quarta-feira, 22 de abril de 2009

Humanismo e Educação

ABORDAGEM HUMANISTA E SUA PRESENÇA NO CAMPO EDUCACIONAL
I. HUMANISMO
Na década de 1950, o campo da Psicologia, particularmente na América do Norte, foi dominado pela psicanálise e pelo behaviorismo. Os profissionais dedicados à clinica preferiram a psicanálise, enquanto os pesquisadores experimentais tendiam a seguir os preceitos do behaviorismo. Mas, nem todos os psicólogos se sentiam a vontade com as abordagem existentes. Alguns achavam o behaviorismo muito limitado, porque se concentrava em respostas especificas, ignorando a pessoa como um todo. Outros achavam a psicanálise excessivamente rígida e muito pessimista.
Destas preocupações surgiu a abordagem humanista, lembrando que alguns pioneiros desta abordagem eram de início, psicanalistas. A abordagem humanista abarca vários teóricos, que aplicaram outros rótulos ás suas perspectivas teóricas, tais como psicologia “existencial” ou “fenomenológica” . É considerada a 3ª força na psicologia.
A. Duas suposições que são básicas na abordagem humanista:
1. A crença de que o comportamento deve ser entendido em termos da experiência subjetiva do individuo. Se você deseja entender o comportamento, declaram os humanistas, precisa entender a pessoa que está produzindo o comportamento – incluindo a maneira como a pessoa enxerga o mundo – ponto de vista fenomenológico.
2. O comportamento não é restrito à sua experiência passada ou ás circunstâncias atuais. Ou seja, o modo como agimos não é simplesmente uma resposta a um estimulo imediato (behaviorismo) , nem apenas determinado pelos eventos anteriores (psicanálise).

B. CARL ROGERS – o mais importante teórico humanista: nasceu em Chicago em 1902. Formado em História e Psicologia, aplicou à Educação princípios da Psicologia Clínica, foi psicoterapeuta por mais de 30 anos.
No Brasil suas idéias tiveram difusão na década de 70, em confronto direto com as idéias Comportamentalistas (behaviorismo).
Rogers é considerado um representante da corrente humanista, não diretiva, em educação. Ele concebe o ser humano como fundamentalmente bom e curioso, que, porém, precisa de ajuda para poder evoluir. Eis a razão da necessidade de técnicas de intervenção facilitadoras.
O rogerianismo na educação aparece como um movimento complexo que implica uma filosofia da educação, uma teoria da aprendizagem, uma prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação política - no sentido de que, para desenvolver-se uma educação centrada na pessoa, é preciso que as estruturas da instituição - escola- mudem.

II. Implicações do Humanismo no domínio da Educação
 Necessidade de a aprendizagem ser significativa, o que acontece mais facilmente quando as situações são percebidas como problemáticas, portanto pode-se dizer que só se aprende aquilo que é necessário, não se pode ensinar diretamente a nenhuma pessoa;
 Autenticidade do professor, isto é, a aprendizagem pode ser facilitada se ele for congruente. Isso implica que o professor tenha uma consciência plena das atitudes que assume, sentindo-se receptivo perante seus sentimentos reais, tornando-se uma pessoa real na relação com seus alunos;
 Aceitação e compreensão: a aprendizagem significativa é possível se o professor for capaz de aceitar o aluno tal como ele é, compreendendo os sentimentos que este manifesta, pois a aprendizagem autêntica é baseada na aceitação incondicional do outro;
 Tendência dos alunos para se afirmarem, isto é , os estudantes que estão em contato real com os problemas da vida, procuram aprender, desejam crescer e descobrir, querem criar, o que, pressupõe uma confiança básica na pessoa, no seu próprio crescimento;
 A função do professor consistiria no desenvolvimento de uma relação pessoal com seus alunos e de o estabelecimento de um clima nas aulas que possibilitasse a realização natural dessas tendências; portanto o professor é um facilitador da aprendizagem significativa, fazendo parte do grupo e não estando colocado acima dele; este também é um dos pressupostos básicos da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto interacional da situação de aprendizagem, visando às relações interpessoais e intergrupais;
 O professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem, não havendo avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; implica em uma filosofia democrática;
 Organização pedagógica flexível;
 É por meio de atos que se adquire aprendizagens mais significativas;
 A aprendizagem mais socialmente útil, no mundo moderno, é a do próprio processo de aprendizagem, uma contínua abertura à experiência e à incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.


