terça-feira, 15 de setembro de 2009

Orientador, Orientando e Outros Bichos

SANTOS, Clóvis Roberto dos;
NORONHA, Rogéria Toler da Silva de.
Monografias científicas: TCC, dissertação, tese. São Paulo: Avercamp, 2005.


Monografia: Orientador, Orientando e Outros Bichos

Adaptação de CLÓVIS ROBERTO DOS SANTOS

Num belo dia de sol, de uma enorme toca sai o Coelho com seu notebook e, embaixo de uma frondosa árvore, põe-se a trabalhar, com afinco, em sua monografia cientifica (TCC de graduação ou de especialização, dissertação de mestrado ou tese de doutorado, pouco Importa).
Tão distraído estava, que não percebeu o aproximar-se de uma Raposa, que não havia nem concluído o Ensino Fundamental.
Ao ver aquele coelhinho tão gordinho, a Raposa logo pensou: "Que belo e suculento almoço vou ter hoje, ficando, ao mesmo tempo, intrigada com a concentração e a Intensa atividade do Coelho.
Aproximando-se mais e, curiosa por natureza, ela pergunta:
- Coelhinho, o que você está fazendo aí com tanta atenção?
- Estou redigindo o final de minha monografia científica, que tem um tema bem intrigante e Inédito, "Os predadores naturais do reino animal, um estudo baseado no pragmatismo de Dewey e na gastronomia pantagruélica de RabeJais, com enfoque no materialismo lógico de Aristóteles". Minha apresentação (ou qualificação, ou defesa) será no final deste mês, e meu orientador é muito exigente.
Como você deve saber, os orientadores são realmente umas feras.
- E o que você está querendo provar com essa tal mono..., o que mesmo?
- Monografia, sua ignorante, que significa, conforme a etimologia grega da palavra, mono (um) e grafia (escrita), isto é, trabalho acadêmico escrito sobre um único tema. Tenho um problema: quem é realmente predador no reino dos animais?
Minha hipótese, agora, é a de que os coelhos é que são os predadores naturais das raposas.
- Oral Que ridícula essa sua hipo... não sei o quê I Nós, as raposas, é que somos predadores naturais de coelhos - observou a Raposa, superindignada.
- De jeito nenhum Queira, por favor, acompanhar-me até a toca ai em frente, que vou lhe mostrar minha prova experimental. É preciso demonstrar a cientificidade do trabalho para que minhas conclusões tenham validade perante os meios acadêmicos.
Em seguida, ambos entram na enorme toca. Imediatamente. Surgem de lá de dentro alguns ruídos estranhos e, depois, silêncio absoluto. Minutos depois, o Coelho volta sozinho, e continua a elaborar seu trabalho.
Tão compenetrado ficou, que não percebeu aproximar-se um enorme e faminto Lobo também, como a Raposa, analfabeto funcional: conseguiu terminar o II ciclo do Ensino Fundamental graças a tal de progressão continuada das escolas públicas estaduais de São Paulo), muito feliz por se deparar com tão fácil e belo jantar.
Porém, diante de tamanha concentração do Coelho, o Lobo resolve antes saber a razão de tudo aquilo e lhe pergunta:
- Olá, jovem coelhinho, o que faz você trabalhar com tanto entusiasmo?
- Minha monografia científica, Senhor Lobo. Neste momento, estou querendo provar minha hipótese de que os coelhos são os predadores naturais dos lobos.
- Coelhinho apetitoso e inocente, isto é um despropósito, embora nem saiba o que quer dizer monografia científica e muito menos hipótese, tema etc. Nós, lobos, é que somos os genuínos predadores de coelhos.
- Desculpe-me, mas, se você quiser, posso apresentar minha prova experimental. Acompanhe-me até a toca aí em frente.
O Lobo não conseguia acreditar na sua sorte. Uma bela refeição sem grandes esforços. Ambos entram e, alguns minutos depois, ouvem-se estranhos ruídos de mastigação e... o silêncio. O Coelho, de novo, sai da toca e continua seu trabalho.
Lá dentro da toca, vêem-se uma enorme pilha de ossos, sangue e restos de pêlos de raposa e de lobo. Ao lado da pilha, um enorme Leão, orientador, satisfeito, bem alimentado e feliz com o excelente desempenho do Coelho: um inteligente e competente orientando.

MORAL DA HISTÓRIA
Não importa quão absurdo seja o tema de sua monografia cientifica.
Não importa se seu trabalho tem ou não fundamento cientifico.
Não importa se sua pesquisa é científica e se foi bem feita.
Não importa se seus experimentos chegarão ou não a provar sua hipótese.
Não importa se suas idéias vão contra o mais Óbvio bom senso e os fundamentos lógicos ou científicos.
Não importa se suas conclusões vão agradar ou não a academia.
Não importa se você fez ou não todo o trabalho seguindo rigorosamente as regras da ABNT.
O que importa, mesmo, é quem é o seu orientador, que, quanto mais fera, melhor.

