está me cobrando como se cobrasse de sua mãe, tchau e volte na semana que vem”.

O que está em evidência na relação direta do analisando com o analista é o que está evidente em sua vida nas outras relações.
O psicanalista clássico não é dialógico, só abre a boca para interpretar e pontuar.
Depois que se estabelece a transferência e pára de “fazer fofoca”, ou seja, passa a falar apenas de si mesmo e começa a associar livremente, já pode deitar no divã.
A ansiedade faz a análise ser produtiva.

Melanie Klein

Melanie Klein dizia que há uma escolha objetal primitiva antes da escolha edípica. A criança desiste da escolha edípica não só por medo da castração, mas por amor ao pai (menino) ou à mãe (menina).
Para M. Klein apenas a culpa não garante a saúde mental. A pessoa tem que sentir-se mal com a culpa e realizar um ato concreto de reparação para ter saúde.
Na Psicanálise kleiniana há a possibilidade do sujeito deixar de ser psicótico na análise porque se ele foi castrado no Édipo primitivo e não no freudiano, pode retomar a 1ª castração.
M. Klein não usa o conceito freudiano de estruturas e acredita numa maneira nova de funcionar.
Possibilidade é diferente de probabilidade.


DEFESAS BEM MAL
Histeria Fora Dentro
Paranóica Dentro Fora
Obsessiva Dentro Dentro
Fóbica Fora Fora

M. KLEIN FREUD
Crianças Adulto
Amor Medo
Reparação Culpa
Posição Estrutura

Fenomenologia
Gestalt-terapia e Terapia Centrada na Pessoa (TCP) ou Humanismo rogeriano

Ics em Gestalt é falta de ciência, alienação.
A intencionalidade está na ação e não na cabeça.
Sempre quando falar de mim ou de minha opinião, devo perguntar ao cliente o que ele sente sobre o que falei.
Uma escolha saudável não gera culpa, ansiedade e intui as possíveis conseqüências.
Em Fenomenologia não existe essência da coisa, só do fenômeno.
A essência do fenômeno é relacional. Não misturar com Sartre. “ A existência precede a essência”.
Individualismo é diferente de egoísmo, no sentido filosófico.
Existem 4 sentimentos básicos para a Gestalt e para ser normal tem que explodir das 4 maneiras: felicidade (riso), tristeza (choro), raiva (agressão=usar a energia para mostrar seu lugar no mundo) e prazer (gozo. Não precisa ser sexual).
O ser humano possui 4 bases: biológica, cultural, espiritual (valores e sentido da vida) e mental (desejos e racionalidade).
O ser humano é um processo, tanto na direção da saúde, quanto na direção da doença. Não existem estruturas. Não há determinismos.
Para Victor Frankl só traz sentido o que é autotranscendente, ou seja, a pessoa deve abandonar-se em detrimento de algo ou alguém.
Existem 4 maneiras possíveis de encontrar sentido para FRANKL: religiosidade (é diferente de religião, pode estar junto ou não), trabalho, amor e sofrimento autotranscendentes.
O ser humano é livre e responsável, holista, autopoiético e buscar por sentido.
Em Fenomenologia a pessoa não reage a mim, mas à relação comigo. Na relação eu-tu o hífen é o mais importante porque simboliza a relação.
Quanto mais forte estiver o cliente, mais eu posso confrontá-lo e quanto mais frágil, mais eu devo acolhê-lo.
O cliente precisa conhecer, aceitar e expressar os próprios sentimentos.
Homossexualismo egodistônico é problema porque a pessoa é e não se aceita. Pode aceitar (mais comum) ou mudar o objeto.
Em Fenomenologia neurose é sinônimo de patologia, doença.
Utiliza-se os conceitos de saudável e neurótico, como padrões de funcionamento. A pessoa pode ser ora um, ora outro.
Alguns teóricos usam três categorias:
1. Neurótico = dá mta atenção pra sociedade e pouca pra si.
2. Antissocial = se dá mta atenção e pouca para a sociedade.
3. Saudável = trata igualmente os campos fenomênicos interno e externo.
Escolha Saudável = não causa ansiedade, nem culpa e a pessoa é capaz de considerar as possíveis conseqüências. Se escolher para o outro, já é uma escolha neurótica a priori. Ex. a mulher trai o marido e não usa preservativo. A escolha saudável, considera a si e o outro.
A pessoa saudável mantém um padrão aprox. de 80% de saúde, o terapeuta deve ter um padrão de 90% para dar conta de auxiliar o outro.
Ansiedade em Fenomenologia = medo projetado no futuro.