III. METODOLOGIA: como metodologia o humanismo sugere para a educação o método não-diretivo. É um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade, Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija. Rogers propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento.
Uma das idéias mais importantes na obra de Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela.

Interacionismo e Educação

1) Introdução:
1.1) Compreendendo o conceito de interacionismo a partir de uma história:
SOBRE ROCAS E FUSOS
“Estou escrevendo este livro por causa da Bela Adormecida”.
Para mim, essa é uma história em que toda a tragédia acontece porque os pais da princesinha teimavam em acreditar que deveria afastar todo o mal para longe da menina. Mas ainda, estavam convencidos de ter poderes suficientes para isso. O pior é que eles viviam repetindo a mesma bobagem, como se não fossem capazes de aprender com a própria experiência.
Pois veja: para o batizado da menina, deixaram de convidar a velha bruxa, porque ela era feia e malvada, e eles achavam que a feiúra e a maldade não podiam fazer parte da festa. Mas, como essas coisas fazem parte da vida a bruxa invadiu o palácio mesmo sem convite. E, para vingar a afronta recebida, lançou uma maldição sobre a criança.
Não seria melhor ter convidado logo a malvada e dado a ela uma porção de coisas boas de comer e de beber, para aplacar seu mau gênio? Não seria mil vezes preferível tê-la como hóspede a tê-la como inimiga?
Mas a bem-intencionada bobeira dos pais foi ainda mais longe. Ao ouvir da bruxa que a princesinha, aos quinze anos, iria ferir-se gravemente com uma roca de fiar, o que fez o pai? Mandou banir do reino inteiro todas as rocas de fiar. Como se algum pai, por mais rei e poderoso que fosse, tivesse o poder de afastar dos filhos as coisas que são capazes de feri-los, de lhes fazer mal. Ainda mais aos quinze anos.
O que aconteceu, então? Tinha sobrado uma roca com seu fuso, no alto de uma velha torre onde vivia uma fiandeira, solitária e isolada. A princesa, chegando casualmente à torre, ao se deparar pela primeira vez com aquele estranho objeto, ficou muito curiosa, pegou nele de mau jeito e furou o dedo. Conforme, aliás, todo mundo já sabia, há muito tempo que iria acontecer.
Não teria sido mais sábio o rei se tivesse alertado a menina para o perigo que aqueles objetos representavam para ela, e ensinado sua filha a se defender, em vez de tentar negar a própria existência de rocas e fusos? Talvez, se pudesse saber do risco que corria, a princesa teria sido mais cuidadosa e até evitaria o acidente.
Então.
Eu acho que muitos pais e mães de hoje continuam a se comportar como os pais da Bela Adormecida, como se não tivessem entendido a história. Daí achei melhor escrever este livro.
(Flídia Rosenberg Aratangy, 1995).


“Cada educador deve analisar, refletir, ampliar ou dispensar o que expomos, acrescentando, inclusive novas observações, a partir de sua própria experiência nas comunidades. O importante é buscar conhecer o grupo no tocante à sua CULTURA, seus VALORES, sua HISTÓRIA e REFERENCIAIS, para que suas necessidades sejam compreendidas e a comunicação se estabeleça de forma clara e objetiva...”. “É fundamental que o educador compreenda que os grupos sociais têm características próprias, diferem entre si, mas não podem ser valorados – não há grupos melhores ou piores. HÁ FORMAS DIVERSAS DE VER O MUNDO E ESTAR NELE”.
(Baleeiro e Serrão, 1999).


E essa é a proposta do Interacionismo: Cultura, Valores, Histórias e Referenciais!

Entendemos que a melhor forma de lançarmos mão do conceito deste importante paradigma da educação que é o Interacionismo era por meio de um intertexto. Aratangy (1995) nos traz apontamentos significativos da importância de contextualizarmos o processo educativo nos diferentes espaços que ele ocorre: em casa, na família, com os amigos, na interação com os grupos em geral que tem um grande elo com as teorias interacionistas.
De acordo com Moreira e Coutinho (2002) as teorias interacionistas compreendem o conhecimento mediante a participação tanto do sujeito quanto do objeto do conhecimento. Ao analisarmos o texto “Sobre rocas e fios”, percebemos que na história da Bela Adormecida os pais quiseram proteger a filha de todos os problemas, e para isso acharam melhor que a Bela não ficasse sabendo das rocas e fios. Podemos dizer então, de um processo de aprendizagem unidirecional, em que um detém o saber (os pais da Bela) e o outro fica a mercê deste saber (A Bela Adormecida).
O interacionismo ao contrário da relação descrita no texto, propõe uma relação bilateral e dialética entre sujeito e objeto, ou seja, os pais da Bela Adormecida precisavam considerá-la como uma pessoa ativa, que constrói e é construída pelo seu contexto. No Interacionismo, sujeito e objeto constroem e são construídos na relação do conhecimento e da aprendizagem. Desta interação dual entre sujeito e objeto temos não só a organização do real como também a construção das estruturas do sujeito.
2) Principais autores: Piaget (1896-1980); Vygotsky (1896-1934); Wallon (1879-1962).
3)A relação do interacionismo com a aprendizagem:

Como trataremos do interacionismo enfatizando os três principais autores deste paradigma da educação, apresentaremos inicialmente um quadro que nos possibilitará a fazer uma distinção entre as teorias interacionistas e verificar também suas contribuições para com a Psicologia da educação.

PIAGET VYGOTSKY WALLON
Fundamento
filosófico Estruturalismo Materialismo
dialético Materialismo
dialético
Principais
conceitos Equilibração
Adaptação
Assimilação Zona Desenv.Proximal
Mediação simbólica
internalização Afetividade
Dialética emoção-razão
Campo funcional
Desenvolvimento
cognitivo Desenvolvimento cognitivo é Individual e espontâneo
Privilegia maturação biológica Mediatizado através do social.
Processo de apropriação dinâmica e dialética Alternância das fases afetivas e cognitivas. Pontuado por conflitos. Privilegia o social
Relação desenvolvimento-
aprendizagem Aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento Desenvolvimento e aprendizagem são recíprocos Desenvolvimento e aprendizagem são recíprocos
Relação linguagem-
pensamento Pensamento organiza a
linguagem Linguagem organiza o
pensamento Linguagem organiza o
Pensamento

Inteligência
Psicogênese da inteligência
tem base biológica. Explicada em termos de re-equilibração Inteligência como habilidade
para aprender e resolver problemas. A partir do social Atividade intelectual é antagônica às emoções. Depende do coletivo.

Escolarização
Escolarização tem impacto reduzido no desenvolvimento intelectual Escolarização tem forte impacto no desenvolvimento intelectual Desenvolvimento intelectual não é meta máxima e exclusiva da educação