MORAL DA MORAL

ORIENTANDOS, não acreditem muito no que foi escrito acima, especialmente quanto à MORAL. Tudo, evidentemente, não passa de uma simples história. Vale a pena seguir sempre seu ORIENTADOR, mas ele não precisa ser tão fera quanto um leão.

sábado, 16 de maio de 2009

Estamira por Contardo Calligaris


ESTAMIRA

por Contardo Calligaris
publicado em 8/7/2006.

Odiamos o outro não por ele ser diferente, mas para ignorar que ele é parecido conosco

DURANTE QUATRO anos, Marcos Prado escutou Estamira, uma senhora de mais de 60 anos que vivia entre seu barraco (habitado e cuidado com a dignidade devida a uma casa) e seu lugar de trabalho (um aterro de lixo, onde ela passava dias e noites a fio).

Dessa experiência, Prado fez um filme, "Estamira", que é um extraordinário documento sobre a humanidade da loucura. Ele nos apresenta o território de Estamira (o mundo físico pelo qual ela anda), suas relações (de família e de amizade) e seu mundo íntimo, ou seja, o sentido que ela atribui ao seu ser.

Alguns psicólogos reconhecerão nessa tríade (mundo físico, relações e intimidade) as três categorias da psicologia existencial de Ludwig Binswanger. Pensei em Binswanger e na generosidade de sua clínica e de seu pensamento quando, comentando o filme, uma amiga e colega me disse: "Estamira é delirante, mas suas palavras, poéticas, fantásticas ou brutais, são coisas que ela diz não porque é psicótica, mas porque é ela, Estamira".

Que falemos lugares-comuns (como a maioria dos neuróticos) ou expressemos curiosas visões do mundo (como quem parece delirar), de qualquer forma, não há quadro clínico que possa (e deva) anular a unicidade de nossa presença no mundo, a dignidade do que se chamava, tempo atrás, nossa "pessoa". Marcos Prado permitiu que Estamira lhe (e nos) falasse porque quis e soube escutá-la como se escuta, em princípio, um semelhante. Com isso, o filme é absolutamente imperdível para quem, "psi" ou não, esteja disposto a se aproximar da loucura, ou melhor, a descobrir que o "louco" é estranhamente próximo da gente.

A cosmologia de Estamira (o além, o além do além, o mundo abarrotado que transborda) e sua religião (uma briga constante com Deus e com o Trocadilho, face diabólica e maldita do mesmo) não são menos verossímeis do que muitas de nossas crenças. A diferença é que nossas crenças são delírios que tiveram sucesso e ganharam credibilidade por serem compartilhados pela maioria.

Estamira (esse talvez seja o drama fundamental da loucura) deve inventar sozinha os meios de dar sentido à sua presença no mundo. Ela consegue essa façanha atribuindo-se o destino de ter de transmitir o que ela vê.

O Trocadilho, ao persegui-la, lhe deu uma missão, que é (como esperar outra coisa de um deus com esse nome?) um jogo de palavras: Estamira é esta mira, o olhar que tudo vê e tudo deve revelar. Missão cumprida, graças a Marcos Prado.

Corolário: quem não acredita na reforma psiquiátrica veja o filme e se pergunte: será que nossa sociedade pode tolerar a loucura só na margem extrema (o além do além) do lixão ou na clausura dos hospícios?

Quero mencionar um outro filme, antes que saia de cartaz. "Transamérica", de Duncan Tucker, é uma ficção e, à primeira vista, pouco tem a ver com "Estamira". Salvo que ambos os filmes nos forçam a descobrir destinos e jeitos de estar no mundo que são, no melhor dos casos, objetos de nossos olhares compassivos ou, mais freqüentemente, de exclusão, zombaria e ódio. O ódio, nesses casos, é o índice de uma cegueira proposital: odiamos o outro não por ele ser diferente de nós, mas para poder ignorar que ele é parecido conosco.

O herói (ou a heroína) de "Transamérica" é um transexual que, na hora em que obtém, enfim, o direito de ser operado e mudar de gênero, descobre que é pai de um filho adolescente. Difícil assistir ao filme sem entender de vez o seguinte: o drama de quem vive num corpo que lhe parece estrangeiro (por ser de um gênero no qual ele não se reconhece) tem pouco a ver com os avatares do desejo sexual. É um drama de identidade.

Algumas leituras para a fila do cinema. A Martins Fontes publica os seminários de Michel Foucault: no ano passado, "Os Anormais" e, neste ano, "O Poder Psiquiátrico". O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos acaba de publicar "Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, Pesquisa na Nona Parada do Orgulho GLBT São Paulo 2005", de Carrara, Ramos, Simões e Facchini. A pesquisa confirma que, em matéria de discriminação, o transexual, que discorda de seu próprio gênero, é a vítima preferida.