14/10/2009
Método Fenomenológico:

1. Epoché: Suspender o juízo de valor.
2. Redução Eidética: descrever o que vê.
3. Redução Transcendental: procurar algo humano no fenômeno.
4. Hermenêutica Compreensiva: dar sentido a algo. Pedir ao cliente o significado.

Patologias:

1. Neurose (antissocial)
2. Alienação
3. Juízo de Valor

Técnicas Fenomenológicas:

1. Ampliação (só para quem está forte e agüenta confronto): além de ampliar, deve-se estereotipar. Exagerar no que o cliente traz. Ex. da porca gorda.
2. Constelação = parte-se do princípio da comunicação energética ou da comunicação ics/ics. Os participantes sabem reagir conforme os participantes reais. É como o psicodrama, mas o sujeito não dirige os outros participantes.
3. Derreflexão = O objetivo é eliminar a ansiedade secundária e trazer algo transcendente. A pessoa tem que abandonar a postura egocêntrica e assumir uma atitude autotranscendente. Concentrar no que existe de autotranscendente na conduta do cliente. Ex. se a pessoa tem vergonha de apresentar trabalho, basta pensar que vai ser útil para ensinar algo pra turma. Outro ex. é a disfunção sexual neurótica, ou seja, brochar por medo de brochar. É só concentrar no prazer do outro que resolve.
4. Espelhamento corporal = repetir o movimento ou postura corporal do cliente para desalienar.
5. Espelhamento Rogeriano ou verbal = o terapeuta aponta o que é central na fala da pessoa. Convém mais à TCP (Terapia Centrada na Pessoa), que nas outras abordagens fenomenológicas.
6. Feedback corporal = descrever, sem fantasiar, o que vc percebe no cliente.
7. Focalização = faz a pessoa entrar em contato consigo mesma de forma genuína e autêntica e naturalmente ela começa a metabolizar o autoconhecimento. Aceitar o que vc é hj. A pessoa deve focalizar no que é para metabolizar o sentimento.
8. Hermenêutica
9. Imaginação de vivências = leva a pessoa a imaginar como seria a experiência real para perceber se gosta ou não.
10. Intenção Paradoxal = o terapeuta propõe eliminar o medo secundário e exteriorizar o medo primário, rindo de vc mesmo. Ex. só qdo aparecer a barata ou o obj. do medo.
11. Monodrama
12. Polaridade ou Cadeira Vazia = é um monodrama. Lembrar do exemplo do médico que tinha que escolher entre casar, cuidar do pai doente ou aceitar uma proposta de trabalho para o Pará. O terapeuta coloca 3 cadeiras e cada hora o cliente senta em uma para tentar convencer as outras duas.
13. Presentificação = trazer situações do passado ou do futuro para o aqui-agora e perguntar como a pessoa sente-se.
14. Psicodrama = o sujeito central é o diretor. Ele que escolhe os papéis. É em grupo. Funciona como a cadeira vazia e o cliente escolhe quais pessoas do grupo vão ocupar as cadeiras.
15. Relação dialógica direta = o terapeuta fala o que sente ou como o corpo reage ou uma memória (fala de si e não do outro) e pergunta como o cliente se sente ao saber do que ele disse.

Relação terapauta-terapeutizando:

1. Aceitação incondicional = vale para o terapeuta e seu cliente. Aceitar os próprios sentimentos e os do terapeutizando (tudo, não só o sentimento)
2. Contatos regulados por ética (individual) e não moral (societária) = não trabalha a moral, mas a ética.
3. Empatia (Até existe transferência em Fenomenologia, mas o cliente não projeta o sentimento como se fosse um outro. É o terapeuta mesmo ou Entropia (usar o meu tesão para entender o tesão do cliente. É diferente de empatia (sentir com), que só considera o tesão do cliente.)
4. Eu-tu (prioritariamente)
5. Genuinidade = falar de si, demonstrar os seus sentimentos.
6. Horizontalidade = significa que deve haver a mínima diferença hierárquica possível entre o cliente e o terapeuta. É parecida com a relação eu-tu.
7. Relação Dialógica = o foco é na relação com o cliente e não o cliente.
8. Simpatia (posturas acolhedoras) e Antipatia (posturas confrontadoras)

Em Fenomenologia a relação terapêutica é mais importante que qualquer técnica.
O terapeuta para Rogers tem que ter genuinidade, aceitação incondicional e empatia ( entropia em gestalt).
Concordar é o mesmo que “eu faria igual”.
Aceitar é respeitar a escolha do outro.