Outros pontos
Desenvolvimento tem seqüência fixa e universal dos estágios. Construção a partir da interação sujeito-objeto.
Criança é pré-social até a fala Não aceita visão universal do desenvolvimento.
Interacionismo sócio-histórico.
Construção cooperativa.
Interação sujeito-meio/sujeito Desenvolvimento intelectual é meio para o desenvolvimento da pessoa. Psicogênese da pessoa. Criança é "geneticamente social".
Fonte:www.cce.udesc.br/titosena/Arquivos/Tematicas/TeoriasInteriacionistas.doc
Faremos ao longo deste trabalho breves apontamentos sobre as contribuições destes autores para com a Psicologia e Educação. Neste sentido abordaremos os principais conceitos, as visões homem e as concepções de ensino-aprendizagem para os mesmos.
4)Pensares e reflexões sobre o interacionismo e Piajet:
Segundo Coutinho (1992), Piaget formula sua teoria, conhecida também como construtivismo, na tentativa de responder algumas questões que havia postulado. Questões sobre o conhecimento (como se forma?, como se amplia? E como passamos de estado de menor conhecimento ao de maior conhecimento?), sendo o primeiro a explicar o conhecimento baseando-se nas trocas entre o sujeito e o meio.
Vale a pena ressaltar que Piaget estava interessado em pesquisar a gênese do conhecimento. Era considerado um epistemologo genético porque buscava investigar a gênese do conhecimento nos seus processos e estágios de desenvolvimento.
Piaget procurou explicar a construção das estruturas cognitivas. Para ele, não existe um conhecimento pré-formado ou inato (oposição ao inatismo) e nem pensa o conhecimento como resultado só de experiências (oposição ao empirismo). Piaget coloca o conhecimento como algo resultante da interação entre sujeito e objeto, na qual ocorrem trocas dialéticas. Com base no Construtivismo Piagetiano discorre-se brevemente sobre algumas idéias e conceitos básicos os quais são:
•Equilibração majorante – a ação do indivíduo tende a restabelecer o equilíbrio, readaptando o organismo ao meio do conhecimento;
•Assimilação e acomodação – na assimilação o sujeito incorpora os elementos do meio às estruturas do conhecimento já existentes. Já a acomodação diz da ação dos objetos do meio sobre os esquemas de conhecimento do sujeito (resultam desta adaptação);
•Inteligência – para Piaget a inteligência é resultado da equilibração majorante, sendo uma das formas de adaptação do sujeito ao meio;
•Estágios do desenvolvimento cognitivo – Piaget coloca a noção de estágios do desenvolvimento cognitivo caracterizando-os como “conjunto de estruturas caracterizadas por leis de totalidade, de tal maneira que cada estrutura se relaciona com um todo e só é significativa, em relação a esse todo” (Coutinho, 1992, p. 89). Estes estágios se integram uns aos outros. São eles: inteligência sensório-motora (constituída a partir dos reflexos, sendo que não existi para o bebê uma diferenciação do eu com o mundo exterior); inteligência operatória concreta (aparecimento da função simbólica, ou seja, capacidade de representação de objetos ausentes através de signos e símbolos); pensamento lógico concreto (aparecimento da capacidade de realização de operações concretas e lógico-matemáticas); pensamento lógico-formal (aparece o raciocínio lógico-dedutivo, ou seja, uma lógica formal que se aplica a qualquer conteúdo).
4.1) Os estágios do desenvolvimento e suas relações com o processo de aprendizagem:
Segundo Tafner (1996), Piaget coloca que o processo cognitivo deve ser entendido em dois termos: aprendizagem (referindo-se a uma resposta particular obtida através da experiência) e desenvolvimento (referindo-se a uma aprendizagem propriamente dita, responsável pela formação do conhecimento). E ao falar do desenvolvimento, descreve-o a partir dos quatro estágios:
Sensório-motor (0 – 2 anos) – neste estágio a criança não representa mentalmente os objetos e sua ação sobre estes se dá de forma direta;
Pré-operatório (2 – 7, 8 anos) – há o surgimento da função simbólica (representação mental de um objeto). O lúdico torna-se um importante instrumento no processo de aprendizagem;
Operatório-concreto (8 – 11 anos) – aparecem às operações de pensamento, bem como as noções de tempo, espaço, ordem, etc. A flexibilidade do pensamento favorece uma maior aprendizagem;
Operatório-formal (8 – 14 anos) – desenvolve-se o raciocínio abstrato e o pensamento hipotético-dedutivo. A aprendizagem já não está mais tão atrelada ao objeto.
Para que a aprendizagem aconteça, ou seja, para que haja a transição de um estágio para outro, é necessário que o ambiente ofereça os estímulos adequados a cada fase.
A partir destas reflexões pode-se pensar na abordagem construtivista proposta por Piaget no contexto escolar. Conforme Coutinho (1992) a escola altera o meio com o qual a criança se relaciona, tirando-a do estado de equilíbrio cognitivo, propiciando a formação de novos esquemas. As atividades inerentes ao processo de ensino-aprendizagem devem possibilitar o aparecimento de novas capacidades especiais que caracterizam o desenvolvimento cognitivo. Para a autora, a escola deve se preocupar com o desenvolvimento cognitivo como um todo, ou seja, desenvolver o pensamento do aluno, além da sua capacidade de raciocinar e analisar os fenômenos da realidade. O desenvolvimento do pensamento lógico deve ser a principal tarefa da escola.
5) O interacionismo em Vygotsky: A concepção de aprendizagem e o contexto histórico:
Segundo Capello, Rego e Villard (2007) a abordagem interacionista concebe a aprendizagem como um fenômeno que se realiza na interação com o outro. Isto porque a teoria de Vygotsky nasce com o fim da revolução socialista em 1917, na Rússia. Nesta fase, o país viu-se em meio a uma série de problemas a serem enfrentados, dentre eles, na educação. Altos índices de analfabetismo levaram o governo do pós-guerra a investir na reconstrução da sociedade russa, e, para tal, era necessário construir uma nova ciência que estaria pautada nos ideais marxistas.