É difícil abandonar o conforto da crença de que nós somos os "normais". Mais difícil ainda é admitir que a anatomia de nosso corpo possa não bastar para nos dar a certeza de que somos homem ou mulher.

sábado, 9 de maio de 2009

Esquizofrenia na novela

http://www.youtube.com/watch?v=AswEClIcX4g
http://www.youtube.com/watch?v=xHMqXFQ0YsI
http://www.youtube.com/watch?v=AswEClIcX4g&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=IV8y3yQaleI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=vOmeBbNoyL4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=WVfJPCaFVks&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zNbovPbjFHk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=mD-IfNjNWGw&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=fRAcV6ptl3I&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7oFWIuhbUI0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=YriE_vd4YZc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=PNMfw88w4BU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=5wF7QSmHSJ4&feature=related

site para baixar estes vídeos:
http://www.baixaki.com.br/busca.asp?q=atube&go.x=0&go.y=0
http://www.ziggi.com.br/downloads/atube-catcher.asp

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Psicanálise e Educação

PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

Alexandre Carlos
Carolina Luciana Ferreira
Elissandra de Oliveira
Marcela Darley Mariano
Paulla Dyelli
Phillipe César
Telma Nara da Silva


Belo Horizonte
Abril 2009
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma relação entre a psicanálise e a educação, dois temas tão complexos e alguns diriam impossíveis de serem vinculados.
Sabemos que não é possível estudar os indivíduos, seus processos de desenvolvimento e aprendizagem somente a partir da construção da inteligência e da racionalidade. O comportamento humano é determinado, também e principalmente por forças inconscientes, construídas ao longo das relações do indivíduo com outros indivíduos. E também pode-se inferir que os subprodutos da relação da criança com sua sexualidade que são subprodutos que constituirão o alicerce afetivo da sua personalidade.
Há uma passagem da natureza (comportamento biologicamente determinado) para um estado da cultura (constituição da autoridade, da lei ou dos limites) no aspecto sócio-afetivo. Facetas como transformação da energia instintiva em motivações, organização estrutural da personalidade e desenvolvimento psicossexual estão presentes no desenvolvimento humano como um todo e são forte influência no processo educativo e de aprendizagem.
Psicanálise
A expressão psicanálise designa uma ciência, área de conhecimento, escola psicológica que busca penetrar na dimensão do psiquismo humano para conhecê-lo. Possui um método, um conjunto de procedimentos para o estudo profundo dos fenômenos humanos. Através da associação livre (método interpretativo) ocorre um tratamento psicológico (psicoterapia, terapia analítica ou psicanalítica). A psicanálise divide o aparelho psíquico em três regiões: o Id, o Ego e o Superego que compõem a personalidade. O comportamento, por sua vez, resultará da interação entre eles. Os três atuam conjuntamente apesar de seus diferentes mecanismos.