26/10/2009
Contatos:

Todo contato acontece na fronteira, mas é percebido subjetivamente e a percepção pode ser na fronteira, dentro ou fora dela.
Fronteira = espaço de contato entre vc e o outro, entre o mundo interno e o externo, entre o indivíduo e o ambiente.
Contato dentro da fronteira
Os contatos são saudáveis, rotineiros, não geram aprendizagem de novos padrões comportamentais, não causa culpa, ansiedade e banca as possíveis conseqüências.
Contatos na fronteira:
Gera aumento da energia interna, o que os americanos chamam de exciment, ou ansiedade boa.
Contatos fora da fronteira:
Não significa sofrimento. Sofrimento é vida.
É tão agressivo que a pessoa não dá conta de assimilá-lo, gerando regressão, desaprendizagem.
É um contato neurótico porque a pessoa não banca as possíveis conseqüências.
A regressão é o que marca o contato fora da fronteira.

Alguns comentários na aula:

Drive = impulso, instinto, em Fenomenologia.
A pessoa controla o drive, não controla é o ato.
Sempre que o cliente estiver no mundo das idéias, temos que trazê-lo para uma experiência concreta. Ex. - Sou ciumenta!
- Como é sentir ciúme para vc?
Na relação terapêutica todos crescem.
É possível ser um bom terapeuta sem usar técnicas.
Segundo Rogers, um bom terapeuta tem genuinidade, aceitação incondicional e empatia.
É necessário assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos e não transferir a culpa. Ex.: quando vc disse isso eu fiquei puta e não pq vc disse isso eu fiquei puta.
Em Fenomenologia o terapeutizando pode saber sobre o terapeuta. Não tem problema se não houver mistura.
Sempre que falar de si, tem que perguntar como a pessoa se sente ao ouvir.

28/10/2009

A Fenomenologia considera 4 sentimentos básicos: alegria, tristeza, raiva e prazer sexual. Alguns teóricos consideram a dor também. Isso para qualquer ser humano em qualquer cultura.
Em Fenomenologia as perguntas diretas respondemos, as manipulativas, cortamos.

09/11/2009
Mecanismos Neuróticos:

1. Confluência = evita o conflito igualando-se ao outro ou o igualando a si. É por identificação.
2. Deflexão = ou joga no objeto errado (deflexão objetal), ou joga no objeto certo de modo errado (deflexão modal). A deflexão serve para diminuir a energia do sistema. Ex. chorar de raiva.
3. Introjeção = pega-se do ambiente ou de pessoas significativas, idéias e/ou valores, sem avaliar se serve ou não para si. Tem a ver com idéia de juízos de valores. É automático.
4. Projeção = a pessoa é alienada ou percebe e não aceita certa característica sua e a atribui a outro. Ex. Jogar em outro o medo que é seu. É sempre por diferença, já a confluência é por identificação
5. Retroflexão = a pessoa deveria direcionar a energia dela para o campo fenomênico externo, mas não consegue e direciona para o interno.
Obs.: sempre que der exemplo de retroflexão, deve-se explicitar o objeto certo da energia.

Alguns comentários na aula:

Assimilação = aprendizagem saudável, escolha de vida.
Oligofrênicos (déficit intelectual) e autistas não adianta fazer terapia Gestalt.

Referência:

KAITEL, Alexandre Frank. Aulas expositivas de Teorias e Práticas Psicoterápicas, BH, Ago a Nov/2009.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"NORMOSE" (a doença de ser normal)

Todo mundo quer se encaixar num padrão.

Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar.

O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se "normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.

A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento que "exercem" tanto poder sobre nossas vidas?
Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Então, como aliviar os sintomas desta doença?
Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.

Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais,
porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgue o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
Michel Schimidt
Psicoterapeuta

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Orientador, Orientando e Outros Bichos

SANTOS, Clóvis Roberto dos;
NORONHA, Rogéria Toler da Silva de.
Monografias científicas: TCC, dissertação, tese. São Paulo: Avercamp, 2005.