Esta era uma tarefa bastante complexa, pois os limites impostos pelos dirigentes do país eram enormes. Na educação, fazia-se necessárias grandes reformulações, no entanto, era obrigatório manter um currículo fechado, sem a implantação de projetos. Outro fator de suma importância foi o decreto “Sobre as Perversões Pedológicas no Sistema de Comissariado do Povo para a Educação”, em que eram banidos todos os testes psicológicos e a Psicologia da educação e da indústria. Assim, o ensino o ensino de psicologia limitou-se ao plano de treinamento de professores nas faculdades, e muitos pesquisadores da área, inclusive Vygotsky, que já havia falecido, passaram a não ser visto com bons olhos pelo Estado.
A entrada de Vygotsky na Psicologia durante este período foi bastante significativa para a nação russa, pois, com o fim da guerra surgiu a necessidade de uma nova constituição de homem.
5.1) Contribuições de Vygotsky para uma nova visão de homem:
Vygotsky procurou formular teorias que estivessem ligadas com o desenvolvimento cultural do ser humano por meio do uso de instrumentos, em especial a linguagem, tida como instrumento do pensamento. Assim, a teoria proposta por ele surge para superar o que havia da Psicologia até o momento no que diz respeito à diversidade de objetos de estudos que se ocupava a psicologia – o inconsciente (psicanálise); o comportamento (behaviorismo) e o psiquismo e suas propriedades (gestalt) e seria uma forma de explicitar de outra maneira as funções psicológicas tipicamente humanas. Baseava-se no materialismo dialético, objetivando entender o ser humano como:
•Um ser histórico cultural moldado pela cultura criada por ele;
•Um sujeito determinado pelas interações sociais, pela relação com o outro;
•A atividade mental resulta na aprendizagem social;
•A linguagem é o principal mediador na formação e no desenvolvimento das funções psicológicas superiores;
•A linguagem pode ser oral, gestual, escrita, artística, musical e matemática;
•A interiorização das funções psicológica superiores pode se dar de diferentes formas, de acordo com o contexto histórico da cultura.
5.2) Vygotsky e a Educação:
No que diz respeito à educação segundo a abordagem interacionista, o processo de aprendizagem acontece a partir da interação com o outro. O sujeito aprende a partir da internacionalização com objetos e outros sujeitos e este deve ser compreendido em sua totalidade.
Propiciar ambientes que tenham por função estimular a capacidade de interação, de troca faz com que aumente as possibilidades de sucesso no processo de aprendizagem do sujeito.
No que diz respeito à avaliação, para o interacionismo deve se levar em consideração:
• A interação que tenha ocorrido entre aluno e professor;
• As funções cognitivas do aluno e suas limitações;
•Aspectos afetivos que influenciaram o processo de aprendizagem;
•Os objetivos do professor, o que ele deseja ensinar e suas expectativas;
•A aprendizagem como um todo em processo, abarcando os vários aspectos descritos anteriormente.
6) O interacionismo contribuições de Wallon:
Henri Wallon viveu em Paris e produziu os seus trabalhos sobre o desenvolvimento do psiquismo humano. As duas guerras mundiais e outros acontecimentos no país marcaram a sua vida. Formado em medicina atendeu crianças com deficiências neurológicas e distúrbios psiquiátricos. Foi médico do exército francês e pôde rever certas concepções neurológicas desenvolvidas a partir do trabalho com crianças portadoras de deficiência.
Segundo Coutinho (1992) o interesse de Wallon pela psicologia da criança permitiu que ele projetasse seus conhecimentos de neurologia, psicopatologia e clínica. O interacionismo para Wallon se expressa na concepção de natureza humana que permeia toda a sua obra. Para ele, não é possível separar o biológico do social no homem, porque ambos são complementares desde o nascimento e para encarar a vida psíquica é necessário considerar suas relações recíprocas.
Suas raízes se baseiam no materialismo histórico e dialético, em que o processo de desenvolvimento ocorre nas relações com o meio se modifica reciprocamente.
A emoção indica os primeiros sinais de vida psíquica observáveis na conduta infantil. Através dela, as primeiras trocas da criança com o mundo exterior (de quem a criança depende para a satisfação de suas necessidades vitais), se estabelecem.
De acordo com Coutinho (2002) Wallon, nos estudos sobre o desenvolvimento infantil, empenhou-se em encontrar explicações para o problema das origens da inteligência e do caráter, que está ligado aos estágios e ultrapassa este, uma vez que se apóia em dados da fisiologia, patologia, psicologia animal, etnologia e história da cultura.
6.1) As contribuições de Wallon para a educação:
Segundo Coutinho (1992) um ponto essencial para pensarmos as implicações pedagógicas do interacionismo em Wallon consiste a ênfase que este psicólogo dá a existência de crises e conflitos no processo de desenvolvimento infantil e sua importância para a formação da personalidade.
Assim, as crises de oposições e os conflitos entre professor-aluno precisam ser consideradas no processo de ensino-aprendizagem. Um outro fator que merece ser ressaltado no interacionismo walloniano é o caráter social que este autor confere a educação, segundo ele a aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem na relação do eu (sujeito) com o outro. E é nesta relação que ocorre a tomada de consciência da própria personalidade dos sujeitos. Concluímos que a vida afetiva, intelectual para Wallon é sinônima de vida social.