Educação
Educação por definição seria um processo de desenvolvimento de aptidões, de atitudes e de outras formas de conduta exigidas pela sociedade, um processo globalizado que visa à formação integral de uma pessoa, para o atendimento às necessidades e às aspirações de natureza pessoal e social. Seria, além disso, um conjunto de atividades destinadas a transmitir conhecimentos, a fomentar valores morais e a compreender princípios fundamentais aplicáveis ao longo da vida. É um processo de conscientização crítica do conhecimento. A educação, quando ocorre de maneira informal, confunde-se com o fenômeno do crescimento; ao processar-se em um ambiente determinado e controlado, pode ser formal e informal. A Educação não ocorre apenas na escola; ela é um processo permanente que se efetua na família, na comunidade, no trabalho, na comunicação social, enfim, na interação do homem com o meio.
O conceito de educação ao longo da vida deve ser encarado como uma construção contínua que envolva a capacidade de raciocínio e discernimento, os saberes e aptidões. O papel dos professores, enquanto agentes de mudança, é fundamental no processo de ensino-aprendizagem, na formação de atitudes e na criação das condições necessárias para o sucesso da educação. Não basta transmitir conhecimentos aos alunos, é preciso adquirir uma visão crítica e reflexiva, despertando a curiosidade, a autonomia, o pesquisar, o desejo pelo conhecimento. Isto é dar condições para que os alunos “aprendam a aprender” para possibilitar uma educação ao longo da vida.
CONCEITOS IMPORTANTES EM PSICANÁLISE
Estruturas da Personalidade
Id: Reservatório de instintos e de toda energia do indivíduo. Representa o extrato biológico do homem e funciona segundo o princípio do prazer. Busca descarga imediata e total e não tolera frustrações ou inibições. Não possui lógica, razão, moral ou ética. Os desejos são onipotentes, não questionam adaptação física ou social. É quase em sua totalidade inconsciente. Freud tenta compreendê-lo através da análise dos sonhos, lapsos da via cotidiana, delírios, alucinações, da arte e dos rituais. O que interditará o Id serão o Ego e o Superego.
Ego: estruturas psíquicas de defesa e controle que surgem como conseqüência de embates do Id com a realidade. Governado pelo principio da realidade. Está a serviço do Id e da realidade procurando harmonizar suas demandas potencialmente conflitivas. O ego a partir deste desejo, procura na realidade formas de satisfação. Controla impulsos, retarda-os, os contem, reconcilia impulsos incompatíveis a fim de conseguir seus objetivos. Evita a descarga imediata dos instintos, fazendo o indivíduo suportar a frustração de um impulso não satisfeito. Seu desenvolvimento permite a pessoa pensar com lógica, dominando a capacidade de síntese, organizando a linguagem, desenvolvendo a memória e agindo diante da realidade, realizando trocas com o ambiente. O ego é a parte consciente e inconsciente.
Superego: exerce a ação controladora sobre o ego. Responsável pela internalização das normas, valores, costumes e padrões sociais. E a soma das restrições sociais com o que é valorizado socialmente. A criança ao nascer é simplesmente Id. Gradativamente, da necessidade de estabelecer trocas com o meio ambiente para satisfação dos impulsos instintivos, o Ego vai se formando. O Superego vai sendo introjetado mais tarde, não sendo, necessariamente uma representação exata das normais sociais, mas uma interpretação delas. O Superego é também chamado de Eu Ideal correspondendo a internalização dos ideais valorizados culturalmente. É a internalização das proibições sociais, e corresponde aos ideais sócias. É uma introjeção de parte do mundo externo que passa a fazer parte do interno. Efetua funções desempenhadas por outras pessoas: controla o Ego, dá ordens, julga-o, ameaça-o com punições, exatamente como os pais cujo lugar ocupou. Atua também sobre as intenções.
O Id e o Superego têm em comum a influencia do passado. O Id congrega a influência hereditária e o passado orgânico; O Superego a influencia das outras pessoas, ou do passado cultural. O Ego representa a experiência da própria pessoa.
Processos Mentais
Inconsciente: lugar teórico dos impulsos instintivos ou pulsões e das representações reprimidas ou daquelas que nunca chegaram a consciência. A nele energia instintiva livre, forças impulsionando a vida mental. São necessidades do organismo humano e do psiquismo como fome, sexo, curiosidade, etc. Há necessidades ou impulsos contrários às normas sociais como certos desejos sexuais e agressivos, onde a consciência censura não permitindo que sejam apresentados (recalque). O Id é propriamente inconsciente.
Consciente: é tudo que conhecemos. Percepção do mundo objetivo, lembranças, sentimentos, pensamentos, percepção do mundo objetivo. Um conteúdo mental para ter acesso a consciência precisa ser um acontecimento perceptível.
Pré - consciente: Sistema psíquico que serve de intermediário entre o inconsciente e a consciência. Nele estão às representações que podem se tornar conscientes. O pré-consciente tem função de selecionar os atos motores e as vias de pensamento para a consciência. As representações verbais ou sensoriais, do pré – consciente são facilmente acessíveis a consciência. O pré-consciente separa-se da consciência pela censura que não permite a passagem desses conteúdos para o pré-consciente sem sofrerem transformações.
Dinâmica da Personalidade e Fases do Desenvolvimento Sexual
Instinto: representação psicológica inata de uma fonte de excitação corpórea. A representação psicológica é o desejo e a excitação corpórea é a necessidade (como fome, sede, sexo, etc). É a quantidade de energia psíquica para movimentar as diferentes operações da personalidade. Tem sua sede no Id e origina-se no processo metabólico.
Instintos de Morte (pulsão de morte): São pulsões que tendem a reconduzir o ser vivo ao estado inorgânico. Quando voltadas para o interior tendem à autodestruição e quando dirigidas para o exterior manifestam-se sob a forma de agressividade e hostilidade.
Instintos de Vida (pulsão de vida): são os instintos que servem para a auto-conservação e perpetuação da espécie e que se contrapõem às pulsões de morte.
Castração: Complexo centrado na fantasia de castração, que vem trazer uma resposta à criança ao enigma decorrente da diferença anatômica entre os sexos (presença ou ausência de pênis). A diferença é atribuída ao corte do pênis das meninas. O complexo de castração está em íntima relação com o complexo de Édipo, especialmente na função de interdição.
O complexo de castração tem um lugar fundamental na evolução da sexualidade infantil. Sua estruturação e seus efeitos são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como a realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais (cujo objeto original é a mãe), do que advém a intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é vivenciada como um dano sofrido e que ela procura negar, compensar ou reparar.
Em relação ao complexo de Édipo, o complexo de castração também situa-se de maneira diferente em cada sexo: para a menina, a busca do pênis paterno (e seus equivalentes simbólicos, como ter um filho do pai) equivale ao momento de entrada no Édipo, enquanto que, no menino, o surgimento da angústia de castração sinaliza a crise final do Édipo, interditando à criança o objeto materno. A fantasia de castração é encontrada sob diferentes variações: o objeto ameaçado pode ser deslocado (cegueira de Édipo, arrancar os dentes, amputação de uma perna etc), o ato pode ser substituído por outros danos à integridade corporal (acidente, cirurgia, etc.) ou psíquica (loucura como conseqüência da masturbação) e o agente (pai) pode ser substituído (animais).