Monografia: Orientador, Orientando e Outros Bichos

Adaptação de CLÓVIS ROBERTO DOS SANTOS

Num belo dia de sol, de uma enorme toca sai o Coelho com seu notebook e, embaixo de uma frondosa árvore, põe-se a trabalhar, com afinco, em sua monografia cientifica (TCC de graduação ou de especialização, dissertação de mestrado ou tese de doutorado, pouco Importa).
Tão distraído estava, que não percebeu o aproximar-se de uma Raposa, que não havia nem concluído o Ensino Fundamental.
Ao ver aquele coelhinho tão gordinho, a Raposa logo pensou: "Que belo e suculento almoço vou ter hoje, ficando, ao mesmo tempo, intrigada com a concentração e a Intensa atividade do Coelho.
Aproximando-se mais e, curiosa por natureza, ela pergunta:
- Coelhinho, o que você está fazendo aí com tanta atenção?
- Estou redigindo o final de minha monografia científica, que tem um tema bem intrigante e Inédito, "Os predadores naturais do reino animal, um estudo baseado no pragmatismo de Dewey e na gastronomia pantagruélica de RabeJais, com enfoque no materialismo lógico de Aristóteles". Minha apresentação (ou qualificação, ou defesa) será no final deste mês, e meu orientador é muito exigente.
Como você deve saber, os orientadores são realmente umas feras.
- E o que você está querendo provar com essa tal mono..., o que mesmo?
- Monografia, sua ignorante, que significa, conforme a etimologia grega da palavra, mono (um) e grafia (escrita), isto é, trabalho acadêmico escrito sobre um único tema. Tenho um problema: quem é realmente predador no reino dos animais?
Minha hipótese, agora, é a de que os coelhos é que são os predadores naturais das raposas.
- Oral Que ridícula essa sua hipo... não sei o quê I Nós, as raposas, é que somos predadores naturais de coelhos - observou a Raposa, superindignada.
- De jeito nenhum Queira, por favor, acompanhar-me até a toca ai em frente, que vou lhe mostrar minha prova experimental. É preciso demonstrar a cientificidade do trabalho para que minhas conclusões tenham validade perante os meios acadêmicos.
Em seguida, ambos entram na enorme toca. Imediatamente. Surgem de lá de dentro alguns ruídos estranhos e, depois, silêncio absoluto. Minutos depois, o Coelho volta sozinho, e continua a elaborar seu trabalho.
Tão compenetrado ficou, que não percebeu aproximar-se um enorme e faminto Lobo também, como a Raposa, analfabeto funcional: conseguiu terminar o II ciclo do Ensino Fundamental graças a tal de progressão continuada das escolas públicas estaduais de São Paulo), muito feliz por se deparar com tão fácil e belo jantar.
Porém, diante de tamanha concentração do Coelho, o Lobo resolve antes saber a razão de tudo aquilo e lhe pergunta:
- Olá, jovem coelhinho, o que faz você trabalhar com tanto entusiasmo?
- Minha monografia científica, Senhor Lobo. Neste momento, estou querendo provar minha hipótese de que os coelhos são os predadores naturais dos lobos.
- Coelhinho apetitoso e inocente, isto é um despropósito, embora nem saiba o que quer dizer monografia científica e muito menos hipótese, tema etc. Nós, lobos, é que somos os genuínos predadores de coelhos.
- Desculpe-me, mas, se você quiser, posso apresentar minha prova experimental. Acompanhe-me até a toca aí em frente.
O Lobo não conseguia acreditar na sua sorte. Uma bela refeição sem grandes esforços. Ambos entram e, alguns minutos depois, ouvem-se estranhos ruídos de mastigação e... o silêncio. O Coelho, de novo, sai da toca e continua seu trabalho.
Lá dentro da toca, vêem-se uma enorme pilha de ossos, sangue e restos de pêlos de raposa e de lobo. Ao lado da pilha, um enorme Leão, orientador, satisfeito, bem alimentado e feliz com o excelente desempenho do Coelho: um inteligente e competente orientando.

MORAL DA HISTÓRIA
Não importa quão absurdo seja o tema de sua monografia cientifica.
Não importa se seu trabalho tem ou não fundamento cientifico.
Não importa se sua pesquisa é científica e se foi bem feita.
Não importa se seus experimentos chegarão ou não a provar sua hipótese.
Não importa se suas idéias vão contra o mais Óbvio bom senso e os fundamentos lógicos ou científicos.
Não importa se suas conclusões vão agradar ou não a academia.
Não importa se você fez ou não todo o trabalho seguindo rigorosamente as regras da ABNT.
O que importa, mesmo, é quem é o seu orientador, que, quanto mais fera, melhor.

MORAL DA MORAL

ORIENTANDOS, não acreditem muito no que foi escrito acima, especialmente quanto à MORAL. Tudo, evidentemente, não passa de uma simples história. Vale a pena seguir sempre seu ORIENTADOR, mas ele não precisa ser tão fera quanto um leão.

sábado, 16 de maio de 2009

Estamira por Contardo Calligaris


ESTAMIRA

por Contardo Calligaris
publicado em 8/7/2006.