7) A educação e o interacionismo... Conclusões:

“Portas se Abrem, Portas que permanecem fechadas. Mas a chave existe. É DENTRO de nós que as coisas SÃO – desejo e força. Educador/ Educando de si mesmo através do OUTRO. Viagem pelo espelho, imagens refletidas de SONHO e REALIDADE em que é possível descobrir-se, revelar-se, construir-se. Ser Sendo e Convivendo”. (Baleeiro e Serrão, 1999).
Falar do interacionismo na educação implica em uma nova postura profissional, em que envolve educador e educando como sujeitos histórico-sociais Sujeitos de potencialidades, capazes de intervir e construir a dinâmica social e autores de processo ensino-aprendizagem.
Entendemos que o educador tem grande influência no espaço escolar, nas interações, motivo pelo qual ele deve abandonar a atitude de conferencista, de divulgador de um conhecimento que só ele detém, e propor problemas e desafios aos seus educandos. Para que isso ocorra, ele precisa investigar o contexto social em que o aluno vive, permitir que esse seja autor do conhecimento e da sua história de vida.
Sendo assim entendemos que a escola precisa considerar o cotidiano, as experiências dos sujeitos, professor e alunos, de modo que o saber os ajude a decifrar e tecer construções cotidianas. Quando pensamos em interacionismo, dizemos de relações bilaterais, de sujeitos que constroem e são construídos pela realidade. É desafio constante!



8) Referências bibliográficas:

ARATANGY, Rosenberg. Doces Venenos – Conversas e desconversas sobre drogas. Editora: Olho d’água. São Paulo. 5. ª edição, 1995.

BALEEIRO Maria Clarice; SIQUIERA, Maria José; CAVALCANTI, Ricardo Cunha e SOUSA, Vilma. Sexualidade do adolescente: Fundamentos para uma ação Educativa. Salvador: Fundação Obedrecht, Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Educação e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, 1999.

COUTINHO, Maria Tereza da Cunha. Psicologia da Educação: um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, voltados para a educação: ênfase na abordagem construtivista. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Anche. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes, CAMPELO, Cláudia, VILLARD, Raquel. O Processo de aprendizagem numa perspectiva sócio-interacionista...ensinar é necessário, avaliar é possível. In: http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/171-TC-D4.htm. 2004. p. 1-12.

LUCCI, Marcos Antônio. A Proposta de Vygotsky: a psicologia sócio histórica. In: www.ugr.es/local/recfpro/Rev102COL2port.pdf . p. 1-11

TAFNER, Malcon. A construção do conhecimento segundo Piaget. Disponível em http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm Acesso em 20 de março de 2009.

Teorias Interacionistas. Diponível in www.cce.udesc.br/titosena/Arquivos/Tematicas/TeoriasInteriacionistas.doc

ZACHARIAS, Vera Lúcia Câmara F. Estágios do desenvolvimento. Disponível em http://www.centrorefeducacional.com.br/estagios.html acesso em 20 de março de 2009.

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domingo, 15 de março de 2009

A Psicologia é a minha loucura

O psicólogo não adoece, somatiza;
O psicólogo não transa, libera libido;
O psicólogo não estuda, sublima;
O psicólogo não dá vexame, surta;
O psicólogo não esquece, abstrai;
O psicólogo não fofoca, transfere;
O psicólogo não tem idéia, tem inshigth;
O psicólogo não resolve problemas, fecha gestált;
O psicólogo não muda de interesse, altera figura-fundo;
O psicólogo não se engana, tem ato falho;
O psicólogo não fala, verbaliza;
O psicólogo não conversa, pontua;
O psicólogo não responde, devolve a pergunta;
O psicólogo não desabafa, tem catarse;
O psicólogo não é indiscreto, é espontâneo;
O psicólogo não dá palpite, oferece alternativa;
O psicólogo não fica triste, sofre angústia;
O psicólogo não acha, intui;
O psicólogo não faz frescura, regride;
O psicólogo não mente, resignifica;
O psicólogo não paquera, estabelece vínculo;
O psicólogo não é gente, é estado de espírito!!!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Às mulheres, para conhecimento; aos homens, para aprendizado.