Seus efeitos clínicos vão desde a inveja do pênis, sentimento de inferioridade, tabu da virgindade, algumas fenômenos psicopatológicos presentes no homossexualismo e no fetichismo até à impotência e frigidez.
Projeção: Mecanismo de defesa que consiste em atribuir inconscientemente características e sentimentos a outros e perceber no mundo exterior suas próprias pulsões e seus conflitos interiores.
Recalque: é o mecanismo pelo qual o indivíduo procura reter no inconsciente representações ligadas a um instinto ou pulsão.
Transferência: processo psicológico que consiste em transferir para pessoas ou objetos neutros emoções e atitudes que existem no indivíduo desde a infância. Trata-se de uma relação afetiva particular da terapia analítica em que o paciente estabelece com o terapeuta ou professor (no caso) para reviver suas experiências passadas.
Libido: designação de energia sexual, ou seja, é a energia que constitui o substrato das transformações dos impulsos sexuais.
Fase Oral: primeira fase da organização da libido, na qual a zona oral (boca, lábios, língua) desempenha papel principal.
Fase Anal: segunda fase da organização da libido, na qual a primazia do prazer se encontra no ânus.
Fase Fálica: terceira fase da organização da libido, na qual o pênis é o objeto de interesse das crianças de ambos os sexos. “Fálico” origina-se do falo, que é a representação psíquica do poder, do pênis.
Fase Genital: quarta fase do desenvolvimento psicossexual, ou da organização da libido. As zonas erógenas das fases anteriores ficam subordinadas à pulsão sexual voltada para a reprodução.Há então uma consolidação da identidade e estabelecimento de uma moralidade autônoma e um compartilhamento do prazer com um outro indivíduo.
Contribuições da Psicanálise à Educação
Freud nutria a esperança de que a psicanálise, uma teoria explicativa da natureza, do funcionamento e da forma do desenvolvimento do psiquismo, pudesse contribuir para reformar os métodos e objetivos educacionais, exercendo assim uma ação profilática.
A educação é comentada na obra de Freud de forma dispersa. Entretanto, Freud parece refletir sobre a educação e sua importância vendo sua complexidade, chegando a afirmar que educar, ao lado de governar e ser psicanalista, é uma profissão impossível. A psicanálise se preocupa com a educação na medida em que percebe a importância dela para a organização psíquica do sujeito. Termos como recalque, castração, transferência são fundamentais também para um processo de aprendizagem.
Hoje há atos violentos cometidos pelos alunos em oposição à escola e ao professor. Existe uma violência simbólica e muitas vezes literal pela falta e desrespeito à Lei, antes “propriedade” do pai, hoje de outras instituições fora a família. Há também um autoritarismo na ilusão de substituir a autoridade e o respeito da parte dos educadores. Notamos hoje que o lugar do detentor do saber, que era o lugar e o privilégio do Outro, está “desinvestido”, e inclusive a dimensão da transferência hoje na relação professor-aluno.
Para que a criança tenha o desejo de aprender fica-se na dependência da posição em que o Outro (professor) se coloca em relação ao saber. Depende, além disso, de que aquilo que ela venha a receber do Outro, como modelos de identificação, significações que ordenem o real, esteja em posição significante, que façam a diferença na vida da criança, na sua realidade.
Hoje é preciso ter na interseção entre a Psicanálise e a Educação um olhar atento para a relação que se estabelece entre o educando e o educador e também a respeito das características sócio culturais da realidade.
Educação e transferência
Freud elaborou o conceito de transferência que é um fenômeno presente em toda situação em que duas pessoas se relacionam frente a frente. Esse fenômeno foi observado no tratamento analítico, entre o paciente e o médico como relação emocional especial porque vaia além dos limites racionais, variando de devoção e admiração até inimizade e hostilidade, sendo considerada, portanto, tanto positiva como negativa, um poderoso instrumento terapêutico desempenhando papel relevante no processo de cura.
Ela também ocorre na relação professor-aluno e nos permite refletir sobre o que possibilita ao aluno acreditar no professor e chegar a aprender. É um poderoso instrumento no processo de aprendizagem e é uma contribuição essencial da Psicanálise à educação.
A aprendizagem, que é um processo que vem junto à cultura, das práticas sociais no meio, passada a princípio pelos pais, é também passada pelas instituições, como exemplo as creches e escolas. E é a partir disso que se constrói um lugar de interação entre aquele que ensina e aquele que aprende.
O mestre (professor) deve então ser um mediador que faz todo um exercício profissional que se estende sob uma rede imaginária e simbólica que liga, articula, organiza, valoriza, prestigia e, portanto, atribui significação à prática individual de seus participantes (alunos). Nessa relação dos professores com sua função, com o saber e com o ensinar, ocorre um processo de transferência com o aluno, uma relação marcada pelo desejo tanto de um lado quanto de outro. E é através disso que há a possibilidade da transmissão dos conhecimentos, desse desejo de passar o saber aos seus alunos.
Educação, impulsos sexuais e sublimação
Observam-se aspectos flexíveis na sexualidade humana. Um impulso sexual não possui fixação e o objeto de satisfação é indiferente podendo ser uma mulher, ou uma parte de seu corpo, no caso da mãe que o seio que satisfaz o filho, ou mesmo para os fetichistas, os pés por exemplo. O objeto é desviante, intercambiável e pode ser direcionado para fins não sexuais, como ocorre na sublimação.
A sublimação implica no desvio de uma pulsão do desejo diretamente sexual para um fim socialmente útil. Por intermédio do mecanismo de sublimação os indivíduos podem dedicar-se a atividades relacionadas à arte, a ciência, a promoção de valores humanos e de melhores condições de vida. Há um investimento de libido, mas esta energia sexual não é utilizada para a finalidade sexo. O prazer na realização de uma tarefa traz a marca sutil da origem sexual no empenho e na paixão com que alguns indivíduos se dedicam.
Com relação à sexualidade, inicialmente Freud associou a doença nervosa a uma educação moral repressora. As noções de pecado, pudor, vergonha inibiram os impulsos sexuais limitando seu desenvolvimento. A psicanálise pode contribuir com a educação delimitando uma de suas tarefas: conseguir o equilíbrio usando sua autoridade na correção educativa necessária, mas não de forma excessiva, o que traria maior sensação de desprazer. O limite dos impulsos sexuais seria o recalque, visando a preservação do indivíduo e de sue grupo.
É importante que o educador saiba utilizar a energia dos impulsos. No caso do voyeur é preciso fazê-lo contemplar o mundo e os objetos a sua volta, compreendê-los e estabelecer um novo saber que transforme curiosidade em desejo de conhecimento, em curiosidade intelectual. É fundamental que o professor não recrimine a criança (com pulsão de sucção) por levar à boca qualquer tipo de objeto, mas lhe forneça conhecimento, atividades lúdicas e artísticas, a fim de nutri-la intelectualmente. Esta é a proposta da psicanálise: utilizar as características e os instintos do indivíduo para fins úteis à sociedade mediante sublimação, fazendo com que o educador possa buscar com o educando o justo equilíbrio entre o prazer individual e as necessidades coletivas.
A educação deveria ser considerada um estímulo para a submissão do princípio do prazer ao princípio da realidade. Uma educação para a realidade teria como objetivo impedir o homem de permanecer na infância levando-o a enfrentar a vida.

CONCLUSÃO
A aplicação da psicanálise à educação
A Psicanálise pode ser útil aos educadores à medida que serve como fonte de compreensão do desenvolvimento psíquico e afetivo do ser humano. É uma abordagem que trata das questões do desenvolvimento psicossexual infantil, das relações da criança com a família, do educando com o educador, quando trata-se da transferência, bem como da economia psíquica do educador. A Psicanálise pode oferecer condições para o professor lidar com o aluno em sala de aula, na situação de aprendizagem, podendo levar a melhorias do desempenho das próprias funções.
Uma discussão interessante é a respeito da relação de autoridade em sala de aula, dos vínculos criados a partir dessa relação, na qual o educador deve renunciar ao controle aversivo sobre os educandos. Outra questão é até que ponto a relação transferencial entre professor e aluno está interferindo na aprendizagem, ou seja, no trabalho pedagógico como um todo.
O inconsciente exerce uma função no aprendizado do indivíduo, já que é para lá que alguns conteúdos irão, não ficando disponíveis ao consciente do aluno, de modo que ele não consegue expor certas idéias, embora estas tenham um simbolismo muito importante. Além de deixar o professor em um lugar de não saber se o aluno realmente aprendeu determinado conteúdo.
A noção de sujeito de desejo em psicanálise, segundo Maciel (2005), refere-se ao fato deste se relacionar não só com objetos de necessidade, mas também com objetos de desejo que passam pelos significados construídos nas interações que os sujeitos estabelecem entre si. É importante que se tome cuidado para não moldar a criança ao ideal do eu do educador, ou seja, os professores quererem modificar o aluno à sua imagem, tomando para si a função de modelo.
Outra contribuição da psicanálise à educação refere-se ao papel da educação como auxiliar da sublimação sexual, já que, para Freud, a curiosidade intelectual é derivada da curiosidade sexual. Mas, deve-se tomar certo cuidado para que o desvio pulsional não seja excessivo, inibindo o sujeito de desejo.
Um alerta é dado: o professor não tem controle total dos efeitos de suas palavras sobre os alunos, portanto, não saberá o que o aluno fará com aquelas idéias e com o que as associará. Dessa forma, se faz importante que o professor tenha conhecimento do poder de influência que exerce e das formas mais adequadas para lidar com isso.
REFERÊNCIA:
- Ministério da Educação e Cultura. Serviço de estatística educacional. Cuiabá: SEC/MT; Rio de Janeiro: FENAME, 1981. Disponível em http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/thesaurus.asp?te1=122175&te2=105836&te3=122199&te4=36676. 02/04/2009.
- CARRARA, Kester (org.). Introdução a Psicologia da Educação: Seis Abordagens. Editora: AVERCAMP. São Paulo, 2004.
- CUNHA, Marcus Vinícius da. A Psicologia na Educação: dos paradigmas científicos às finalidades educacionais. Revista da faculdade de Educação. V.24 n.2 .São Paulo. Jul/dez. 1998.

- MACIEL, Maria Regina. Sobre a relação entre Educação e Psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação. Interface- comunicação, saúde e educação. v.9 n.17 mar/ago 2005.
- COUTINHO, Maria Tereza da Cunha & MOREIRA, Mércia. Psicologia da Educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos voltado para a educação. 10 ed. Ver. E ampl. – Belo Horizonte: Formato Editorial, 2004.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Behaviorismo e Educação

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
7º PERÍODO – MANHÃ






BEHAVIORISMO E EDUCAÇÃO


ALESSANDRA BELMONTE
DANILE BASTOS
IGOR TEIXEIRA
ISABELLA S. SANTOS
KERLLEN DE OLIVEIRA
LAÍS CURY
SAULO COSTA












BELO HORIZONTE
MARÇO/2009
BEHAVIORISMO E EDUCAÇÃO

Apresentar as contribuições do behaviorismo dentro dos processos educacionais, fazendo um paralelo entre psicologia e educação é o que propõe este trabalho. Para o desenvolvimento deste utilizaremos os preceitos skinnerianos dando enfoque ao instrumento fundamental de modelagem que é o reforço, mostrando como este se aplica dentro da educação, assim como os demais conceitos trabalhados por este teórico.

Na década de 30, Skinner propõe estudos de animais, (ratos e pombos), a fim de descrever as leis que controlam o comportamento de qualquer ser vivo, inclusive o homem. Segundo Carmo (2003) que interessava para Skinner era a observação e o registro de uma resposta, produzindo assim uma mudança no ambiente. Era importante verificar a freqüência com o que aquele comportamento aconteceria de acordo com a mudança ambiental produzida.

Para Silva (2005) “Skinner considera aquilo pode ser observável, portanto se refere a uma psicologia em que as condições do meio (estímulos) se associam e afetam as respostas do organismo”. Podemos pensar, portanto que a aprendizagem é uma associação entre estímulos e respostas.

Baseando-se na abordagem behaviorista o comportamento operante é um comportamento apreendido através de associações dentro de um contexto complexo que se estabelecem em todas as relações sociais. É a psicologia viu no sistema educacional um amplo terreno para o seu crescimento.

O reforço é uma das formas de se instituir um comportamento. Logo após a resposta dá-se o reforço para um aumento da probabilidade da incidência do comportamento em questão. Há dois tipos de reforços: o positivo e negativo.

O reforçamento positivo ocorre quando a presença de um estímulo aumenta a possibilidade de determinada resposta, por exemplo, na sala de aula, quando um aluno dá uma resposta correta a professora o elogia. O reforço negativo é quando há ausência de um estímulo e este fato faz com que aumente a probabilidade do aparecimento da resposta, isso se exemplifica quando um aluno, na ausência de notas boas, ele passa a emitir um comportamento de estudar.
Na educação, o behaviorismo é um fator a ser considerado, uma vez que o comportamento dos alunos é uma resposta ao ambiente e nessa visão todo comportamento pode ser aprendido. Portanto, o professor deve construir um ambiente em que o comportamento correto do estudante seja reforçado.

Segundo Azevedo (2008) Skinner apontou alguns princípios importantes para um ensino de qualidade: 1- clareza sobre que comportamento se deseja ensinar e quais habilidades e conceitos que os alunos devem dominar; 2- a necessidade de ser apresentado reforçadores imediatamente após a emissão de um comportamento que se queira fortalecer; 3- o uso do princípio de subdividir o conhecimento em pequenos passos, o professor dá inicialmente o máximo de ajuda ao aluno e diminui gradualmente; 4- para aprendizagens mais complexas, deve-se ao mesmo tempo descrever cada passo necessário para a execução.

Existe também segundo Skinner o controle aversivo. Para Azevedo (2008) o ato de expor o aluno a constrangimento moral, crítica, retirada de privilégios, pode ser chamado de controle aversivo. Esses acontecimentos podem causar prejuízos no aprendizado, pois o aluno irá trabalhar, no inicio, para fugir da estimulação aversiva, no entanto com o tempo ele poderá descobrir outros meios de esquivar, como por exemplo, chegando atrasado, ou não prestando atenção, tornar-se agressivo e recusar a obedecer e ate mesmo abandonar os estudos quando adquirir o direito legal de fazê-lo. No campo da aprendizagem escolar Skinner tentou demonstrar que, mediante ameaças e castigos se conseguem resultados positivos menores do que com o reforçamento positivo.

Com o intuito de suprir as dificuldades encontradas para na educação, Skinner propôs as chamas maquinas de aprender, que segundo Azevedo (2008) é “Baseadas em estímulos que provocam respostas, seguidas, caso a resposta esteja correta, de uma compensação (passagem ao estágio seguinte, por exemplo) permite a interação aluno/professor mediada pelo equipamento”.

Há varias criticas a respeito do Behaviorismo entre elas a mais importante segundo Batista (2003) é a ineficiência do analista do comportamento em comunicar o que sabe, utilizando-se de palavras técnicas que muitas vezes são desconhecidas pelos professores atuantes. O autor cita também, a respeito do Behaviorismo possuir uma visão mecanicista de homem.
Bibliografia:

AZEVEDO, Quitéria Medeiros; LIMA, Lívia Ferreira; SILVA, Adalberto Tavarez. Teoria da aprendizagem e ensino das ciências. 2008

BATISTA, Marcelo Quintino Galvão; CARMO, João dos Santos. Comunicação dos conhecimentos produzidos em análise do comportamento: uma competência a ser aprendida? Estudo de Psicologia. Natal, Vol. 08, 03. Natal SEP./DEC. 2003

RODRIGUES, Maria Ester. Behaviorismo: mito, discordâncias, conceitos e preconceitos. Revista de Educação Educere at Educare. Vol.01 nº02 jul/dez. 2006

SILVA, José Emanuel. Um berço para o homem e o legado skinneriano na educação: do behaviorismo a um novo paradigma para a sociedade do conhecimento. Instituto Politécnico da Guarda. 2005

WEBER, L.N.D. (2002). Conceitos e pré-conceitos sobre behaviorismo. Psicologia Argumento, 20(31), 29-38.

Transpessoal e Educação

A Psicologia Transpessoal surge de um questionamento dentro do seio humanista que indagava a incompletude das teorias até então vigentes. Sobre o enfoque transpessoal a educação deveria possibilitar a formação do ser de forma integral, ocorrendo a comunicação entre a ciência e a espiritualidade contribuindo assim para o desenvolvimento do ser humano completo, o que caracteriza a educação holística. A educação integral deve possibilitar o autoconhecimento para a descoberta das dimensões transpessoais, deve também propiciar uma integração entre as diferentes áreas de conhecimento através da inter e transdicisplinaridade oportunizando a aproximação efetiva do aluno com questões próximas a suas vivencias e aos conhecimentos propostos. Educar é visto como conduzir o que esta dentro do educando para fora, para que este possa se auto reconhecer e conhecer. Sendo necessário que o educador possibilite ao educando uma maior descoberta da sua própria natureza humana. Ser educado não quer dizer ter bons modos sociais, mas sim ter em si os verdadeiros valores da natureza humana, a verdade, a justiça, amor e solidariedade. Postula que o professor deve ter um melhor auto conhecimento de suas dimensões pessoais e transpessoais, pois assim estimulara o individuo no seu desenvolvimento integral. Assim o educador deverá dar uma maior importância ao autoconhecimento e ao trabalho interno sobre si mesmo, o que possibilita uma melhor condução de sua prática. O verdadeiro educador seria uma pessoa verdadeira e honesta consigo mesma, empenhada em sua auto realização.
A educação transpessoal reconhece que embora o sujeito receba influências do meio não é moldado por ele, sendo que a educação só será possível efetivamente quando o aluno percebe o estímulo como significativo no seu processo evolutivo, ou seja, contextualizável com sua realidade. Admiti que o aprender não significa ser instruído por agentes externos e também que a aprendizagem não pode ser compreendida como internalização de representações, mas sim que as mudanças ocorridas no organismo são provenientes de um contato próximo da própria estrutura do sujeito com o meio. O que quer dizer que o desenvolvimento psicológico dos indivíduos é também um processo de autocondução e autoconstrução, uma vez que a intencionalidade destes contatos é diferente de acordo a percepção de cada um. Sendo assim, cada organismo se torna diferente do outro ao longo do tempo, caracterizado pelo caminho único e individual pelo qual passou durante seu processo desenvolvimentístico. O que demonstra a importância de conhecer a historicidade do individuo, suas crenças, aquilo que durante sua trajetória social incorporou – se na sua personalidade, para daí ativar seu potencial latente e estimular o seu processo evolutivo. Tal atitude contribui para uma melhor aprendizagem do conteúdo passado e à própria evolução do individuo. Pois cada vez que o aluno responde as influências do meio em contato com as suas questões internas, ocorrerão alterações no seu comportamento que influenciaram sua contínua evolução.
REFERÊNCIAS


BERGER, Maria Virgínia Bernardi. Educação Transpessoal: integrando o saber ao ser no processo educativo. 2001. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.

FURLAN, Vera Irma. Uma nova suavidade e profundidade... o despertar transpessoal e a (re) educação. 1998. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.