Odiamos o outro não por ele ser diferente, mas para ignorar que ele é parecido conosco

DURANTE QUATRO anos, Marcos Prado escutou Estamira, uma senhora de mais de 60 anos que vivia entre seu barraco (habitado e cuidado com a dignidade devida a uma casa) e seu lugar de trabalho (um aterro de lixo, onde ela passava dias e noites a fio).

Dessa experiência, Prado fez um filme, "Estamira", que é um extraordinário documento sobre a humanidade da loucura. Ele nos apresenta o território de Estamira (o mundo físico pelo qual ela anda), suas relações (de família e de amizade) e seu mundo íntimo, ou seja, o sentido que ela atribui ao seu ser.

Alguns psicólogos reconhecerão nessa tríade (mundo físico, relações e intimidade) as três categorias da psicologia existencial de Ludwig Binswanger. Pensei em Binswanger e na generosidade de sua clínica e de seu pensamento quando, comentando o filme, uma amiga e colega me disse: "Estamira é delirante, mas suas palavras, poéticas, fantásticas ou brutais, são coisas que ela diz não porque é psicótica, mas porque é ela, Estamira".

Que falemos lugares-comuns (como a maioria dos neuróticos) ou expressemos curiosas visões do mundo (como quem parece delirar), de qualquer forma, não há quadro clínico que possa (e deva) anular a unicidade de nossa presença no mundo, a dignidade do que se chamava, tempo atrás, nossa "pessoa". Marcos Prado permitiu que Estamira lhe (e nos) falasse porque quis e soube escutá-la como se escuta, em princípio, um semelhante. Com isso, o filme é absolutamente imperdível para quem, "psi" ou não, esteja disposto a se aproximar da loucura, ou melhor, a descobrir que o "louco" é estranhamente próximo da gente.

A cosmologia de Estamira (o além, o além do além, o mundo abarrotado que transborda) e sua religião (uma briga constante com Deus e com o Trocadilho, face diabólica e maldita do mesmo) não são menos verossímeis do que muitas de nossas crenças. A diferença é que nossas crenças são delírios que tiveram sucesso e ganharam credibilidade por serem compartilhados pela maioria.

Estamira (esse talvez seja o drama fundamental da loucura) deve inventar sozinha os meios de dar sentido à sua presença no mundo. Ela consegue essa façanha atribuindo-se o destino de ter de transmitir o que ela vê.

O Trocadilho, ao persegui-la, lhe deu uma missão, que é (como esperar outra coisa de um deus com esse nome?) um jogo de palavras: Estamira é esta mira, o olhar que tudo vê e tudo deve revelar. Missão cumprida, graças a Marcos Prado.

Corolário: quem não acredita na reforma psiquiátrica veja o filme e se pergunte: será que nossa sociedade pode tolerar a loucura só na margem extrema (o além do além) do lixão ou na clausura dos hospícios?

Quero mencionar um outro filme, antes que saia de cartaz. "Transamérica", de Duncan Tucker, é uma ficção e, à primeira vista, pouco tem a ver com "Estamira". Salvo que ambos os filmes nos forçam a descobrir destinos e jeitos de estar no mundo que são, no melhor dos casos, objetos de nossos olhares compassivos ou, mais freqüentemente, de exclusão, zombaria e ódio. O ódio, nesses casos, é o índice de uma cegueira proposital: odiamos o outro não por ele ser diferente de nós, mas para poder ignorar que ele é parecido conosco.

O herói (ou a heroína) de "Transamérica" é um transexual que, na hora em que obtém, enfim, o direito de ser operado e mudar de gênero, descobre que é pai de um filho adolescente. Difícil assistir ao filme sem entender de vez o seguinte: o drama de quem vive num corpo que lhe parece estrangeiro (por ser de um gênero no qual ele não se reconhece) tem pouco a ver com os avatares do desejo sexual. É um drama de identidade.

Algumas leituras para a fila do cinema. A Martins Fontes publica os seminários de Michel Foucault: no ano passado, "Os Anormais" e, neste ano, "O Poder Psiquiátrico". O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos acaba de publicar "Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, Pesquisa na Nona Parada do Orgulho GLBT São Paulo 2005", de Carrara, Ramos, Simões e Facchini. A pesquisa confirma que, em matéria de discriminação, o transexual, que discorda de seu próprio gênero, é a vítima preferida.

É difícil abandonar o conforto da crença de que nós somos os "normais". Mais difícil ainda é admitir que a anatomia de nosso corpo possa não bastar para nos dar a certeza de que somos homem ou mulher.