'O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana. Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém.

Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Habitat

Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

Alimentação Correta

Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo' no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

Audição

Toda mulher possui audição apurada e gosta de ouvir certas palavras de carinho para se sentir atraída pelo macho. Alguns machos da espécie são mais inteligentes e espertos do que o outro. Esses machos quando percebem a falha do chefe do bando, costumam atacar esse bando para atrair a fêmea do outro. Nesse caso, se a fêmea está se sentindo rejeitada ou carente, possivelmente se sentirá atraída. A hipótese de não abandonar o bando é apenas uma questão de amor, respeito e pudor.

Visão e Olfato

Esses órgãos têm participação fundamental na escolha do macho. Se a pelagem não estiver de acordo e o odor não for agradável, a fêmea desiste. Alguns tentam enganá-la antes do acasalamento, mas com o tempo ela passa a perceber tudo nos mínimos detalhes, inclusive os gestos e manias do macho.

Flores

Também fazem parte de seu cardápio - mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

Respeite a natureza

Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação. Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

Não tolha a sua vaidade

É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Aliás, isso não é exatamente uma questão de vaidade; é uma questão de capricho para atrair o macho. Só não incentive muito estes últimos pontos ou você criará um monstro consumista.

Cérebro feminino não é um mito

Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça.
E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.


Memória

A fêmea tem uma excelente memória e, devido a isso, avalia a memória do macho. Esquecer datas importantes, como a do acasalamento, por exemplo, é uma falta grave que o macho comete. Essa falta, cometida constantemente, poderá prejudicar a evolução do bando.


Não confunda as subespécies

Mãe é a mulher que amamentou você e o ajudou a se transformar em adulto. Esposa é a mulher que o transforma diariamente em homem. Cada uma tem o seu período de atuação e determinado grau de influência ao longo de sua vida. Portanto, não faça comparações!

Não faça sombra sobre ela

Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda. (tem gente que já sentiu isso na pele)

Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo!

Pérola do Mauro

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cientistas brasileiros descobrem número de neurônios em um cérebro

Cientistas brasileiros descobrem número de neurônios em um cérebro

Órgão humano é maior do que o dos demais primatas.
No entanto, pesquisadores dizem que isso não nos torna especiais.

Uma boa notícia na área da saúde: cientistas brasileiros acabam de fazer uma descoberta que pode mudar, no futuro, o tratamento de doenças associadas ao cérebro.

Agora não há mais dúvida: temos 86 bilhões de neurônios em nosso cérebro. Até então a ciência achava que tínhamos 100 bilhões, mas era um número aproximado, sem comprovação. Os neurocientistas Suzana Herculano-Houzel e Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estudaram cérebros sadios de homens entre 50 e 70 anos. Foram seis anos de pesquisas. Daí eles conseguiram pela primeira vez contar com precisão quantos neurônios temos.

“Essencialmente, é pegar uma região do cérebro, ou o cérebro todo, e dissolver as células do cérebro em detergente, por fricção mecânica. O resultado é que você desfaz as células e tem um volume de líquido que contém todos os núcleos de todas as células do cérebro”, explica a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Maiorzinho

Os cientistas descobriram também que o nosso cérebro é maior do que o dos demais primatas, mas isso não significa que somos especiais. O número dos nossos neurônios é compatível com a dimensão cerebral que temos. Outra descoberta: 50% das células que estão na caixa craniana são neurônios, e não 10%, como pensavam os estudiosos.

O resultado dessa pesquisa abre um novo e importante caminho: agora os cientistas podem saber com mais facilidade se o envelhecimento natural, a doença de Alzheimer e o mal de Parkinson podem mudar o número de neurônios do cérebro. “Podemos contribuir com o número total de neurônios que um cérebro humano normal tem. Daí partimos para analisar cérebros humanos portadores de doenças como Alzheimer e Parkinson”, afirma o pesquisador Roberto Lent, do ICB-UFRJ.

Mas uma curiosidade continua sem resposta: a pesquisa foi feita em cérebros masculinos. E o das mulheres? “Isso ainda não sabemos. Em breve chegaremos lá”, diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel.